sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

RETRATAÇÃO: BISPO PEDE PERDÃO À IGREJA E ÀS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO

Richard Williamson admitiu que causou dor especialmente à Igreja Católica e aos sobreviventes e parentes das vítimas da injustiça sob o Terceiro Reich. Ele se retratou de declarações em que minimizou o Holocausto e negou existência de câmaras de gás


O bispo britânico Richard Williamson pediu perdão ontem às vítimas do Holocausto e à Igreja Católica pelas declarações em que havia negado a dimensão do massacre de judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As informações foram divulgadas pela agência católica de notícias Zenit. “Para todas as almas que ficaram verdadeiramente escandalizadas com o que eu disse, diante de Deus, peço perdão”, disse o bispo, em declaração depois de chegar a Londres, proveniente da Argentina, onde sofria risco de expulsão. “Observando essas conseqüências, posso verdadeiramente dizer que lamento ter feito essas observações, e que se soubesse de antemão todo dano e dor que elas causariam, especialmente para a Igreja e para os sobreviventes e parentes das vítimas da injustiça sob o Terceiro Reich, eu não as teria feito”. A polêmica teve início depois que a excomunhão dele e de outros três bispos ultraconservadores foi suspensa em janeiro pelo papa Bento XVI. Eles haviam sido expulsos da Igreja por terem sido sagrados sem autorização do Vaticano, nos anos 1980, pelo arcebispo ultraconservador Marcel Léfèbvre. O arcebispo liderava religiosos que se opunham às mudanças na Igreja introduzidas pelo Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), como o fim do uso do latim nas missas. O movimento do papa em favor da unidade da igreja acabou nublado pela divulgação posterior de entrevista de Williamson à TV sueca SVT na qual questionou o Holocausto. “Acredito que não existiram câmaras de gás e entre 200 mil e 300 mil judeus sofreram nos campos de concentração”, disse, contestando as seis milhões de mortes. Indignação Vários grupos judaicos reagiram com indignação às declarações. O Grã-Rabinato de Israel cortou todos os laços com o Vaticano no fim de janeiro. Em carta à Santa Sé, o diretor geral do Rabinato, Oded Weiner, suspendeu encontro entre judeus e cristãos programado para este mês. A Igreja tentou diminuir os atritos. Ainda em janeiro, o cardeal Walter Kasper, responsável pelas relações da igreja com os judeus, chamou as declarações de estúpidas em editorial do jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, e disse que o anti-semitismo “não é objeto de discussão”. O próprio papa condenou qualquer tentativa de negar o Holocausto, e Williamson escreveu, em 30 de janeiro, carta em que pediu desculpas pelas “observações imprudentes”, mas não pelo conteúdo de suas declarações. No dia 3 deste mês, a chanceler alemã, Angela Merkel, que é protestante, exigiu que o papa deixasse “bem claro” que rejeitava a negação do Holocausto. (da Folhapress) E-Mais CONTRATEMPOS Em 2007, o papa enfureceu muitos judeus ao suspender restrições a missas em latim com o rito tridentino, que contém oração pela conversão dos judeus. A Associação dos Rabinos Italianos decidiu boicotar celebrações do dia anual de diálogo interreligioso entre judeus e cristãos, instituído por João Paulo II como forma de combater o antissemitismo. Outra fonte de atrito é o processo de beatificação do papa Pio XII, que liderou a igreja na 2ª Guerra e é acusado de ter fechado os olhos à perseguição nazista aos judeus.
Sem votos
Dê sua nota clicando nas estrelas
Compartilhar essa notícia o que é isso?

Fonte: O POVO



Nenhum comentário: