Hoje as igrejas estão
silenciosas. Na liturgia não há canto, não há música e não se celebra a
Eucaristia, porque todo espaço é dedicado à Paixão e à morte de Jesus.
Silvonei José - Vatican News
Depois
disso Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a
Escritura, disse: “Tenho sede”. Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram
num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele
tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o
espírito” (Jo 18, 28-30).
Hoje as
igrejas estão silenciosas. Na liturgia não há canto, não há música e não se
celebra a Eucaristia, porque todo espaço é dedicado à Paixão e à morte de
Jesus. Ajoelhamo-nos, para simbolizar a humilhação do homem terreno e a
coparticipação ao sofrimento do Senhor. Porém, não é um dia de luto, mas um dia
de contemplação do amor de Deus que chega para sacrificar o próprio Filho,
verdadeiro Cordeiro pascal, para a salvação da humanidade.
A adoração
da Cruz
A Cruz está
presente na vida de todos os cristãos desde a purificação do pecado no Batismo,
absolvição do Sacramento da Reconciliação, até o último momento da vida terrena
com a Unção dos enfermos. Na Sexta-feira Santa somos convidados a adorar a Cruz
para o dom da salvação que conseguimos através da sua vinda. Depois da ascese
quaresmal o cristão está preparado para não fugir do sofrimento. Durante a
liturgia os fiéis tocam a Cruz, a beijam e assim entram ainda mais em contato
com a dor de Cristo que é a dor de todos, porque Ele carregou na Cruz os
pecados de toda a humanidade para salvá-la.
A
Sexta-feira Santa
A
Sexta-feira Santa nasceu como dia da morte de Jesus (dia 14 do mês de Nissan,
que caía numa sexta-feira). Trata-se de um dia de luto, acompanhado de
"jejum", depois estendido a todas as sextas-feiras do ano. A liturgia
é composta de três momentos: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão.
Neste dia, por meio desta liturgia, os fiéis são convidados a fixar seu olhar
em Jesus Crucificado, que morreu na cruz para cumprir a sua missão salvífica,
que o Pai lhe havia confiado: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados
do mundo". O profeta Isaías diz: “Ele tomou sobre si os nossos pecados, as
nossas dores e sofrimentos, e nós o julgamos castigado por Deus” (Is
52,13-53,12). Com a sua vida, Jesus pagou um alto preço pela nossa
desobediência, mas o fez com amor e por amor: “Sendo rico, Jesus se fez pobre
por vós, a fim de vos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8,9). No
contexto desta Sexta-feira Santa, cada um de nós pode ficar diante da cruz e
dialogar com o Senhor Jesus sobre os próprios problemas, dramas, sofrimentos.
Todas as questões sobre a vida são iluminadas pela Cruz, a ponto de chegarmos a
dizer, realmente, que "o coração tem suas razões, que a razão não pode
compreender". O Senhor Jesus deve ser acompanhado com amor, até o fim,
como Ele o fez.
A Via-Sacra
foi introduzida na Europa pelo dominicano beato Alvaro De Zamora da Cordoba em
1402 e mais tarde pelos Frades Menores.
“O caminho
da Cruz”
A Via-Sacra
consiste em percorrer espiritualmente o caminho de Jesus ao Monte Calvário
enquanto carregava a Cruz, assim como a oportunidade de interiorizar em seu
sofrimento.
Em relação
ao seu significado, “Via Crucis”, ou Via-Sacra, significa em latim “O
caminho da Cruz”. Este caminho é formado por 14 estações que representam
determinadas cenas da Paixão, cada uma corresponde a um acontecimento especial
ou a maneira especial de devoção relacionada a tais representações.
Antigamente,
o número de estações variava consideravelmente em diferentes lugares, mas agora
o Magistério prescreve quatorze:
1. Cristo é
condenado à morte
2. Jesus carrega a cruz aos ombros
3. Jesus cai pela primeira vez
4. Jesus encontra a sua Santíssima Mãe
5. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus
7. Jesus cai pela segunda vez
8. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
9. Jesus cai pela terceira vez
10. Jesus é despojado de suas vestes
11. Jesus é pregado na cruz
12. Jesus morre na cruz
13. Jesus é descido da cruz
14. Jesus é colocado no sepulcro
No
princípio, a oração da Via-Sacra era diferente. No século IV, a religiosa
Egedia escreveu acerca das peregrinações que os cristãos realizavam a Jerusalém
para percorrer os lugares da paixão e morte de Jesus com os Evangelhos na mão.
Esta peregrinação terminava no Monte Calvário.
Papa na Via-Sacra
Durante a
Jornada Mundial da Juventude em Lisboa em 2023 o Papa Francisco presidiu no
parque Eduardo VII, a "Colina do Encontro", a Via-Sacra, onde
partilhou com os jovens os momentos da Paixão de Cristo.
"Hoje,
vocês vão caminhar com Jesus hoje. Jesus é o Caminho e nós vamos caminhar com
Ele, porque Ele caminhou”, disse Francisco.
O caminho
de Jesus, explicou o Papa, é Deus saindo de si mesmo para caminhar entre nós. É
o que ouvimos tantas vezes na missa: "O Verbo se fez carne e habitou entre
nós". E Ele o faz isso por amor. A Cruz que acompanha cada Jornada
Mundial da Juventude, acrescentou o Pontífice, é o ícone, é a figura dessa
jornada. A Cruz é o significado maior do amor maior, aquele amor com o qual
Jesus quer abraçar nossa vida. E ninguém tem mais amor do que aquele que dá a
vida por seus amigos, que dá a vida pelos outros. "É por isso que, quando
olhamos para o Crucificado, que é tão doloroso, tão difícil, vemos a beleza do
amor que dá a vida por cada um de nós."
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Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-03/sexta-feira-santa-misterio-da-cruz.html
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