Na Audiência Geral, Francisco indica os elementos essenciais do modo de comunicar a "boa nova", que não oprime, mas cura. Seguindo o exemplo do Mestre, os cristãos devem testemunhar com alegria.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Na catequese da Audiência Geral, desta quarta-feira
(25/01), o Papa Francisco refletiu sobre Jesus como mestre do anúncio.
O episódio bíblico que orientou a reflexão do
Pontífice foi a passagem em que Jesus vai à sinagoga de Nazaré, seu povoado, e
ali lê um trecho do profeta Isaías. Ele "surpreende todos com um “sermão”
muito breve, de uma única frase. Diz: «Hoje se cumpriu essa passagem da
Escritura, que vocês acabam de ouvir.»"
A seguir, o Papa identificou cinco elementos
essenciais do anúncio de Jesus.
O primeiro elemento do anúncio é a alegria.
Jesus proclama: «O Espírito do Senhor está sobre mim; [...] enviou-me para
anunciar a boa nova aos pobres». "Boa nova: não se pode
falar de Jesus sem alegria, porque a fé é uma maravilhosa história de amor a
ser partilhada. Testemunhar Jesus, fazer algo pelos outros em seu nome. Quando
falta alegria, o Evangelho não passa, pois ele é bom anúncio, anúncio de
alegria. O cristão triste pode falar de coisas maravilhosas, mas será tudo em
vão se o anúncio que transmite não for jubiloso", sublinhou o Papa.
O segundo elemento é a libertação.
Jesus diz que foi enviado «para anunciar a libertação aos pobres».
Isto significa que quem anuncia Deus não pode fazer
proselitismo, não pode pressionar os outros, mas deve aliviá-los: não impor
fardos, mas livrar deles; levar paz, não sentimentos de culpa. Sem dúvida,
seguir Jesus exige ascese, sacrifícios; de resto, se cada coisa boa o requer,
quanto mais a realidade decisiva da vida! Quem dá testemunho de Cristo mostra a
beleza da meta, mais do que o cansaço do caminho. Todo anúncio digno do
Redentor deve comunicar libertação.
O terceiro elemento é a luz. Jesus diz
que veio para restituir «a vista aos cegos». "Aqui não se trata apenas da
vista física, mas de uma luz que faz ver a vida de uma maneira nova. Há um
“vir à luz”, um renascimento que só se verifica com Jesus", frisou o Papa,
recordando que "a vida cristã teve início para nós: com o Batismo, que
antigamente se chamava “iluminação”. E que luz nos dá Jesus? A luz da
filiação: com Ele, somos filhos de Deus, amados para sempre, não
obstante os nossos erros e defeitos". Segundo Francisco, "a vida já
não é um avançar cego rumo ao nada, não é questão de destino ou sorte, não é
algo que depende do acaso ou das estrelas, nem sequer da saúde e das finanças,
mas do amor do Pai, que cuida de nós, seus filhos amados. Como é maravilhoso
partilhar esta luz com os outros"!
O quarto elemento do anúncio é a cura.
Jesus diz que veio «para libertar os oprimidos».
Oprimido é aquele que, na vida, se sente esmagados
por algo: doenças, fadigas, fardos no coração, sentimentos de culpa, erros,
vícios, pecados. Oprimidos por isso. Pensemos, por exemplo, no senso de culpa.
Quantos de nós passaram por isso? O que nos oprime é aquele mal que nenhum
medicamento ou remédio humano pode curar: o pecado. E se alguém tem senso de
culpa é por algo que fez e se sente mal. Mas a boa notícia é que com Jesus este
mal antigo, que parece invencível, já não tem a última palavra. Eu peco porque
sou fraco. Todos nós pecamos, mas esta não é a última palavra. A última palavra
é a mão de Jesus estendida que nos reergue do pecado. Do
pecado, Jesus cura-nos sempre e gratuitamente. Ele convida quantos estão
«cansados e oprimidos» a ir até Ele.
Segundo o Papa, "acompanhar alguém ao encontro
de Jesus significa levá-lo ao médico do coração, que alivia a vida. Quem
carrega fardos precisa de um carinho no passado. Muitas vezes ouvimos dizer:
preciso curar o meu passado, preciso de um carinho no meu passado que me pesa
muito. Tem necessidade de perdão. E quem acredita em Jesus tem para oferecer ao
próximo a força do perdão, que liberta a alma de todas as dívidas. Irmãos e
irmãs, não se esqueçam de que Deus perdoa tudo porque esquece os nossos
pecados. É necessário que nos aproximemos Dele e Ele nos perdoa".
O
último elemento é o feliz anúncio dirigido «aos pobres».
Muitas vezes nos esquecemos dos pobres que "são os destinatários
explicitamente mencionados por Jesus, porque são os prediletos de Deus.
Lembremo-nos deles, e recordemos que, para receber o Senhor, cada um de nós
deve fazer-se “pobre dentro”: ou seja, superar toda pretensão de
autossuficiência para compreender que é necessitado de graça, sempre
necessitado d'Ele". "Se alguém me perguntar: Padre, qual é o caminho
mais curto para encontrar Jesus? Faça-se necessitado. Faça-se necessitado de
graça, necessitado de perdão, necessitado de alegria. E Ele se aproximará até
você", concluiu o Papa.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-01/papa-francisco-catequese-audiencia-geral-jesus-mestre-anuncio.html
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