"Com comoção, recordamos a sua pessoa tão nobre, tão amável. E no coração sentimos tanta gratidão: gratidão a Deus por tê-lo dado à Igreja e ao mundo; gratidão a ele, por todo o bem que fez e, sobretudo, por seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos de sua vida retirada. Só Deus conhece o valor e a força da sua intercessão, dos seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja", disse Francisco nas Vésperas na Basílica de São Pedro.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Gratidão: este foi o sentimento expresso pelo Papa
Francisco ao recordar Bento XVI, que morreu esta manhã aos 95 anos.
Celebrando as Vésperas na Basílica Vaticana, o
Pontífice começou a homilia meditando sobre a frase extraída da segunda
leitura, da Carta de São Paulo aos Gálatas: “Nascido de uma mulher”.
“Ele não nasceu em uma mulher, mas de uma mulher. É
essencialmente diferente: significa que Deus quis ser da mesma carne dela”,
explicou o Papa. Assim, ela começou o lento caminho da gestação de uma
humanidade livre do pecado e repleta de graça e de verdade, repleta de amor e
de fidelidade.
Este caminho prossegue até hoje, com o qual Deus
nos convida a segui-lo através de inúmeras virtudes humanas. Entre elas,
Francisco quis destacar uma: a amabilidade ou gentileza. E eis que aflorou a
lembrança do Papa emérito:
“E
por falar em amabilidade, neste momento, o pensamento se volta espontaneamente
para o querido Papa emérito Bento XVI, que nos deixou esta manhã. Com comoção
recordamos a sua pessoa tão nobre, tão amável. E no coração sentimos tanta
gratidão: gratidão a Deus por tê-lo dado à Igreja e ao mundo; gratidão a ele,
por todo o bem que fez e, sobretudo, por seu testemunho de fé e oração,
especialmente nestes últimos anos de sua vida retirada. Só Deus conhece o valor
e a força da sua intercessão, dos seus sacrifícios oferecidos pelo bem da
Igreja.”
Retomando o conceito da amabilidade, Francisco
afirma que se trata de uma virtude indispensável para viver em paz, a ser
recuperada e exercida a cada dia para ir contra a corrente e humanizar nossas
sociedades. Um antídoto contra algumas patologias, como o individualismo
consumista, a crueldade e a ansiedade.
Essas "doenças" do nosso dia a dia nos
tornam agressivos e incapazes de pedir "licença", ou
"desculpa", ou simplesmente dizer "obrigado".
Quando encontramos na rua ou em uma loja uma pessoa
gentil, disse o Papa, ficamos maravilhados, parece-nos um pequeno milagre,
porque infelizmente a amabilidade já não é muito comum. Mas ainda existem
pessoas gentis.
Estes então são os votos do Pontífice:
“Queridos irmãos e irmãs, penso que resgatar a
amabilidade como virtude pessoal e cívica pode ajudar muito a melhorar a vida
nas famílias, nas comunidades e nas cidades. A experiência ensina que ela, ao
se tornar um estilo de vida, pode criar uma convivência saudável, pode
humanizar as relações sociais dissolvendo a agressividade e a indiferença.”
Por fim, uma recomendação a venerar a Mãe de Deus.
Para a celebração das Vésperas, estava na Basílica a imagem de Nossa Senhora do
Carmo de Avigliano, no sul da Itália:
“Não
subestimemos o mistério da maternidade divina! Deixemo-nos maravilhar pela
escolha de Deus, que poderia ter aparecido no mundo de mil maneiras mostrando o
seu poder, e ao invés quis ser concebido livremente no seio de Maria. (...) Não
passemos apressados, paremos para contemplar e meditar, porque aqui está um
traço essencial do mistério da salvação. E procuremos aprender o “método” de
Deus, o seu respeito infinito, por assim dizer a sua ‘bondade’, porque na
maternidade divina da Virgem está o caminho para um mundo mais humano.”
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-12/papa-francisco-gratidao-bento-xvi-vesperas.html
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