“Qual
é o sonho de vocês para o mundo de hoje e de amanhã? Encorajo vocês a sonhar
alto, como João XXIII e Martin Luther King. Que cada um de vocês se torne um
‘poeta da paz!’. Palavras do Papa Francisco aos jovens que participam do
projeto da Rede Nacional das Escolas da Paz recebidos nesta segunda-feira (28)
no Vaticano
Jane Nogara - Vatican News
Na
manhã desta segunda-feira (28) o Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI cerca
de 6 mil jovens estudantes que participam do encontro pela educação à paz e ao cuidado,
projeto realizado pela Rede Nacional das Escolas da Paz. O programa de
atividades de formação, será concluído em maio de 2023 com a participação de
todos na Marcha Perugia-Assis para a apresentação de resultados e
propostas. Recordando que o programa educacional "Pela Paz, pelo
Cuidado" quer responder ao chamado do Pacto Educacional Global, dirigido
três anos atrás a todos os que trabalham no campo da educação, o Papa exortou
afirmando que estava “encantado ao ver que não só as escolas, universidades e
organizações católicas estão respondendo a este chamado, mas também as
instituições públicas, leigas e de outras religiões”.
O samaritano é um modelo
“Para que haja paz, como diz
seu lema tão apropriadamente, é preciso ‘cuidar'. A paz sempre nos diz respeito!
Como sempre nos diz respeito o outro, o irmão e a irmã, e devemos cuidar dele e
dela”
Explicando
que, “um modelo por excelência de cuidado é aquele samaritano do Evangelho, que
socorreu um estranho que encontrou ferido ao longo da estrada. O samaritano não
sabia se o infeliz era uma boa pessoa ou má, se era rico ou pobre, educado ou
não, judeu, samaritano como ele ou estrangeiro; ele não sabia se aquele
infortúnio 'tinha sido provocado' ou não. O samaritano não se fez muitas
perguntas, ele seguiu a sua compaixão".
Dois
exemplos de testemunhas
Em seguida
Francisco disse que mesmo em nosso tempo, podemos encontrar valiosos
testemunhos de pessoas ou instituições que trabalham pela paz e pelo cuidado
com os necessitados. Como primeiro exemplo cita São João XXIII. “Ele foi
chamado de ‘o Papa bom’”, disse Francisco, “e também de o ‘Papa da paz’, porque
naquele difícil início dos anos 60 marcados por fortes tensões - a construção
do Muro de Berlim, a crise de Cuba, a Guerra Fria e a ameaça nuclear - ele publicou
a famosa e profética Encíclica Pacem in Terris.
O próximo ano fará 60 anos, e é muito atual!"
“O Papa João se dirigiu a
todos os homens de boa vontade, pedindo a solução pacífica de todas as guerras
através do diálogo e do desarmamento”
Em seguida
convidou todos os jovens a ler e estudar a Pacem in Terris, e a seguir
este caminho para defender e difundir a paz. Ao mencionar o segundo
“exemplo” aos jovens o Papa disse: “Alguns meses após a publicação dessa
encíclica, outro profeta de nosso tempo, Martin Luther King, Prêmio
Nobel da Paz em 1964, proferiu o discurso histórico no qual disse: 'Eu tenho um
sonho'. Em um contexto americano fortemente marcado pela discriminação racial,
ele fizera todos sonharem com a ideia de um mundo de justiça, liberdade e
igualdade. Afirmando: 'Tenho um sonho: que meus quatro filhos pequenos um dia
viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pela
dignidade de sua pessoa'".
Sonhar
alto
“E vocês,
jovens: qual é o sonho de vocês para o mundo de hoje e de amanhã?”, é o desafio
que o Papa lança aos jovens continuando:
“Encorajo todos vocês a
sonhar alto, como João XXIII e Martin Luther King”
"E é
por isso que os convido a participar, no próximo ano, do Dia Mundial da
Juventude, em Lisboa. Aqueles de vocês que puderem vir, se encontrarão com
tantos outros jovens de todo o mundo, todos unidos pelo sonho da fraternidade
baseada na fé em Deus que é a Paz, o Pai de Jesus Cristo e nosso Pai. E se
vocês não puderem vir fisicamente, convido a todos de qualquer forma a seguir e
participar, porque agora, com os meios de hoje, isto é possível.
Poeta da
paz
Por fim,
depois de desejar um bom caminho no tempo do Advento, caminho feito de muitos
pequenos gestos de paz, todos os dias: gestos de acolhimento, de encontro, de
compreensão, de proximidade, de perdão, de serviço o Papa citou um poeta.
"O poeta Borges [diz: Um poeta] termina, ou melhor, não termina um de seus
poemas com estas palavras: 'Quero agradecer... por Whitman e Francisco de Assis
que já escreveram este poema, pelo fato de que este poema é inesgotável e se
mistura com a soma das criaturas e nunca chegará ao último verso e mudará de
acordo com os homens'. Espero que vocês também aceitem o convite do poeta para
continuar seu poema, cada um acrescentando aquilo pelo qual quer agradecer. Que
cada um de vocês se torne um 'poeta da paz'!".
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