Na Solenidade da Santíssima Trindade, o Papa presidiu a missa na Basílica de São Pedo para o Jubileu do Esporte, que, segundo ele, é "um meio precioso de formação oue cristã", pois ensina a colaboração e valoriza a concretude do estar juntos. Ele recordou "a vida simples e luminosa" de Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será canonizado em 7 de setembro, e Paulo VI sobre a contribuição do esporte para trazer paz e esperança a uma sociedade devastada pela guerra.
Mariangela Jaguraba -
Vatican News
O Papa Leão XIV
presidiu a missa da Solenidade da Santíssima Trindade e do Jubileu do Esporte
na manhã deste domingo (15/06), na Basílica de São Pedro, que contou com a
participação de seis mil e quinhentas pessoas.
"Para Santo
Agostinho, a Trindade e a sabedoria estão intimamente ligadas. A sabedoria
divina se revela na Santíssima Trindade, e a sabedoria sempre nos conduz à
verdade", disse o Pontífice no início de sua homilia.
De acordo com o Papa,
"o binômio Trindade-esporte não é usado com muita frequência, mas a
associação não é descabida".
Na verdade, toda boa
atividade humana traz em si um reflexo da beleza de Deus, e certamente o
esporte está entre elas. Afinal, Deus não é estático, nem está fechado em si
mesmo. É comunhão, relação viva entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se
abre à humanidade e ao mundo. A teologia denomina essa realidade de
pericoresis, ou seja, “dança”: uma dança de amor recíproco.
"A vida brota
deste dinamismo divino", disse ainda o Papa. "Fomos criados por um
Deus que se compraz e se alegra em dar a existência às suas criaturas e que
“brinca”, como nos recordou a primeira leitura. Alguns Padres da Igreja chegam
mesmo a falar, com ousadia, de um Deus ludens, de um Deus que se diverte. Eis a
razão pela qual o esporte pode nos ajudar a encontrar o Deus Trino: porque
exige um movimento do eu para o outro, que é certamente exterior, mas também e
sobretudo interior. Sem isso, ele se reduz a uma estéril competição de
egoísmos", sublinhou.
Leão XIV citou as
palavras de São João Paulo II, que foi, como sabemos, um esportista: "O
esporte é alegria de viver, de brincar, de festejar, e como tal deve ser
valorizado".
Segundo o Papa, o
esporte leva o atleta a dar-se, “jogar-se”.
Trata-se de dar-se
aos outros – para o próprio crescimento, para os torcedores, para os entes
queridos, para os treinadores, para os colaboradores, para o público, até mesmo
para os adversários – e, em sendo verdadeiramente um esportista, isso vale além
do resultado.
A seguir, Leão XIV
destacou três aspectos que tornam o esporte, hoje, "um meio precioso de
formação humana e cristã".
"Em primeiro
lugar, numa sociedade marcada pela solidão, em que o individualismo exagerado
deslocou o centro de gravidade do “nós” para o “eu”, fazendo com que o outro
fosse ignorado, o esporte – especialmente quando é praticado em conjunto –
ensina o valor da colaboração, do caminhar juntos, daquela partilha que, como
já dissemos, está no coração da vida de Deus", disse o Papa, reiterando
que desse modo, o esporte "pode tornar-se um instrumento importante de
recomposição e de encontro: entre os povos, nas comunidades, nos ambientes
escolares e profissionais, nas famílias".
"Em segundo
lugar, numa sociedade cada vez mais digital, em que as tecnologias, embora
aproximando pessoas distantes, muitas vezes afastam aqueles que estão próximos,
o esporte valoriza a concretude do estar juntos, o sentido do corpo, do espaço,
do esforço, do tempo real", sublinhou. "Assim, contra a tentação de
fugir para mundos virtuais, o esporte ajuda a manter um contato saudável com a
natureza e com a vida concreta, único lugar onde é possível exercer o
amor", enfatizou o Pontífice.
"Em terceiro
lugar, numa sociedade competitiva, onde parece que apenas os fortes e os
vencedores merecem viver, o esporte também ensina a perder, colocando o homem
frente a frente, na arte da derrota, com uma das verdades mais profundas da sua
condição: a fragilidade, o limite, a imperfeição", sublinhou Leão XIV.
"Isto é importante, porque é a partir da experiência dessa fragilidade que
nos abrimos à esperança. O atleta que nunca erra, que nunca perde, não existe.
Os campeões não são máquinas infalíveis, mas homens e mulheres que, mesmo
derrotados, encontram a coragem para se reerguer", reiterou.
A seguir, o Papa
recordou que "o esporte teve um papel significativo na vida de muitos
santos do nosso tempo, tanto como prática pessoal quanto como meio de
evangelização".
Pensemos no Beato
Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será proclamado santo no
próximo dia 7 de setembro. A sua vida, simples e luminosa, recorda-nos que
assim como ninguém nasce campeão, ninguém nasce santo. É o treinamento diário
do amor que nos aproxima da vitória definitiva e nos torna capazes de trabalhar
pela construção de um mundo novo.
O Pontífice lembrou
São Paulo VI, "que vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, recordava
aos membros de uma associação esportiva católica o quanto o esporte tinha
contribuído para trazer de volta a paz e a esperança a uma sociedade devastada
pelas consequências da guerra".
Queridos esportistas,
a Igreja confia a vocês uma missão maravilhosa: ser reflexo do amor de Deus
Trino em suas atividades, pelo bem de vocês e pelo bem dos irmãos. Deixem-se
envolver com entusiasmo por esta missão: como atletas, como formadores, como
sociedade, como grupos, como famílias.
Leão XIV referiu-se à
Mãe de Jesus, tão discreta, mas tão cheia de solicitude, de dinamismo, que
“corre” para Deus e para os outros, como o Papa Francisco gostava de recordar.
O Papa concluiu,
convidando a pedir a Maria que "acompanhe as nossas iniciativas e os
nossos esforços, orientando-os sempre para o melhor, até à vitória definitiva:
a da eternidade, o 'campo infinito' onde o jogo não terá fim e a alegria será
plena".
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter
atualizado, assine a nossa newsletter clicando
aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário