A vocação sacerdotal é um ato de Graça, “ninguém chama a si mesmo”
Por Mirko Testa
Roma (ZENIT.org).- As tentações a que os sacerdotes estão expostos durante a vida devem-se entender como provas de fé para amadurecer a vocação.
É o que afirma o salesiano Enrico dal Covolo, de 59 anos, que do dia 21 a 27 de fevereiro pregou os wxercícios espirituais de Quaresma na presença do Papa e seus colaboradores da Cúria Romana. As meditações, sobre o tema do sacerdócio, encontram-se agora em volume In ascolto dell’Altro (Editora Vaticana).
“Claramente - explica a ZENIT monsenhor Enrico dal Covolo - este é um ponto fundamental diante da crise de uma cultura cada vez mais incapaz de escutar o outro, mas também aos outros que nos rodeiam, e frente à tentação de autorreferência que está sempre à espreita”.
Em relação aos escândalos por abusos sexuais por parte do clero que têm afetado a Igreja ultimamente, o sacerdote considera que “se impõe imediatamente um reflexão ampla sobre a vocação baseada realmente nos textos bíblicos que constituem seu paradigma”, opina.
E explica: “O ponto de partida de tudo é precisamente a Graça de Deus, porque a vocação sacerdotal, como qualquer outra vocação, é em primeiro lugar um ato de Graça, de eleição por parte de Deus”.
“Ninguém chama a si mesmo na perspectiva da fé – continua –, mas que só Deus chama; e é Ele que de maneira livre e gratuita aprecia aquele a quem chamou”.
Nesse sentido, a vocação dos apóstolos representa “a prova mais bonita e a melhor documentação: é de fato o Senhor mesmo que os chamou, os preparou para a missão que enviava, ainda que sem tirar-lhes a liberdade”.
“Tanto é assim que um dos doze é precisamente o traidor, assim como são inúmeras as provas de debilidade humana também dos outros doze”, continua.
“Portanto, não quer dizer que os sacerdotes, assim como os apóstolos, sejam imunes às tentações – indica. Eles, de fato, estão sujeitos às tristes consequências do pecado original”.
“Não existe a figura do sacerdote angelical, ou seja, que não sofre as tentações, as recaídas: tudo isso está presente de forma dramática na história do sacerdote”.
“Nem sequer Jesus esteve isento da prova, tampouco Maria esteve isenta”, recordou o salesiano.
“A tentação é uma pedagogia de Deus, é uma prova de fé que faz amadurecer o caminho vocacional”, destaca.
“O que salva, como se vê na vida de Pedro, é o recurso à fé e ao amor por aquele que chama – afirma. O que é decisivo para Pedro é a resposta definitiva: “Senhor, sabes que te amo”.
“E assim é a missão apostólica; é como dizer: ‘apascenta minhas ovelhas’”.
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