Durante o encontro com os
participantes da plenária do Dicastério para a Doutrina da Fé o Santo Padre,
dentre outras questões, enfatizou dois pontos sobre a Declaração Fiducia
supplicans “mostrar concretamente a proximidade do Senhor e da Igreja” e que “não
se abençoa a união, mas simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram”.
Padre Pedro
André, SDB – Vatican News
"A missão do Dicastério
para a Doutrina da Fé é ajudar o Romano Pontífice e os Bispos no anúncio do
Evangelho em todo o mundo, promovendo e tutelando a integridade da doutrina
católica sobre a fé e a moral, como a recebe do depósito da fé e resulta de um
entendimento cada vez mais profundo do mesmo face às novas questões” foi o que
disse o Papa Francisco, citando a Constituição Apostólica Praedicate
Evangelium, na manhã desta sexta-feira, 26 de janeiro, para os participantes da
plenária do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Seção Doutrinal e Seção Disciplinar
Para que o
Dicastério pudesse cumprir com a sua missão o Santo Padre recordou as mudanças
feitas com o motu próprio Fidem Servare de 2022, com o qual “foram criadas duas
Seções distintas dentro do Dicastério: a Seção Doutrinal e a Seção
Disciplinar”. O Papa enfatizou “a importância da presença de profissionais
competentes na Seção Disciplinar, para garantir a atenção e o rigor na
aplicação da legislação canônica vigente, particularmente no tratamento de
casos de abuso de menores por parte de clérigos, e para promover iniciativas de
formação canônica para Ordinários e profissionais do direito” e que também
insistiu “na urgência de dar mais espaço e atenção ao âmbito próprio da Seção
Doutrinal, onde não faltam teólogos formados e pessoal qualificado, também para
o trabalho no Ofício Matrimonial e nos Arquivos.” Papa Francisco afirmou que o
Dicastério “se vê comprometido com a compreensão da fé em face das mudanças que
caracterizam nosso tempo.”
Sacramentos, dignidade e fé
O Papa
compartilhou com algumas reflexões com os participantes da plenária em torno de
três palavras: sacramentos dignidade e fé:
Sacramentos: “nestes dias,
vocês refletiram sobre o tema da validade dos Sacramentos. A vida da Igreja é
nutrida e cresce graças a eles. Por essa razão, é necessário um cuidado
especial dos ministros ao administrá-los e ao revelar aos fiéis os tesouros de
graça que eles comunicam. Por meio dos sacramentos, os fiéis se tornam capazes
de profecia e testemunho. E o nosso tempo tem uma necessidade particularmente
urgente de profetas de vida nova e de testemunhas da caridade: amemos e façamos
amar, portanto, a beleza e o poder salvífico dos Sacramentos!”
Dignidade: “como cristãos,
não devemos nos cansar de insistir no ‘primado da pessoa humana e a defesa da
sua dignidade, independentemente das circunstâncias’. Sei que vocês estāo
trabalhando em um documento sobre esse assunto. Espero que ele possa nos
ajudar, como Igreja, a estar sempre próximos ‘de todos aqueles que, sem
proclamações, na vida concreta de cada dia, lutam e pagam pessoalmente para
defender os direitos daqueles que não contam’ e garantir que, ‘perante as
várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de
reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a
palavras’.”
Fé: “(...) não
podemos esconder o fato de que, em vastas áreas do planeta, a fé - como disse
Bento XVI - "não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até
negada." É hora, portanto, de refletir novamente e com maior paixão sobre
alguns temas: a proclamação e a comunicação da fé no mundo de hoje,
especialmente para as gerações mais jovens; a conversão missionária das
estruturas eclesiais e dos agentes pastorais; as novas culturas urbanas, com
sua carga de desafios, mas também de questões de significado sem precedentes;
finalmente e acima de tudo, a centralidade do querigma na vida e na missão da
Igreja.”
A fé em Cristo Jesus
Francisco
disse que “o que para nós é essencial, mais belo, mais atraente e, ao mesmo
tempo mais necessário, é a fé em Cristo Jesus. Todos juntos, se Deus quiser,
nós a renovaremos solenemente durante o próximo Jubileu e cada um de nós é
chamado a proclamá-la a todos os homens e mulheres da Terra. Essa é a tarefa
fundamental da Igreja, à qual dei voz precisamente na Evangelii gaudium.”
Uma
ajuda no caminho de fé
Dando
continuidade ao seu discurso o Papa fez uma menção a recente Declaração Fiducia
supplicans: “a intenção das "bênçãos pastorais e espontâneas" é
mostrar concretamente a proximidade do Senhor e da Igreja a todos aqueles que,
encontrando-se em diferentes situações, pedem ajuda para continuar - às vezes
para começar - um caminho de fé. Gostaria de enfatizar brevemente duas coisas:
a primeira é que essas bênçãos, fora de qualquer contexto e forma litúrgica,
não exigem perfeição moral para serem recebidas; a segunda é que, quando um
casal se aproxima espontaneamente para pedi-la, não se abençoa a união, mas
simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram. Não a união, mas as pessoas,
naturalmente levando em conta o contexto, as sensibilidades, dos lugares onde
vocês vivem e as maneiras mais adequadas de fazê-lo.”
Ao
concluir o discurso Francisco agradeceu a todos e os incentivou “incentivo a
seguir em frente com a ajuda do Senhor.”
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