“Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal, da qual homem algum pode escapar” (Cântico das criaturas – São Francisco de Assis). O relógio indicava 7h10min, quando naquela terça-feira, quatro de outubro, a irmã morte veio ao encontro do Monsenhor José Mota Mendes. Era um dos sacerdotes mais antigos da Diocese de Crato. Faria 82 anos no próximo dia 29 de outubro, dos quais 54 foram devotados ao ministério presbiteral, especialmente na cidade de Várzea Alegre, onde atuava desde 1968. .
Monsenhor Mota, como era carinhosamente chamado,
faleceu em Fortaleza, onde estava internado desde o mês de março. O seu féretro
permaneceu junto à família durante o dia 4, e na quarta-feira, foi transladado
para Várzea Alegre, um dos desejos do sacerdote. Era por volta de meio-dia quando
o corpo de Monsenhor José Mota à freguesia de São Raimundo Nonato. Trazido no
carro de bombeiros, seguiu pelas ruas da cidade, até a Igreja Matriz, para ser
velado. Durante todo o dia, filas de pessoas se formavam ao redor do caixão.
Na entrada da cidade, bandeiras a meio mastro
sinalizavam o luto de um povo que chorava a morte daquele que fora seu pároco
por mais de meio século. No cair da tarde de quinta-feira, dia 6, centenas de
pessoas se concentraram no largo da Matriz, para a Missa exequial. Embora choros,
traziam consigo a lembrança do novenários ao padroeiro, ali celebrados, onde
tantas vezes ouviram bradar a imponente voz do Padre Mota ao dar vivas a São
Raimundo.
O caixão foi carregado pelos sacerdotes, seguindo a
fórmula própria das exéquias de um presbítero. Os padres seguiam, em cortejo,
trajando estola roxa, sinal de penitência. No altar, elevaram o sacrifício da
Missa em sufrágio do irmão no sacerdócio, sob a presidência por Dom Magnus
Henrique. Na homilia, o bispo diocesano recordou o exemplo de vida doada que
marcou o Monsenhor Mota.
“Ele [Padre Mota] parte desta vida
cumprindo a fidelidade a Deus, e ao mesmo tempo ofereceu seu suor e suas mãos
laboriosas, um coração que fez muito se saciarem do banquete dos anjos e dos
santos. Pela mesma Eucaristia celebrada, o sacerdote antecipava a força da
ressurreição que agora rogamos para o mesmo, um repouso fruto da vivência
terrena já em Deus”. E completou: “A Diocese de Crato, o povo de Várzea Alegre
agradece a vida aqui consumida, como a chama das velas que agora circulam o seu
esquife. Obrigada Monsenhor Mota!”, disse Dom Magnus.
O seminarista André Luiz, foi enviado ao seminário
pelo Padre Mota. Nele, o jovem varzeaalegrense encontrou e encontra o modelo de
sacerdote que deseja seguir.
“Infelizmente a presença física dele
não será mais possível, porém eu tenho certeza que a sua amizade não se
apartará de mim, assim como sua lembrança viva permanecerá viva em meu coração.
E que ele vai estar em meu ministério não de uma forma presente, como outros já
tiveram a graça, de uma forma física, mas seu testemunho, seu modelo de vida,
eu posso dizer com segurança, um modelo de Padre mais forte que eu tenho na minha
cabeça, é o modelo de Monsenhor Mota”, contou emocionado.
Padre Mota foi sepultado na Matriz de São Raimundo
Nonato, onde tantas vezes celebrou os sacramentos. No translado para o túmulo,
entre choros e aplausos, a multidão pressente entoava o hino do padroeiro.
Fazendo-se cumprir os últimos desejos do sacerdote, sob o seu caixão foi
colocado o quadro de Dom Vicente de Araújo Matos, 3º bispo de Crato, e que
ordenou o padre Mota.
Por Jornalista Mychelle Santos / Assessoria de Comunicação
Fonte: https://www.blogger.com/blog/post/edit/3380542215045414755/1983761721894346177
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