O que Igreja diz
Diz o Martirológio Romano neste dia: “Em
Tânger, na Mauritânia, no atual Marrocos, a paixão de São Marcelo, centurião,
que na festa do imperador, enquanto todos faziam sacrifícios aos deuses, jogou
o cinto militar, as armas e a própria vida diante da insígnia, professando ser
cristão e não poder mais obedecer adequadamente ao juramento militar, mas
apenas a Jesus Cristo, sofrendo assim o martírio por decapitação.”
Transmissão de sua Páscoa
A paixão de Marcello chegou até nós em duas
resenhas, transmitidas por textos dispersos nas bibliotecas de Roma, Bruxelas,
Londres, Madrid, Leão, Bordéus etc. Foi publicado pela primeira vez por
Ruinart, depois por Allard e recentemente por Delehaye (1923), por García
Villada (1929), por J. González (1943), por B. De Gaiffier (1943) e R.
Rodriguez (1948).
Registros históricos e estudos
A resenha original é reconhecida como
autêntica e consiste em dois relatórios de interrogatórios em dois tribunais
diferentes com intervalo de três meses, em dois locais diferentes. Depois,
por volta do século XI, são acrescentadas algumas interpolações que fazem
de Marcello, o marido de são Nonia, ser o pai de doze filhos: Cláudio,
Lupercio, Victorico, Facondo, Primitivo, Emeterio, Celidonio, Servando,
Germano, Fausto, Gennaro e Marziale. A origem e evolução desta
lenda, profundamente enraizada na tradição cristã do povo leonino, foi
cuidadosamente estudada por De Gaiffier.
Segundo a passio, portanto, a festa dos “augostos
imperadores” foi celebrada em 21 de julho de 298 e, nessa data, Marcelo, um
centurião comum, depôs as armas na presença das tropas reunidas e proclamou a
sua renúncia ao serviço militar. para servir na milícia de Cristo. No dia
28 de julho, foi interrogado pelo diretor Fortunato, que diante da gravidade do
crime decidiu devolvê-lo ao seu superior hierárquico, Aurelio Agricolano de
Tânger. No dia 30 de outubro, Marcelo foi novamente interrogado, desta vez
em Tânger, e condenado à morte.
Do estudo cuidadoso de De Gaifiier fica claro que
Marcelo é um autêntico mártir africano e que só nas sucessivas interpolações da
paixão, feitas pelos escritores espanhóis, foi transformado em cidadão de Leão,
sobre o falso fundamento de que pertencia a legio Traiarti, suposto fundador
daquela cidade. Após esta identificação, feita no sec. XVI, acreditava-se
também que Leão poderia indicar a casa do mártir perto da Porta Cauriense, hoje
transformada em capela dedicada ao Cristo da Vitória. Seguindo esta mesma
tradição, uma igreja dedicada a Marcelo foi construída em Leão com o advento da
paz Constantiniana.
O código 11 do Arquivo da catedral de Leão relata
que Ramiro I (842-850) “restaurou a igreja de Sâo Marcello no subúrbio
Legionense perto da Porta Cauriense, fora dos muros da cidade…”. Perto
desta igreja, surgiu um mosteiro onde viveu o famoso teólogo legionense, são
Martin, e no sec. XII um hospital com o mesmo nome.
Surgimento da devoção
A devoção que fez de Marcelo o principal patrono da
cidade de Leão, no entanto, nasceu e desenvolveu-se a partir dos seus restos
mortais que foram preservados em Tânger, de modo que, imediatamente após a
libertação desta cidade pelo Rei de Portugal, Leão solicitou os restos mortais
de seu mártir. As cidades de Jerez e Sevilha também disputaram a sua
posse. Em 29 de março de 1493, porém, os restos mortais de Marcelo trazidos
pelo próprio rei Fernando, o Católico, entraram em Leão e foram colocados na
igreja a ele dedicada. Segundo documentos contemporâneos conservados no
arquivo municipal, os restos mortais foram recebidos “como nunca houve melhor”.
Relíquias de Marcello
As relíquias estão hoje guardadas em uma arca de
prata no altar-mor; encontram-se também um pergaminho que narra a entrada
na cidade e os milagres que a acompanharam, documentos relativos à doação de
uma relíquia de M. à igreja de São Gil em Sevilha e algumas cartas do rei
Henrique IV de Castela e de Isabel, a Católica, ao Papa Sisto IV sobre a
transferência do corpo do mártir para Leão.
As relíquias foram transportadas em procissão
juntamente com as de São Froilano, por ocasião de grandes calamidades
públicas. Todos os anos, no dia 9 de outubro, data da festa, o capítulo da
catedral e a câmara municipal da cidade vão em procissão ao templo de Marcelo
para assistir à missa solene: os cónegos e os vereadores revezam-se para
simbolizar o comum e igual direito de patrocínio que durante muitos séculos
tiveram sobre a igreja de São Marcello e para a qual o prefeito guardou uma das
chaves da arca que contém as relíquias do santo.
Minha oração
“Deus
eterno e todo poderoso, que destes a São Marcelo, a graça da fidelidade até a
morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar, por Vosso amor, as
adversidades, e correr ao encontro de Vós que sois a nossa vida. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do Espírito Santo. São Marcelo
orai por nós e pela Santa Igreja! Amém!”
São
Marcelo, rogai por nós!
Fonte:
Canção Nova Notícias
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