sábado, 29 de janeiro de 2011

PASTORAL UNIVERSITÁRIA DEVE FORMAR PROTAGONISTAS

Congresso Europeu em Munique sobre a ação da Igreja na Universidade

Por Roberta Sciamplicotti

Roma (ZENIT.org) - A pastoral universitária é um âmbito decisivo da pastoral da Igreja e deve ajudar a formar os verdadeiros protagonistas da sociedade.
É o que demonstram as primeiras intervenções pronunciadas durante o Congresso europeu sobre a pastoral universitária, organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), em Munique, de ontem a domingo.
Em sua saudação inicial, o moderador padre Duarte da Cunha, secretário geral do CCEE, sublinhou que a pastoral universitária "é um ponto fundamental da pastoral da Igreja": "não só porque oferece a possibilidade de acompanhar os estudantes em uma fase decisiva de sua vida, mas também por essa particular convicção da Igreja segundo a qual a ciência, a arte e a cultura são um campo privilegiado para semear o Evangelho".
"Precisamos conduzir uma reflexão sobre o homem e sobre as diversas dimensões da vida aberta à Verdade e apoiada na Caridade, e a Universidade é um lugar adequado para esta tarefa".
"Trata-se de gerar gente comprometida e não resignada, gente que está unida e que através da amizade reforça sua consciência da vida e o valor de fazer grandes coisas, uma companhia que desperta em cada um o desejo de mudança, contrariando o que os diversos poderes buscam quando querem pessoas sem grandes desejos de mudança, automáticas e mecânicas."
Serão "pessoas que rezam e que compreendem como a fé tem a ver com tudo na vida e portanto também com a ciência e com a política", pessoas que "aprendem a olhar com inteligência e com o coração a realidade segundo a totalidade dos fatores que a constituem".
Serão também "pessoas alegres, cuja paixão pela vida será sinal de sua fé e convite a todos para se abrir à Verdade e à Bondade de Deus", concluiu, desejando que o Congresso represente "um impulso para a formação de verdadeiros protagonistas na vida da sociedade".
Exemplo de Newman
O arcebispo de Westminster (Grã-Bretanha), Dom Vincent Nichols, presidente da Comissão CCEE para Catequese, Escola e Universidade, falou sobre beato John Henry Newman e a Universidade.
Para Newman, eram fundamentais para a instrução universitária o estudo dos clássicos, a filosofia e a teologia, mas sobretudo "o princípio de cultivar uma mente holística, aberta ao mais amplo corpo de conhecimentos e unida à visão integrada da humanidade em sua relação com Deus".
"O princípio na base de sua visão pode-se descrever talvez como ‘a Verdade que unifica'", afirmou. "Ele estava muito preocupado com a fragmentação da instrução universitária, entendendo não a proliferação das disciplinas, mas a ausência de um princípio integrador".
Para Newman, "o verdadeiro objetivo da instrução era partilhar a capacidade de alcançar uma compreensão unida à realidade", o que chamava de "intelecto imperial".
As ideias de Newman, afirmou o arcebispo, foram retomadas tanto por João Paulo II como por Bento XVI, vista a "alta consideração" de ambos pelo novo beato.
Recordando a visita à Inglaterra de Bento XVI, Dom Nichols afirmou que "sem dúvida a união de fé e razão é fundamental para o bem-estar de nossa sociedade, então é justo pensar que seja igualmente fundamental para o bem-estar da Universidade".
"Nossas universidades podem se compreender como a serviço da verdade, inflamadas pela convicção de que a razão, entendida como capacidade de cada ser humano de transcender o empírico, pode nos levar além não só na busca da verdade, mas também em nossa resposta a essa verdade no amor?", perguntou.

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