Por Padre Geovane
Saraiva*.
O primeiro Papa jesuíta da história é
um homem profundamente livre, que desse dom maravilhoso de Deus – a liberdade,
representa uma revolução na Igreja Católica. No seu sábio projeto de bem
governar à Igreja, encarnando-a e entrelaçando-a numa Igreja marcada pela
ternura, humildade e simplicidade, sem, contudo esquecer sua realidade
esplendorosa, transcendente e gloriosa, dentro da visão apocalíptica, quando autor
sagrado nos acena para a Jerusalém celeste, que é a casa de Deus cheia de
glória, no sólido ensinamento do Apóstolo Paulo, a nos dizer que o “Filho de
Deus, que era rico, se fez pobre para vos enriquecer com sua pobreza“ (2Cor 8,
9).
A palavra de Deus nos ensina a
descobrir o sentido da vida, em tudo aquilo de que necessitamos para viver,
colocando dentro de nós, no nosso interior a luz Cristo, no caminho que temos
que percorrer, a exemplo daquele que é o pai espiritual do nosso querido Papa
Francisco, que neste dia 31 de julho a Igreja celebra sua entrada na glória,
Santo Inácio de Loyola (1491-1556), grande mestre da oração, fundador da
Companhia de Jesus, pregador e pastor do povo de Deus, que nos ajuda a recordar
que é importante uma fé confiante e absoluta, ensinando-nos também a
compreender que a graça de Deus nos torna pessoas livres, diante do projeto que
Deus Pai, coloca em nossas mãos como missão, para o bem do próximo, no exemplo
do nosso Augusto Pontífice. E ainda mais, que na sua condição de pai
espiritual, nos mostra que a misericórdia divina caminha ao encontro daqueles
que buscam o conhecimento de Deus, na contemplação, na oração e na meditação.
As pessoas, ávidas de querer saber o
sentido do bem e do mal, alegria e tristeza, bem estar e sofrimento, vida e
morte, muitas vezes se sentem perdidas e vazias, mesmo nos dias atuais, e não
encontram uma explicação plausível, nesta vida, tão marcada pelo inseparável
dualismo. Mas o próprio Deus, que suscitou em sua Igreja a figura de Inácio de
Loyola, para propagar a glória de seu nome, e ao mesmo tempo, ensinar combater
as ciladas do inimigo e ultrapassar os desafios, sofrimentos e dúvidas, nos
ajuda a encontrar respostas para tais interrogações.
Aqui estamos diante de homem de Deus,
que entre poucos, teve uma influência tão vasta e gigantesca no decorrer da
história da Igreja e da sociedade em geral, de maneira luminosa, colocando sua
inteligência e projeto de vida a serviço da humanidade, Santo Inácio de Loyola.
Ele que nasceu na Espanha e viveu de (1491-1556), primeiramente na corte e no
seguimento da carreira militar. Depois, enquanto se restabelecia dos
sofrimentos de uma batalha, dedicou-se à leitura da vida do Filho de Deus, que
o seduziu, a ponto de tomar a decisão de consagrar-se, viver totalmente para
ele, escolhendo como lema e projeto de vida: – Ad maiorem Dei gloriam – “Tudo
para a maior glória de Deus” (1Cr 10, 31).
Foi por ocasião de uma peregrinação à
terra santa, viagem profundamente abençoada, num clima a lhe favorecer a
penitência, que ao voltar à Espanha, sua terra natal, percebeu sua utilidade na
construção do Reino de Deus. Já com trinta anos, entregou-se aos estudos das
línguas, da Filosofia e da Teologia, primeiro em sua própria pátria. E em
seguida, foi ao maior centro cultural de seu tempo, a França, estudar na
Universidade de Paris.
O jovem Inácio de Loyola voltou-se
para Deus, na meditação dos mistérios divinos, também na solidão, privações,
angústias e, consequentemente, no sofrimento, procurou traçar as linhas gerais
de seu livro de oração, os “Exercícios Espirituais”, tornando-o depois, o
código de ascese e de austeridade dos cristãos em todo mundo.
Em Paris reuniu os seis primeiros
companheiros e mais tarde, em 1534, fundou a Companhia de Jesus (padres
jesuítas), para a maior glória de Deus e o serviço da Igreja, em obediência ao
Sucessor de Pedro. Promoveu a catequese e o apostolado missionário e teve entre
seus primeiros seguidores São Francisco Xavier, apóstolo do Oriente e padroeiro
das missões. Aqui o Brasil contou, no início de sua história, com a maestria do
Bem-aventurado José de Anchieta, sem jamais esquecer o grande apóstolo e maior
literato XVII, Padre Antônio Vieira, o qual já se comemorou o seu quarto século
de existência (1608-2008), entre outros. Hoje a Igreja Católica louva,
agradecida ao bom Deus, pelo seu chefe supremo, o Papa Francisco, o filho mais
ilustre de Inácio Loyola, santa criatura, a encantar o mundo inteiro, ao mesmo
tempo em procura dar-lhe resposta para os desafios do mesmo, marcado profundamente
pelo egoísmo e todos os seus frutos.
A companhia de Jesus, fiel ao
Evangelho e acima de tudo, movida pela ação do Espírito Santo, com aquela
força, mística e energia divina, floresceu e sua influência foi grandiosa na
caminhada da Igreja e no processo histórico da civilização humana, dentro do
ideal e do espírito de seu fundador, Santo Inácio de Loyola, marcando a nossa
história, seja pelos seus escritos ou pela sua intensa atividade apostólica,
muito contribuindo na instauração do Reino de Deus, na Reforma da Igreja.
Inácio de Loyola abriu novos
caminhos, levando a boa notícia da Salvação por toda extensão da terra,
procurando ser fiel ao apóstolo dos gentios: “Ao nome de Jesus todo joelho se
dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame bem alto, para
glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor” (Fl 2, 10-11). O Brasil
começou a colher os frutos do seu trabalho, através dos missionários jesuítas,
com ele ainda vivo, na catequese e do apostolado missionário.
A Companhia de Jesus, no seu
compromisso de fidelidade a Jesus Cristo, no anúncio do Evangelho, passou por
perseguições no século XVII, culminando, por razões ideológicas e políticas,
com a decisão de Marquês de Pombal, no ano de 1759, ao decretar a expulsão dos
Jesuítas de todos os territórios portugueses, mas apesar de tudo, superou as
adversidades. Eles foram e continuam sendo um grupo de homens corajosos e
determinados na fé – religiosos e apóstolos, filhos de Santo Inácio, que se
encantaram no serviço do Reino, como Deus Nosso Senhor mesmo disse: “Vim trazer
fogo à terra; só desejo que se acenda” (Lc 12, 49). O grande sonho e desejo de
Inácio de Loyola se concretizou, no maravilhoso e belo trabalho, de levar a boa
nova da salvação as mais longínquas regiões do planeta, a partir do seu lema:
“Tudo para maior glória de Deus”.
Eis um “projeto”, diferenciado dos
nossos projetos. Não raras vezes, nossas decisões e projetos, simplesmente,
estão acompanhados de egoísmo, com a finalidade de enaltecer a nossa própria
autossuficiência e vaidade. Para vivermos bem a vida e motivados, no seguimento
de Jesus de Nazaré, há sim, renúncias e exigências que nascem de Deus e do seu
projeto de amor para conosco e aqui temos como figura exemplar Inácio de
Loyola. Que Deus seja louvado pelo edificante trabalho dos Jesuítas, presença
que marcou profundamente o povo brasileiro e que agora se fortalece nos gestos
de humildade, simplicidade e amor ao próximo, através do Papa Francisco, que
acaba de realizar sua visita missionária ao Brasil, na ocasião da JMJ/2013.
Bendito seja Deus nas suas santas criaturas!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia
Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do
Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de
Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com.
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