No Angelus deste domingo, Francisco refletiu sobre o testemunho de João Batista a propósito de Jesus, depois de tê-lo batizado no rio Jordão. Segundo o Papa, a declaração de João Batista revela o seu "espírito de serviço. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias e o fizera sem se poupar. João, tendo cumprido a sua missão, sabe se afastar, retira-se de cena para dar lugar a Jesus".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus,
deste domingo (15/01), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Neste encontro dominical, o Pontífice refletiu
sobre o testemunho de João Batista a propósito de Jesus, depois de tê-lo
batizado no rio Jordão. De fato, João Batista diz: "É este de quem eu
disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de
mim." "Este é o testemunho", frisou Papa.
Dar lugar a Jesus
Esta declaração, este testemunho, revela o espírito
de serviço de João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias
e o fizera sem se poupar. Humanamente, alguém poderia pensar que ele receberia
um "prêmio", um lugar de destaque na vida pública de Jesus, mas não.
João, tendo cumprido a sua missão, sabe se afastar, retira-se de cena para dar
lugar a Jesus.
João viu o Espírito descer sobre Jesus, "o
indicou como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e agora, por sua
vez, ele o escuta humildemente. De profeta se torna discípulo. Ele pregou ao
povo, reuniu discípulos e os formou por muito tempo. No entanto, não prende
ninguém a si". "Isto é difícil, mas é o sinal do verdadeiro educador:
não prender as pessoas a si", ressaltou o Papa, destacando que João
"coloca os seus discípulos nas pegadas de Jesus. Não está interessado em
ter seguidores para si, em obter prestígio e sucesso, mas dá testemunho e
depois dá um passo atrás, para que muitos tenham a alegria de encontrar Jesus.
Podemos dizer: ele abre a porta e vai embora".
Libertação dos apegos
Com o seu espírito de serviço, e este é um
verdadeiro espírito de serviço, este com a sua capacidade de abrir espaço a
Jesus, João Batista nos ensina uma coisa importante: a libertação dos apegos.
Nos ensina a nos libertar dos apegos. Sim, porque é fácil se apegar a papéis e
cargos, à necessidade de ser estimado, reconhecido e premiado. Isso, embora
natural, não é uma coisa boa, porque o serviço envolve a gratuidade, o
verdadeiro serviço envolve a gratuitidade, o cuidar dos outros sem vantagens
para si, sem segundas intenções, sem esperar na troca em troca. Nos fará bem cultivar,
como João, a virtude de nos afastarmos no momento oportuno, testemunhando que o
ponto de referência da vida é Jesus. Afastar-se, aprender a dizer adeus. Cumpri
esta missão, fiz esta reunião, me coloco de lado e abro espaço para o Senhor.
Aprender a se colocar de lado, não pegar algo para ter um retorno para nós.
A seguir, Francisco convidou a pensar "em como
isso é importante para um sacerdote, que é chamado a pregar e celebrar não por
protagonismo ou interesse, mas para acompanhar os outros a Jesus. Pensemos em
como é importante para os pais, que crescem os filhos com tantos sacrifícios,
mas depois têm que deixá-los livres para seguir seu caminho no trabalho, no
matrimônio, na vida. É bonito e justo que os pais continuem garantindo a sua
presença, dizendo aos filhos: “Não os deixaremos sozinhos”, mas com discrição,
sem intromissão. A liberdade de crescer".
Crescer no espírito de serviço
O mesmo vale para outros âmbitos, como a amizade, a
vida conjugal, a vida comunitária. Libertar-se dos apegos do próprio ego e
saber se afastar custa, mas é muito importante: é o passo decisivo para crescer
no espírito de serviço. Crescer no espírito de serviço fazendo as coisas e se
colocando de lado, sem buscar recompensa.
O Papa nos convidou a fazer as seguintes perguntas:
"Somos capazes de abrir espaço para os outros? De escutá-los, de deixá-los
livres, de não prendê-los a nós exigindo reconhecimento? Até de deixá-los
falar, às vezes: "Mas você não sabe de nada...". Deixá-los falar,
abrir espaço para os outros. Atraímos os outros a Jesus ou a nós mesmos? E
ainda, seguindo o exemplo de João: sabemos nos alegrar pelo fato de as pessoas
seguirem seu caminho e o seu chamado, mesmo que isso implique um pouco de
distanciamento de nós? Regozijamo-nos com suas realizações, com sinceridade e
sem inveja? Alegramo-nos quando os outros vão adiante, com sinceridade, sem
inveja? Isso é deixar os outros crescer".
"Que
Maria, a serva do Senhor, nos ajude a nos libertar dos apegos, e a abrir espaço
ao Senhor e aos outros", concluiu Francisco.
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