Igreja
que nasce no martírio
A história
da Igreja é repleta de relatos de mártires, dentre eles, há uns mais conhecidos
do que outros. Alguns nomes, como São Sebastião e Santa Luzia, são comuns entre
os católicos. Outros mais recentes, como São Maximiliano Maria Kolbe, também
são mais populares. Mas este texto pretende apresentar a você dois santos
mártires, desconhecidos por muitos brasileiros, que, ao lado de outros, se
tornaram verdadeiras bases da Igreja no Oriente: santos mártires Marcos Chong
Ui-bae, catequista; e Aleixo U Se-yong, seu catequizando.
Fé
na Coreia
Por causa
da fé cristã, os dois foram ultrajados e flagelados pelos próprios parentes na
Coreia em 1866. A oferta de vida deu origem à fé cristã na Coreia, que
começa dois séculos antes, com a iniciativa de alguns leigos. O desenvolvimento
das primeiras comunidades foi solidificado apenas no século XIX, com a chegada
dos primeiros missionários vindos da França.
Mergulhando
na vida dos mártires chineses
Poucos anos antes, nascia Marcos Chong Ui-bae.
Filho de uma família pagã da nobreza local, Marcos se tornou professor, se
casou e ficou viúvo. Foi aí que se sentiu tocado pelo testemunho de dois
sacerdotes católicos martirizados: a alegria dos padres, mesmo diante da
tortura, fez com que o jovem coreano se interessasse pelo catolicismo, a ponto
de pedir o Batismo pouco tempo depois.
Santos Marcos Chong e Aleixo
Se-yong: a vivência cristã
Vivência
cristã
Catequista, aderiu a uma vida de pobreza e
austeridade, ao lado da esposa, também cristã, se dedicou à caridade, prestando
serviços aos doentes e aos órfãos, chegando a adotar uma criança. Mas seu
testemunho não foi o suficiente para conter a onda de perseguições que surgia
contra os cristãos. Marcos chegou a ajudar muitos católicos a deixar a Coreia,
mas decidiu permanecer no próprio país.
O
encontro
Conheceu um jovem, enviado pelo então bispo
São Simeão Berneux, para ser catequizado: Aleixo U Se-Yong. Também oriundo de
uma família rica, Aleixo rapidamente aceitou a pregação do Evangelho realizada
por Marcos e se tornou cristão, abandonando a família que não aceitava aquela
conversão, a ponto de ameaças e agressões físicas. Anos depois, fruto de sua
intercessão, 20 membros de sua família aceitariam se tornarem cristãos.
A Perseguição e Negação
Perseguição
A perseguição contra os cristãos continuava:
de um lado, o confucionismo, religião oficial do Estado, e, de outro, as
tradições de veneração de ancestrais. Marcos Chong Ui-bae é preso. Seus algozes
tentam em vão que ele denuncie outros católicos; Marcos oferece nomes de
cristãos que já haviam morrido, em sinal do seu amor aos irmãos e sua
fidelidade a Cristo. A Igreja relata que foi Aleixo quem se empenhou na
tradução do Catecismo e de outros textos católicos para o idioma coreano.
Negou
e arrependeu-se profundamente
Ao saber da prisão daquele que o havia
catequizado, resolve negar a fé cristã e participa de um linchamento de um
catequista. À semelhança de São Pedro, é irremediavelmente tomado por um
arrependimento profundo de seus atos, resolve visitar um bispo na prisão,
recebe o perdão dos pecados, mas acaba cativo, onde permaneceu firme na fé.
O Martírio e os Cristãos na Coreia
Decapitados
em fidelidade a Deus
Em 11 de março de 1866, Marcos, aos 70 anos, e
Aleixo, aos 19, caminharam juntos em direção ao martírio, quando foram
decapitados, pelos próprios parentes. Os dois foram beatificados 102 anos
depois, pelo Papa Paulo VI, e canonizados em 6 de maio de 1984, pelo Papa João
Paulo II, ao lado de outros 93 mártires coreanos e 10 padres franceses. As
estimativas é que cerca de 10 mil católicos coreanos foram martirizados no
primeiro século de vida da Igreja naquele país. Em 2014, o Papa Francisco
beatificou outros 124 coreanos, vítimas do martírio.
Os
cristãos hoje na Coreia
Não há como não vincular o avanço da
evangelização na Coreia do Sul à fé provada ao limite do martírio de homens,
como São Marcos Chong Ui-bae, catequista, e São Aleixo U Se-yong. Hoje, a
Coreia do Sul vê um considerável aumento no número de católicos. Segundo o
relatório do Catholic Pastoral Institute of Korea, em 2018, os católicos sul-coreanos eram
5.866.510, enquanto que, em 1999, eram 3.946.844. Uma alta de 48,9%. Neste
período de tempo, a porcentagem de católicos do país passou de 8,3% a 11,1%.
Reflexão e Oração
Lição
para a vida pessoal
O que se aprende com esses dois santos? Em
primeiro lugar, assim como na história de todos os mártires, a inegável
fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho. Ainda que São Aleixo tenha apostatado,
ciente do erro que havia cometido, volta confiante na misericórdia divina à
comunhão da Igreja e da fé. Com eles também aprende-se que a pertença é
inegociável, mesmo que, quando quem exige uma negação são os mais próximos.
Mais que isso, ensinam a não desistir daqueles que perseguem, colocando em
prática o ensino de Jesus de orar sem cessar por aqueles.
Minha
oração
“Senhor Jesus, que o testemunho de São Marcos
Chong Ui-bae, catequista, e São Aleixo U Se-yong, de terras e épocas tão
diferentes das nossas, anime o nosso coração à busca contínua do amor e
fidelidade a Jesus, sabendo que, com a nossa adesão radical ao Evangelho,
outros também serão alcançados — na nossa família, na nossa cidade, no nosso
país —, ainda que isto seja pago com o preço da nossa própria vida. Amém!”
Santos Marcos Chong e Aleixo Se-yong, rogai
por nós!
Fonte: Canção Nova Notícias
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