"É estando com Maria junto à Cruz de Jesus que a nossa oração, ponte invisível que une os corações, dá-nos a força para continuar a esperar e a trabalhar, mesmo quando ao nosso redor ressoa o barulho das armas e as próprias exigências da vida quotidiana se tornam um desafio", disse Leão XIV no encontro com os bispos e sacerdotes, a Vida Consagrada e os agentes pastorais no Santuário de Nossa Senhora do Líbano, "sinal de unidade para todo o povo libanês".
Andressa Collet - Vatican News
Na
manhã desta segunda-feira (01/12), do Monte Líbano onde rezou diante do túmulo
de São Charbel Maklūf no Mosteiro de São Maroun, o Papa Leão XIV se dirigiu por
cerca de 42 Km até o Santuário de Nossa Senhora do Líbano em Harissa. O local,
um dos centros marianos mais importantes do Oriente Médio e símbolo de fé para
os cristãos do país e do mundo, especialmente os maronitas, apresenta a estátua
de Maria, acolhedora, de mais de 8 metros de altura, que estende os braços para
o povo, intercessora de Deus sob o monte a 650 metros acima do nível do mar,
sobre a baía de Jounieh. A proteção materna sobre a nação foi enaltecida
durante o encontro do Papa com os bispos e sacerdotes, a Vida Consagrada e os
agentes pastorais, cerca de 4 mil pessoas reunidas na basílica maronita do
santuário.
Mesmo com o barulho das armas, estar com
Maria
Após
encontrar e saudar os representantes locais eclesiásticos, Leão XIV ouviu tanto
a mensagem de boas-vindas do Patriarca da Cilícia dos Armênios, Rafael
Bedros XXI Minassian, como o testemunho de um sacerdote, de uma agente
pastoral, da diretora de uma escola católica e de um capelão carcerário. No
discurso, pronunciado em francês, o Pontífice agradeceu pelas palavras que
confirmaram o quanto receberam pela Igreja no Líbano "unida de múltiplas
fisionomias", entre "acolhimento e resposta", exemplo de que se
continua a construir "comunhão na caridade": "obrigado a cada um
de vocês!", enalteceu Leão XIV.
Uma
tenacidade, continuou o Papa, com origens na própria Mãe de Deus, Rainha do
Líbano, e no Santuário de Harissa, "sinal de unidade para todo o povo
libanês. É estando com Maria junto à Cruz de Jesus que a nossa oração, ponte
invisível que une os corações, dá-nos a força para continuar a esperar e a
trabalhar, mesmo quando ao nosso redor ressoa o barulho das armas e as próprias
exigências da vida quotidiana se tornam um desafio".
Leão
XIV então recordou que um dos elementos que constituem o símbolo da viagem
apostólica é a âncora, tão evocada por Papa Francisco, "como sinal da fé,
que permite ir sempre mais além, até o céu, mesmo nos momentos mais
sombrios". Se queremos construir a paz, reforçou o Pontífice, devemos nos
ancorar firmes ao céu, amar sem medo e se doar sem medida, com a ajuda de Deus,
para promover "obras de solidariedade concretas e duradouras".
Os testemunhos e a solidariedade
O Padre
Youhanna, recordando o primeiro testemunho, falou sobre a realidade vivida
na pequena aldeia onde exerce o seu ministério, com necessidades extremas e sob
a ameaça dos bombardeamentos. Ali, cristãos e muçulmanos, libaneses e
refugiados vindos do outro lado da fronteira, "convivem pacificamente e
ajudam-se mutuamente", disse o Papa, reforçando o dom da caridade e da
entrega recíproca que nos aproxima de Deus: "só assim não se fica esmagado
pela injustiça e opressão, mesmo quando, como ouvimos, se é traído por pessoas
e organizações que especulam sem escrúpulos sobre o desespero daqueles que não
têm alternativas. Só assim é possível voltar a ter esperança no amanhã, ainda
que na dureza de um presente difícil de enfrentar".
Já Loren,
migrante e agente pastoral, abordou sobre o trabalho realizado junto aos
próprios migrantes, aqueles que, "não por escolha, mas por
necessidade, tiveram de deixar tudo para trás em busca de uma possibilidade de
futuro longe de casa", disse o Papa, muitas vezes fugindo do "horror
que a guerra provoca na vida de tantas pessoas inocentes". "Diante de
dramas semelhantes não podemos permanecer indiferentes", enfatizou Leão
XIV, recordando o apelo constante do Papa Francisco, de uma dor dos migrantes
que "nos diz respeito e nos interpela": quem bate à porta das
nossas comunidades, exortou o Papa, nunca deve se sentir rejeitado, "mas
acolhido com as palavras que a própria Loren citou: 'bem-vindo a casa!'”.
Sobre
o acolhimento a refugiados também falou a Irmã Dima, que, "diante
da explosão da violência, escolheu não abandonar o campo, mas manter a escola
aberta". Através de um centro educativo, a diretora contou que eles
prestam assistência e ajuda material, aprendem e ensinam "a partilhar 'pão,
medo e esperança', a amar no meio do ódio, a servir mesmo no cansaço e a
acreditar, para além de todas as expectativas, num futuro diferente". Leão
XIV, assim, encorajou a Igreja no Líbano a continuar essa "obra louvável,
indo ao encontro sobretudo daqueles que mais necessitam e não têm meios, e de
quem se encontra em situações extremas, com escolhas marcadas pela caridade
mais generosa, para que a formação da mente seja sempre acompanhada pela
educação do coração".
Sobre
isso, Padre
Charbel, falando da sua experiência de apostolado nas prisões, "disse
que precisamente ali, onde o mundo vê apenas muros e crimes, nos olhos dos
detidos, por vezes perdidos, por vezes iluminados por uma nova esperança, nós
vemos a ternura do Pai que nunca se cansa de perdoar. E é exatamente assim:
vemos o rosto de Jesus refletido naqueles que sofrem e naqueles que cuidam das
feridas que a vida causou", finalizou o Pontífice recordando dos quatro
testemunhos de solidariedade, de guerra, de migração e pastoral carcerária.
A Rosa de Ouro entregue pelo Papa ao santuário
Em
discurso, o Papa antecipou sobre o gesto simbólico feito ao final do encontro,
ao entregar a Rosa de Ouro ao Santuário de Nossa Senhora do Líbano. O gesto é
antigo, explicou Leão XIV, que procura exortar os cristãos a serem
"perfume de Cristo" nas suas vidas. Uma imagem que fez o Pontífice
recordar do "perfume que brota das mesas libanesas, típicas pela variedade
de alimentos que oferecem e pela forte dimensão comunitária de os partilhar. É
um perfume feito de mil aromas, que impressionam pela sua diversidade e, por
vezes, pelo seu conjunto. Assim é o perfume de Cristo. Não é um produto caro e
reservado a poucos que podem comprá-lo, mas o aroma que emana de uma mesa
generosa, onde se encontram muitos pratos diferentes e da qual todos juntos
podem servir-se".
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter
atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e
se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
:
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-12/papa-leao-xiv-viagem-apostolica-santuario-harissa-libano-25.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário