Você acredita verdadeiramente naquilo que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Prega verdadeiramente aquilo que vive? Estas são três perguntas, feitas por São Paulo VI, que o Papa repropôs aos fiéis ao dar prosseguimento ao ciclo de catequeses sobre a evangelização.
Bianca
Fraccalvieri – Vatican News
Uma obra-prima, a “magna carta”
da evangelização no mundo contemporâneo: assim o Papa definiu a a Exortação
apostólica Evangelii nuntiandi, de São Paulo VI, tema de sua catequese na
Audiência Geral deste 22 de março.
Na Praça São Pedro, diante de milhares de fiéis, Francisco deu
continuidade ao ciclo sobre o zelo apostólico, recordando que evangelizar não é
uma mera transmissão doutrinal ou moral, mas o testemunho de um encontro
pessoal com Jesus Cristo.
"Não
se pode evangelizar sem testemunho", recordou o Pontífice. A coerência é
fundamental. A credibilidade não vem ao se proclamar uma doutrina ou uma
ideologia.
“Uma pessoa é crível se há
harmonia entre aquilo que crê e aquilo que vive: como crer e como viver. Muitos
cristãos só dizem crer, mas vivem de outra coisa, como se não fossem. E isto é
hipocrisia. O contrário do testemunho é a hipocrisia.”
O Papa
então repropôs três perguntas contidas no documento de Paulo VI: você acredita
verdadeiramente naquilo que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Prega verdadeiramente
aquilo que vive?
Para o
Papa, não podemos contentar-nos com respostas fáceis, predefinidas. Somos
chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente
na ação do Espírito Santo que age em cada um de nós.
Uma peça de museu
A
evangelização, prosseguiu, pressupõe um caminho de santidade. Aliás, a
santidade é fulcral: sem a santidade, a evangelização corre o risco de ser vã e
infecunda. "Palavras, palavras, palavras", acrescentou o
Francisco.
Da
santidade, nasce o zelo pela evangelização, que, por sua vez, faz crescer cada
um dos fiéis em santidade na medida em que, antes de levar o Evangelho aos
outros, ele próprio se reconhece como seu destinatário.
Em outras
palavras, devemos estar conscientes de que os destinatários da evangelização
não são somente os outros, aqueles que professam outras crenças ou que não as
professam, mas também nós mesmos, Povo de Deus.
“E devemos nos converter
todos os dias, acolher a Palavra de Deus e mudar de vida: todos os dias. E
assim se faz a evangelização do coração. (...) Para dar este testemunho, também
a Igreja enquanto tal deve começar com a evangelização de si mesma. Se a Igreja
não evangeliza a si mesma permanece uma peça de museu.”
Sem o Espírito Santo, a Igreja faz só propaganda
Uma Igreja
que se evangeliza para evangelizar é uma Igreja que, guiada pelo Espírito
Santo, é chamada a percorrer um caminho exigente, de contínua conversão e
renovação. Isto implica também a capacidade de mudar os modos de compreender e
viver a sua presença evangelizadora na história, evitando refugiar-se nos
âmbitos protegidos da lógica do “sempre se fez assim”, uma mentalidade que o
Papa definiu como "refúgios que adoecem a Igreja". "A Igreja
deve ir adiante, deve crescer continuamente, assim permanecerá
jovem."
Francisco
então concluiu:
"A
Igreja deve ser uma Igreja que dialoga com o mundo contemporâneo, que encontra
todos os dias o Senhor e dialoga com o Senhor, e deixa entrar o Espírito Santo
que é o protagonista da evangelização. Sem o Espírito Santo, nós podemos
somente fazer propaganda da Igreja, não evangelizar. É o Espírito em nós que
nos impulsiona para a evangelização e esta é a verdadeira liberdade dos filhos
de Deus."
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-03/papa-francisco-audiencia-geral-22-marco.html
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