A vigília de oração ecumênica foi realizada em preparação para a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos. O encontro contou com a presença do Papa Francisco, que, ao proferir seu discurso, enfatizou: "a verdade não necessita de gritos violentos para tocar o coração das pessoas”.
Thulio
Fonseca – Vatican News
A Praça São
Pedro acolheu fiéis de diversas denominações, juntamente com os líderes de
muitas igrejas cristãs, que se reuniram para confiar a próxima Assembleia Geral
do Sínodo ao Espírito Santo.
O momento
que antecedeu a vigília, intitulado #Together2023, foi permeado por cânticos,
testemunhos, escuta da Palavra de Deus, oração e silêncio, e contou com a
presença do Papa. Entre os protagonistas dos momentos de oração estavam os
jovens, representantes do sínodo, refugiados e pessoas com necessidades
especiais.
A vigília
de oração começou logo em seguida e foi presidida por Francisco. Ao final do
momento de intercessão pelo Sínodo dos Bispos, que terá início daqui a quatro
dias, o Pontífice falou aos milhares de fiéis presentes no Vaticano.
O Papa
iniciou sua homilia destacando a importância e o significado de "estar
juntos":
“Estamos aqui, como irmãos e
irmãs, vindos de todas as nações, tribos, povos e línguas, de diferentes
comunidades e países, filhas e filhos do mesmo Pai, animados pelo Espírito
recebido no Batismo, chamados à mesma esperança.”
Em sua
reflexão, Francisco falou sobre a importância do silêncio e destacou três
valores que uma vida silenciosa pode trazer para os cristãos de hoje.
O silêncio e a voz de Deus
"O
silêncio", afirmou o Papa, "está no início e no fim da existência
terrena de Cristo. O Verbo, a Palavra do Pai, tornou-se 'silêncio' na
manjedoura e na cruz, na noite da Natividade e na noite de sua Paixão". De
fato, Deus parece preferir o silêncio a "gritos, fofocas e barulho".
Quando aparece ao profeta Elias, Deus não se manifesta no vento, no terremoto
ou no fogo, mas em uma "pequena voz calma".
A verdade,
disse o Santo Padre, "não precisa de gritos altos para alcançar o coração
das pessoas". Por essa razão, nós também, como pessoas que acreditam em
Deus, "precisamos libertar-nos de muitos ruídos para ouvir a sua voz.
Porque só no nosso silêncio ressoa a sua Palavra".
O silêncio e a vida da Igreja
O
Pontífice, então, voltou sua atenção para os Atos dos Apóstolos e destacou que,
após o discurso de Pedro no Concílio de Jerusalém, "toda a assembleia
ficou em silêncio".
Isso nos
lembra, disse o Papa, que "o silêncio, na comunidade eclesial, torna
possível a comunicação fraterna". É somente quando nos calamos para ouvir
os outros que o Espírito Santo é capaz de "reunir pontos de vista".
Além disso, o silêncio "permite o verdadeiro discernimento, por meio da
escuta atenta dos suspiros do Espírito, profundos demais para as palavras, que
ecoam, muitas vezes escondidos, no interior do Povo de Deus".
Francisco
encorajou os fiéis reunidos na Praça São Pedro a pedir ao Espírito Santo que
"conceda o dom da escuta" aos participantes do Sínodo. "Escutar
Deus, até ouvir com Ele o clamor do povo; escutar as pessoas, até despertar
nelas a vontade à qual Deus nos chama", recordou o Pontífice.
Silêncio e a unidade dos cristãos
Um aspecto
final do silêncio, disse o Papa, é que ele é "essencial para a jornada da
unidade cristã". Porque o silêncio, sublinhou Francisco, "é
fundamental para a oração, e o ecumenismo começa com a oração, sendo estéril
sem ela".
“Quanto mais nos dirigimos
juntos ao Senhor em oração, mais sentimos que é Ele quem nos purifica e nos une
para além das nossas diferenças. A unidade dos cristãos cresce no silêncio
diante da cruz, tal como as sementes que receberemos e que representam os
diversos dons concedidos pelo Espírito Santo às diversas tradições: a tarefa de
semeá-los é nossa, na certeza de que só Deus dá crescimento.”
Francisco
finalizou seu discurso, pedindo que, por meio da oração comum, possamos
"aprender novamente a ficar em silêncio: ouvir a voz do Pai, o chamado de
Jesus e o sussurro do Espírito".
"Peçamos", concluiu o
Papa, "que o Sínodo seja um kairós de fraternidade, um lugar onde o
Espírito Santo purifique a Igreja de fofocas, ideologias e polarizações",
e "que saibamos, como os magos do Oriente, adorar em unidade e em silêncio
o mistério de Deus feito homem, certos de que quanto mais próximos estivermos
de Cristo, mais unidos estaremos entre nós".
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-09/papa-vigilia-ecumenica-30-setembro-2023.html
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