"O
discernimento incide sobre as ações e as ações têm uma conotação afetiva, que
deve ser reconhecida, porque Deus fala ao coração", disse Francisco, na
catequese da Audiência Geral, abordando "a primeira modalidade afetiva,
objeto do discernimento: a desolação".
Mariangelal Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de
catequeses sobre o discernimento, na Audiência Geral, desta quarta-feira
(26/10), realizada na Praça São Pedro.
"O discernimento incide sobre as ações e as
ações têm uma conotação afetiva, que deve ser reconhecida, porque Deus fala ao
coração", disse o Papa, abordando "a primeira modalidade afetiva,
objeto do discernimento: a desolação".
"Acredito que, de certa forma, todos nós já
vivemos a experiência da desolação. O problema é como poder lê-la, pois também
ela tem algo importante para nos dizer, e se tivermos pressa de nos livrar
dela, correremos o risco de a perder", sublinhou Francisco, ressaltando
que ninguém gosta "de se sentir desolado, triste. Todos gostaríamos de uma
vida sempre jubilosa, alegre e realizada". "Com efeito, a mudança de
uma vida orientada para o vício pode começar a partir de uma situação de
tristeza, de remorso pelo que se fez. "Remorso" é a consciência
que morde, que não dá paz", disse ainda o Papa, acrescentando:
É importante aprender a ler a tristeza. No nosso
tempo, ela é considerada sobretudo negativamente, como um mal a evitar custe o
que custar, e ao contrário pode ser um indispensável sinal de alarme para a
vida, convidando-nos a explorar paisagens mais ricas e férteis que a fugacidade
e a evasão não permitem. Santo Tomás define a tristeza como uma dor da alma:
como os nervos para o corpo, ela desperta a atenção diante de um possível
perigo, ou de um bem ignorado. Por isso, é indispensável para a nossa saúde,
protege-nos para não nos ferirmos a nós mesmos e aos outros. Seria muito mais
grave e perigoso não ter este sentimento.
Segundo o Papa, "para quem tem o desejo de
praticar o bem, a tristeza é um obstáculo com que o tentador quer desencorajar-nos.
Neste caso, deve-se agir de maneira exatamente contrária ao que é sugerido,
determinado a continuar o que se tinha proposto cumprir". "Pensemos
no trabalho, no estudo, na oração, num compromisso assumido: se os deixássemos,
assim que sentíssemos tédio ou tristeza, nunca realizaríamos nada. Também esta
é uma experiência comum à vida espiritual: o caminho para o bem, recorda o
Evangelho, é estreito e íngreme, requer um combate, uma vitória de si mesmo.
Para quem quer servir o Senhor, é importante não se deixar enganar pela
desolação", sublinhou Francisco.
Infelizmente, alguns decidem abandonar a vida de
oração, ou a escolha feita, o matrimônio ou a vida religiosa, impelidos pela
desolação, sem primeiro fazer uma pausa para considerar este estado de
espírito, e sobretudo sem a ajuda de um guia. Uma regra sábia diz para não
fazer mudanças quando se está desolado. O tempo seguinte, e não o humor do
momento, mostrará a bondade ou não das nossas escolhas.
No Evangelho, "Jesus afasta as tentações com
uma atitude de firme determinação. As situações de provação advêm-lhe de várias
partes, mas sempre, encontrando n'Ele esta firmeza decidida a cumprir a vontade
do Pai, esmorecem e deixam de impedir o caminho".
Se soubermos atravessar a solidão e a desolação com
abertura e consciência, poderemos sair revigorados sob os aspectos humano e
espiritual. Nenhuma provação está fora do nosso alcance. Nenhuma provação está
além do que podemos fazer. Mas, não fugir das provações. São Paulo lembra que
ninguém é tentado além das próprias possibilidades, pois o Senhor nunca nos
abandona e, tendo Ele perto, poderemos vencer todas as tentações. Se não as
vencermos hoje, nos levantemos novamente, caminhemos e as venceremos amanhã.
"Mas
não permanecer morto, digamos assim, não permanecer derrotado por um momento de
tristeza, de desolação: vai em frente. Que o Senhor os abençoe neste caminho,
corajoso, da vida espiritual, que está sempre a caminho", concluiu o Papa.
Fonte: Vatican News
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