Religiosa
[1869 – 1947]
Um capítulo de trevas
No Sudão, em 1878, aquela menininha de 9 anos é surpreendida por dois homens
que lhe tapam o caminho e apontam-lhe uma arma. Em seguida, levam-na consigo,
como se rouba uma galinha de um galinheiro. Naquele dia, como se fosse num
pesadelo, a menina africana se esquece de tudo, até mesmo o próprio nome, assim
como o de seus pais, com quem morava.
Escravidão
Os então mercantes mulçumanos decidem rebatizá-la. “Bakhita”, eles a chamam,
“afortunada”. Uma ironia para aquela menina que agora se torna mercadoria
humana e passa de mão em mão nos mercados de escravos. Um dia, enquanto servia
um general turco, lhe é gravada com faca uma “tatuagem” no corpo, 114 cortes e
as feridas cobertas de sal para permanecerem evidentes.
A luz
Bakhita sobrevive a tudo até que um raio de luz atinge o inferno. Um oficial
italiano, Callisto Legnami, a compra dos traficantes. Nesse dia
Bakhita-Afortunada veste, pela primeira vez, um vestido, entra numa casa, a
porta é fechada e 10 anos de brutalidades indescritíveis ficam para trás. O
oásis dura dois anos, quando o italiano, que a trata com carinho, é forçado a
repatriar sob a pressão da revolução mahdista. Bakhita se recordará daquele
momento: “ousei pedir-lhe que me levasse à Itália com ele”. Callisto
aceita e, em 1884, Bakhita desembarca na península, onde, para a pequena
ex-escrava, um destino inimaginável a espera. Ali, ela se tornou amiga e
também babá de Alice, a filha mais nova do casal, que estava nascendo.
Providência de Deus
Como, conforme Romanos 8,28, “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”, em
1888 o casal que a hospeda viaja. Durante 9 meses Bakhita e Alice são confiadas
às Irmãs Canossianas de Veneza. Ela conhece Jesus, aprende o catecismo e, em 9
de janeiro de 1890, Bakhita recebe o Batismo com o nome de Giuseppina
Margherita Fortunata. Na mesma ocasião também recebe o sacramento do Crisma e a
Primeira Comunhão.
Santa Bakhita é padroeira dos escravos e intercessora pelos sequestrados
Opção pela vida religiosa
Com 24 anos, em 1893, entra no noviciado das Canossianas. Três anos depois
profere os votos. Durante 45 anos, foi cozinheira, sacristã e, acima de tudo,
uma porteira do convento de Schio, onde agia com bondade. Carinhosamente,
ela chamava a Deus como seu patrão, “o meu Patrão”, ela
dizia. Foi conhecida por muitos pela alegria e pela paz que comunicava.
Irmã chocolate
Conta-se que, por Bakhita viver no país europeu e em meio à realidade de
pessoas com cor de pele clara, as crianças da época a chamavam carinhosamente
de “irmã de chocolate”. Isso também por que ela distribuia doçura em
sorrisos e atitudes.
Beijo
as mãos aos negreiros
Páscoa
Para todo o convento de Schio é um dia de luto quando Giuseppina Bakhita morre
aos 8 de fevereiro de 1947 por pneumonia. Foi realmente ‘afortunada’ a sua vida
e o dirá ela mesma: “Se encontrasse aqueles negreiros que me
sequestraram e mesmo aqueles que me torturaram, eu me colocaria de joelhos para
beijar as suas mãos, porque se tudo isso não tivesse acontecido, eu não seria
agora cristã e religiosa”.
Devoção
São João Paulo II à canonizou em 1 de outubro de 2000. Bakhita tornou-se então
uma santa da Família Canossiana (Congregação fundada S. Madalena de Canossa).
Os filhos e filhas da Caridade (Canossianos) nasceram na Itália. Depois de ir
em missão para vários países, os Canossianos também se instalaram o Brasil, em
1948. Hoje são mais de 2 mil Irmãs em vários países, inclusive no Sudão. E no
Brasil são 45 irmãs.
Minha oração
“Santa Bakhita, seu nome assim foi escrito nas palmas das mãos de
Deus no seu Batismo, por isso, eu peço a sua ajuda em cada situação em que eu
fui sequestrado(a) de mim mesmo(a). Tapam-me os olhos da esperança e, por
vezes, não vejo horizontes. Ajuda-me, com sua intercessão junto à Jesus, para
que eu receba novas vestes da alma e que eu seja livre. Amém.”
Santa Bakhita, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova Notícias
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