percorrendo a história da humanidade, encontramos presente e constante a expectativa de salvação para que, diante de tantos desencontros e sofrimentos, anseios e decepções na convivência humana, possam os mais profundos desejos e sonhos da pessoa humana encontrar possibilidade de realização.
A
esperança de felicidade é muitas vezes dirigida a realizações materiais e intra
mundanas, que sempre decepcional os esforços mais dedicados e os projetos mais
audaciosos que se possam imaginar.
Será
mesmo que há possibilidade e futuro para a realização da vida humana neste
mundo? E quando tudo passa e se desfaz no encontro irremediável da morte, que
esperança ainda resta? A vida tem sentido? A história humana tem direção? O que
nos espera, o que espera cada um? Isto tudo tem resposta?
Cada
ano voltamos ao anúncio do Evangelho da salvação. Ele não é resultado apenas
das buscas humanas, mas se apresenta como uma busca do próprio Criador por sua
criação.
Deus
vem ao encontro do homem. Vem, pois é sua fonte de ser, nele é que tudo existe,
por Sua Vontade amorosa e infinita. Deus vem, já pela criação que é expressão
de seu desígnio de Amor. E mesmo diante dos desvios humanos na busca de sua
realização, do descaminho mal escolhido por sua vontade desorientada do próprio
Criador, não é deixado à deriva de si mesmo, de sua relação com Aquele que o
quer e faz no amor, nas relações com os demais seres humanos e criaturas do
mundo em que habita.
A
comemoração anual do nascimento de Jesus, o Cristo de Deus, lembrando o
acontecimento inédito, quer renovar o encontro desta busca: o Criador se faz
criatura e vem salvar seu povo. Salvar da desorientação da própria existência,
vem salvar da auto-destruição que cava com sua egoísta irresponsabilidade, vem
salvar o homem fazendo-se com ele Filho do Homem. E a Luz brilha nas trevas, a
sabedoria na ignorância, o amor no fechamento egoísta. O amor vem salvar seu
povo, derramando sobre o coração humano a vida que ele abandonou.
O
Natal do Senhor Jesus aproxima o que se distanciou: o homem de Deus, o homem do
homem, o homem da criação, casa comum de todos. O amor faz comunhão de vida,
relações de reconhecimento digno de si e dos outros, de caminho conjunto no
desenvolvimento da vida rumo a uma plenitude que, sem o Evangelho, Boa Nova da
salvação – não se conhece e não se procura. O amor vem salvar seu povo com o
Amor.
Ele
vem no escondimento, para que se perceba que é mais real o que está no íntimo,
que o que se vê na aparência. Ele vem na pobreza, para que reencontremos o
verdadeiro valor do que realmente conta. Ele vem, fazendo-se um, para que no
próximo se encontre o que é absolutamente necessário à realização de cada um.
Imensa,
tremenda novidade, que já está presente e que é desconhecida. Em Jesus, Deus
salva. Em Jesus, agindo por seu amor, seu Espírito, “Deus faz novas todas as coisas”. (cf. Apc 21,5.) Agora
e até sua plena realização “O Senhor vem salvar seu povo”.
Assim
se pode dizer: Feliz Natal e Abençoado Novo Ano a todos.
+ José Antonio Aparecido Tosi
Marques
Arcebispo
Metropolitano
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