No próximo domingo, amanhã, dia 7, os católicos festejam a Santíssima Trindade. É como a síntese de tudo que foi comemorado durante o ano litúrgico: Deus Pai enviou o Filho, que nos salvou e depois desceu o Espírito Santo, que guia a igreja e nos conduz à vida eterna. Mas o homem comum pergunta: “Onde está Deus? O que sabemos Dele?” Vou responder com um exemplo tirado da vida de Santo Agostinho. Viveu nos primeiros séculos do cristianismo (1600 anos atrás) e foi um dos maiores pensadores da humanidade. Era o tempo das grandes discussões sobre as pessoas da Santíssima Trindade e ele queria a toda custa explicar como Deus é um só em três pessoas. Uma manhã cedo foi passear ao longo da praia deserta do mar, refletindo e pensando. A um certo momento viu de longe uma criança na praia, sozinha. Quando chegou perto, viu que tinha escavado na areia uma fossinha e, com uma concha na mão ia e voltava do mar, despejando a água na fossinha. “Menino, que faz aqui, sozinho, nesta hora?” Perguntou o Santo. A criança respondeu: “Quero colocar toda a água do mar na minha fossinha!”- “Mas é impossível! Não vê quanto é grande o mar, e pequena a tua fossinha?”observou o Santo. A criança ergueu o dedinho e disse: “E você, pretende colocar o mistério de Deus, que é infinito, dentro da sua cabecinha? É mais fácil que eu coloque a água do mar nesta fossinha, do que você explicar o mistério de Deus!”E desapareceu. O Santo entendeu que era um anjo enviado por Deus. E ficou lá pensando... Imagino que olhou longamente a água da fossinha...Observou que era limpa. Olhou a água do mar e pensou: “A água do mar hoje está limpa!” Inclinou-se e colocou a mão na água. Sentiu que era fria. Olhou o mar e pensou: ”A água do mar esta manhã está fria!” Colocou o dedo molhado na boca e sentiu sabor de sal. Olhou o mar e concluiu: “A água do mar está salgada!”Voltou para casa pensando: “Deus é infinito e não cabe na nossa cabeça. Mas olhando as suas obras, podemos entender muitas coisas a respeito Dele. Vendo o tamanho do mundo, podemos entender que Deus, que o fez, deve ser ainda maior. Vendo a ordem maravilhosa, a complexidade da natureza, a variedade das plantas e dos animais, entendemos que deve ter uma inteligência e sabedoria infinita. Vendo o amor das mães e dos pais, entendemos que deve ser muito bom. Examinando as criaturas, podemos entender muitas qualidades do Criador”.Santo Agostinho foi mestre nesta arte de contemplar as obras de Deus, para entender sua sabedoria, bondade, poder, força, justiça.Este exercício era familiar aos nossos avós. Quando não existia luz elétrica, máquinas poluindo a atmosférica, indústrias ocupando as pessoas, a grande maioria da humanidade vivia nos campos, cultivando a terra, em contato contínuo com a natureza durante o dia e contemplando à noite um maravilhoso céu estrelado. O homem se sentia como em contato contínuo com as obras de Deus. Admirava, refletia e agradecia.Hoje, na cidade, estamos em contato com as obras do homem: estradas, prédios, máquinas, luz elétrica, rádio, TV e jornais... São todas obras do homem, e nem vemos mais as estrelas! Deus desapareceu dos nossos olhos, por assim dizer. E desapareceu também da nossa mente!A escola, que estuda física, química, botânica, poderia chamar a atenção dos alunos às maravilhas do equilíbrio ecológico, da variedade imensa das plantas e dos animais, dos mistérios da Mãe Vida, do tamanho do universo, para ensinar a contemplar e admirar o Autor de tudo. Mas a escola é laica. Considera isso alienante! O importante, para ela, é a fórmula matemática das leis naturais! Para mim é um capar a inteligência dos alunos, matando a poesia do saber...Voltemos a contemplar a natureza e admirararemos a obra do Criador!
Pe. Pio Milpacher
Congregação de Jesus Sacerdote
Osasco - SP
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