“Trata-se
dos Santos beatificados e canonizados, que recordam a todos que viver o
Evangelho em plenitude é possível e encantador. Com efeito a santidade não é um
programa feito de esforços e renúncias; mas é, antes de mais nada, a
experiência de ser amados por Deus, receber gratuitamente o seu amor, a sua
misericórdia”: disse o Papa Francisco aos participantes do Convênio “A
Santidade Hoje”, organizado pelo Dicastério das Causas dos Santos
Raimundo
de Lima - Vatican News
“Os Santos são pérolas preciosas. Sempre vivos e atuais, não
perdem jamais o seu valor, representando um comentário fascinante do Evangelho.
A sua vida é como um catecismo por imagens, a ilustração desta Boa Nova que
Jesus trouxe à humanidade: Deus é nosso Pai e ama a todos com imenso amor e
ternura infinita.”
Foi o que
disse o Papa ao receber em audiência, na manhã desta quinta-feira (06/10) na
Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do Convênio “A Santidade Hoje”,
organizado pelo Dicastério das Causas dos Santos.
No
discurso aos presentes, Francisco enfatizou que “o tema escolhido para o
Convênio está em sintonia com a Exortação apostólica Gaudete et exsultate, que
visa ‘fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade, procurando encarná-la
no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades’. Tal chamado
está no coração do Concílio Vaticano II, que dedicou um capítulo inteiro da Lumen
gentium à vocação universal à santidade, onde se afirma: ‘Todos os
fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à
perfeição do Pai, cada um por seu caminho’”.
Também
hoje, descobrir a santidade no povo santo de Deus
O
Santo Padre foi enfático ao destacar que também hoje é importante descobrir a
santidade no povo santo de Deus: nos pais que crescem amorosamente os filhos,
nos homens e mulheres que se empenham na realização quotidiana do seu trabalho,
nas pessoas que suportam uma condição de enfermidade, nos idosos que continuam
a sorrir e a oferecer sabedoria. “O testemunho duma conduta cristã virtuosa,
vivida no dia a dia por tantos discípulos do Senhor, constitui para todos nós
um convite a respondermos pessoalmente ao chamado para ser santo”, disse o
Papa.Francisco
observou que no meio desta multidão de crentes que ele define santos “da porta
ao lado” existem aqueles que a Igreja aponta como modelos, intercessores e
mestres.
Trata-se dos Santos
beatificados e canonizados, que recordam a todos que viver o Evangelho em
plenitude é possível e encantador. Com efeito a santidade não é um programa
feito de esforços e renúncias; mas é, antes de mais nada, a experiência de ser
amados por Deus, receber gratuitamente o seu amor, a sua misericórdia.
Povo de
Deus sabe reconhecer estes modelos de santidade
A
santidade germina da vida concreta das comunidades cristãs, prosseguiu o
Pontífice. “Os Santos não provêm dum ‘mundo paralelo’; mas são crentes que
pertencem ao povo fiel de Deus e estão inseridos na quotidianidade feita de
família, estudo, trabalho, vida social, econômica e política. Em todos estes
contextos, o Santo ou a Santa caminha e age sem medos nem convencionalismos,
cumprindo nas várias circunstâncias a vontade de Deus.”
“É
importante que cada Igreja particular seja solícita em identificar e valorizar
os exemplos de vida cristã amadurecidos no seio do povo de Deus, que possui
desde sempre um particular ‘instinto’ para reconhecer estes modelos de
santidade, testemunhas extraordinárias do Evangelho. Por isso - observou -, é
preciso ter em justa consideração o consenso do povo à volta destas figuras
cristãmente exemplares.”
“Os fiéis
estão inegavelmente dotados pela graça divina duma percepção espiritual para
identificar e reconhecer, na existência concreta dalguns batizados, o exercício
heroico das virtudes cristãs. A fama sanctitatis não
provem, primariamente, da Hierarquia, mas dos fiéis. É o povo de Deus, nas suas
diversas componentes, o protagonista da fama sanctitatis, ou seja,
da opinião comum e difusa entre os fiéis a propósito da integridade de vida
duma pessoa, percebida como testemunha de Cristo e das bem-aventuranças
evangélicas.
Fama de
santidade: espontânea, estável, duradoura e difusa
Francisco
precisou que, todavia, “é necessário verificar que tal fama de santidade seja
espontânea, estável, duradoura e difusa numa parte significativa da comunidade
cristã. Com efeito aquela é genuína quando resiste às mudanças do tempo, às
modas do momento e sempre gera efeitos salutares para todos, como podemos
constatar na piedade popular”.
O Santo
Padre observou ainda que um elemento que sempre comprova a fama
sanctitatis ou a fama
martirii é a fama
signorum. “Quando os fiéis estão convencidos da santidade dum cristão,
recorrem – mesmo de forma maciça e apaixonada – à sua intercessão celeste; o
atendimento da oração por parte de Deus representa uma confirmação de tal
convicção”, frisou.
Na
santidade, o senso de humor
Antes de
concluir, o Pontífice quis acrescentar a seu discurso as seguintes palavras:
Não quero terminar
sem mencionar uma dimensão de santidade à qual dediquei um pequeno capítulo na
Gautete et exsultate: o senso de humor. Alguém costumava dizer: "Um santo
triste é um triste santo": não conta. Saber apreciar a vida com senso de
humor, porque ao tomar a parte que nos faz rir, da vida, isso torna mais leve a
alma. E há uma oração que, recomendo, rezai: eu a rezo todos os dias há mais de
40 anos, a oração de São Tomás Moro, que - é curioso - ele pede algo para a
santidade, mas começa dizendo: "Senhor, dá-me boa digestão e algo para
digerir". Ele vai ao concreto, mas realmente tira o humor de lá. A oração
está na nota 101 da Gaudete et exsultate: ali está oração, para que possais
rezá-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário