O jesuíta que impulsionou o culto ao Sagrado Coração de Jesus
Madroa (ZENIT.org) - Isabel Orellana Vilches nos
propõe hoje mais uma figura jesuíta que se destacou por estender o culto ao
Sagrado Coração de Jesus pela Espanha e pela América: o beato Bernardo Francisco
Hoyos.
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Isabel Orellana Vilches
Quando o jesuíta Juan de Loyola publicou a vida deste beato, em 1735, emergiu com luz própria a intensíssima experiência de amor ao Sagrado Coração de Jesus que tinha marcado a breve existência terrena de Bernardo. Naquela época, porém, ele já era bem conhecido por ter estendido esta devoção pela Espanha e pela América, tal como na França vinham fazendo os santos Margarida Maria de Alacoque e seu diretor espiritual, Cláudio de la Colombière.
Bernardo era natural de Torrelobatón, localidade espanhola situada no coração de Castela, onde nasceu em 20 de agosto de 1711. Teve pais piedosos que lhe transmitiram o patrimônio da fé, o puseram sob a proteção de São Francisco Xavier e o incentivaram em sua vocação religiosa. Desde os 9 anos e até a morte precoce, esteve sempre com os jesuítas. Com eles estudou em várias localidades de Valladolid, integrando-se à Companhia de Jesus aos 14 anos, época em que já experimentava favores celestiais. Um dos traços preponderantes da sua existência foi a profunda e singular vida interior, que recorda a dos grandes místicos, como Teresa de Jesus e João da Cruz. Bernardo era um jovem simples, inocente, devoto da Virgem Maria, diligente na obediência, dócil às ordens recebidas, com os braços sempre abertos para Deus em espírito de auto-oferta, guiado pelo santo temor que o precavia de qualquer falta que pudesse ofendê-lo.
Em sua biografia, encontramos o instante concreto que marcou a sua futura missão em honra do Sagrado Coração de Jesus. Mais do que coincidência, foi providencial o que lhe ocorreu aos 21 anos, quando estudava teologia em Valladolid. Um amigo sacerdote e professor, pouco mais velho que ele, pedira a Bernardo o favor de buscar na biblioteca o texto «De cultu Sacratissimi Cordis Iesu», escrito pelo pe. José de Gallifet, e de copiar alguns fragmentos que desejava para um sermão. A leitura desta obra dedicada à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e da qual Bernardo não tinha noção alguma, despertou nele uma comoção interior inefável. Naquele mesmo instante, ele consagrou a vida perante o sacrário, prometendo dedicar-se por inteiro a estender esse culto.
No dia seguinte, através de uma locução divina, soube que tinha sido escolhido para esta missão: «Envolto em confusão, renovei a oferta do dia anterior, mesmo um pouco perturbado, vendo a desproporção do instrumento e não vendo meios para uma obra tão grande». Na mesma jornada, durante a oração, viveu outro fato singular. O Sagrado Coração lhe apareceu «todo abrasado em amor e condoído pelo pouco que é amado. Repetiu-me o chamado que fizera a este seu indigno servo para transmitir o seu culto, e fez sossegar aquela pequena perturbação que mencionei, dando-me a entender que eu devia deixar sua providência agir, pois ela me guiaria…». Em outra visão, o arcanjo São Miguel lhe assegurou sua assistência para levar adiante esta missão. Aos 19 anos, seu crescimento espiritual fora coroado com a união mística.
Os favores sobrenaturais se sucediam unidos à experiência da purificação. Incluía-se nela a insídia do maligno, com seus mesquinhos intentos de enganá-lo com falsas locuções e aparições. Entretanto, Bernardo promovia uma intensa cruzada em favor do Sagrado Coração de Jesus, em que envolveu religiosos, começando pela própria comunidade, prelados e membros da realeza, conseguindo até que o pontífice oficializasse esta festa para a Espanha.
Numa das locuções, Cristo lhe garantiu que reinaria «na Espanha com mais veneração do que em outras muitas partes do mundo». O arcebispo de Burgos o apoiou nesta missão desde o começo, o que propiciou o florescimento de congregações do Coração de Jesus e a realização de numerosas novenas que aumentavam a veneração das pessoas.
Os jesuítas levaram à América os ecos desta cruzada que Bernardo empreendeu até morrer, em Valladolid, no dia 29 de novembro de 1735, em decorrência do tifo. Tinha 24 anos e fora ordenado sacerdote em janeiro do mesmo ano. Foi beatificado em Valladolid em 18 de abril de 2010.
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Isabel Orellana Vilches
Quando o jesuíta Juan de Loyola publicou a vida deste beato, em 1735, emergiu com luz própria a intensíssima experiência de amor ao Sagrado Coração de Jesus que tinha marcado a breve existência terrena de Bernardo. Naquela época, porém, ele já era bem conhecido por ter estendido esta devoção pela Espanha e pela América, tal como na França vinham fazendo os santos Margarida Maria de Alacoque e seu diretor espiritual, Cláudio de la Colombière.
Bernardo era natural de Torrelobatón, localidade espanhola situada no coração de Castela, onde nasceu em 20 de agosto de 1711. Teve pais piedosos que lhe transmitiram o patrimônio da fé, o puseram sob a proteção de São Francisco Xavier e o incentivaram em sua vocação religiosa. Desde os 9 anos e até a morte precoce, esteve sempre com os jesuítas. Com eles estudou em várias localidades de Valladolid, integrando-se à Companhia de Jesus aos 14 anos, época em que já experimentava favores celestiais. Um dos traços preponderantes da sua existência foi a profunda e singular vida interior, que recorda a dos grandes místicos, como Teresa de Jesus e João da Cruz. Bernardo era um jovem simples, inocente, devoto da Virgem Maria, diligente na obediência, dócil às ordens recebidas, com os braços sempre abertos para Deus em espírito de auto-oferta, guiado pelo santo temor que o precavia de qualquer falta que pudesse ofendê-lo.
Em sua biografia, encontramos o instante concreto que marcou a sua futura missão em honra do Sagrado Coração de Jesus. Mais do que coincidência, foi providencial o que lhe ocorreu aos 21 anos, quando estudava teologia em Valladolid. Um amigo sacerdote e professor, pouco mais velho que ele, pedira a Bernardo o favor de buscar na biblioteca o texto «De cultu Sacratissimi Cordis Iesu», escrito pelo pe. José de Gallifet, e de copiar alguns fragmentos que desejava para um sermão. A leitura desta obra dedicada à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e da qual Bernardo não tinha noção alguma, despertou nele uma comoção interior inefável. Naquele mesmo instante, ele consagrou a vida perante o sacrário, prometendo dedicar-se por inteiro a estender esse culto.
No dia seguinte, através de uma locução divina, soube que tinha sido escolhido para esta missão: «Envolto em confusão, renovei a oferta do dia anterior, mesmo um pouco perturbado, vendo a desproporção do instrumento e não vendo meios para uma obra tão grande». Na mesma jornada, durante a oração, viveu outro fato singular. O Sagrado Coração lhe apareceu «todo abrasado em amor e condoído pelo pouco que é amado. Repetiu-me o chamado que fizera a este seu indigno servo para transmitir o seu culto, e fez sossegar aquela pequena perturbação que mencionei, dando-me a entender que eu devia deixar sua providência agir, pois ela me guiaria…». Em outra visão, o arcanjo São Miguel lhe assegurou sua assistência para levar adiante esta missão. Aos 19 anos, seu crescimento espiritual fora coroado com a união mística.
Os favores sobrenaturais se sucediam unidos à experiência da purificação. Incluía-se nela a insídia do maligno, com seus mesquinhos intentos de enganá-lo com falsas locuções e aparições. Entretanto, Bernardo promovia uma intensa cruzada em favor do Sagrado Coração de Jesus, em que envolveu religiosos, começando pela própria comunidade, prelados e membros da realeza, conseguindo até que o pontífice oficializasse esta festa para a Espanha.
Numa das locuções, Cristo lhe garantiu que reinaria «na Espanha com mais veneração do que em outras muitas partes do mundo». O arcebispo de Burgos o apoiou nesta missão desde o começo, o que propiciou o florescimento de congregações do Coração de Jesus e a realização de numerosas novenas que aumentavam a veneração das pessoas.
Os jesuítas levaram à América os ecos desta cruzada que Bernardo empreendeu até morrer, em Valladolid, no dia 29 de novembro de 1735, em decorrência do tifo. Tinha 24 anos e fora ordenado sacerdote em janeiro do mesmo ano. Foi beatificado em Valladolid em 18 de abril de 2010.
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