Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como
a ti mesmo” (Mt 22,37-39).
Se não foi o lema da vida
deste santo, viveu como se fosse. São Vicente de Paulo nasceu em 24 de abril de
1581, na aldeia de Pouy, nas “Landes”, França. Seu pai se chamava João de
Paulo, e sua mãe Bertranda de Moras. Tinham uma pequena propriedade de que
tiravam a subsistência para a família, composta de seis filhos. Vicente que era
o terceiro filho, trabalhava no campo com o pastoreio dos rebanhos.
Ele se entregou sem
reserva ao sacerdócio. Por meio de suas obras, como a Congregação da Missão, a
Companhia das Filhas da Caridade, as Conferências de São Vicente de Paulo e a
todas as obras de inspiração vicentina podemos ver o quanto a Igreja valoriza o
grande trabalho apostólico e caritativo desse gigante da fé, onde ardia a chama
da caridade evangélica (cf. Lc 12,49).
Depois de ordenado
sacerdote, passou por uma escravidão em Túnis e acabou sendo vendido a um
senhor que o libertou; em seguida, foi para Paris. Tornou-se capelão da rainha
Margarida, aproximando-se da miséria humana, que era grande em Paris. De modo
especial, trabalhou no novo Hospital da Caridade.
Nesta época, o Cardeal de
Bérulle, fundador do Oratório na França, enviou-o como pároco a
Clichy-la-Garenne, na periferia de Paris. Como educador dos filhos do General
das Galeras, em seus castelos e propriedades do interior, ele pôde ver a grande
miséria material e espiritual do povo do campo. Isso mudou a sua vida. Pediu ao
Cardeal Bérulle e se tornou pároco da pobre Châtillon-des-Dombes. Ali, ele
começou sua grande obra de caridade, fazendo a “organização da caridade”. O
serviço dos pobres era sua vida, nos primeiros vinte anos de sacerdócio, sempre
guiado pelos acontecimentos e pela Providência Divina.
O resto do seu tempo era
repartido entre o confessionário, o catecismo, a oração e o estudo. Para
ampliar o trabalho pelos pobres, São Vicente começou a reunir os sacerdotes que
desejassem viver, sob a orientação dos bispos, à salvação do pobre povo do
campo, por meio da pregação, da catequese e das confissões gerais sem
retribuição nenhuma.
Os seguidores de São
Vicente se multiplicaram a ponto de o pobre “Asilo dos Bons Meninos” não poder
mais os abrigar. Pela Providência Divina, Adriano Bom, Prior de São Lázaro,
ofereceu ao santo a casa e as terras do seu priorado, conhecido pelo nome de
São Lázaro, antigo hospital de leprosos e vasta construção onde permaneceram
até o fim do século XVIII. Daqui, vem o costume de se chamarem “Lazaristas” os
padres congregados de São Vicente. Assim surgiu, em 1632, o “Priorado de
São Lázaro”, os “lazaristas”, que cresceu rapidamente, implantando-se em cerca
de quinze dioceses para missões paroquiais e fundação de “Caridades”.
São Vicente exigia de
seus companheiros “o espírito de Nosso Senhor”, com as cinco virtudes
fundamentais: simplicidade, mansidão em relação ao próximo, humildade,
mortificação e zelo. Aos que partiam para pregar o Evangelho, ele dizia:
“trata-se não de se fazer amar, e sim de fazer amar Jesus Cristo”. A criada
Congregação da Missão chegou até a Itália, Irlanda, Polônia, Argélia e
Madagáscar.
São Vicente soube dar
dinamismo às numerosas “Caridades”, dando-lhes uma estrutura de unidade e
eficiência. Santa Luísa de Marillac, viúva de António Le Gras, iniciada à vida
espiritual por São Francisco de Sales, sob a sua orientação, muito ajudou
neste trabalho. Com ela, a 29 de novembro de 1633, nascia a “Companhia das
Filhas da Caridade”, recebendo de São Vicente um regulamento original e
exigente: “Tereis por mosteiros a sala dos doentes. Por cela, um quarto de
aluguel; como capela, a igreja paroquial; como claustro, as ruas da cidade;
como clausura, a obediência; como grade, o temor de Deus; como véu, a santa
modéstia.” “Deveis fazer o que o Filho de Deus fez na Terra; a estes pobres
doentes, deveis dar a vida do corpo e a vida da alma”.
São Vicente não jogava os
ricos contra os pobres, ao contrário, aproximava o rico do pobre, queria
trazê-los a uma estima e amizade recíprocas, mostrando que o pobre e o rico têm
igual necessidade um do outro. Para isso, criou a “Confraria de Caridade” para
aproximar os pobres dos ricos. Com a ajuda de senhoras piedosas, angariava e
dava os socorros aos pobres doentes da localidade.
São Vicente criou muitas
obras: a Capelania da Corte, para o magistério dos pobres; a Fundação das
Senhoras de Caridade, para os hospitais, asilos para os velhos e refúgios
para as mulheres decaídas. Trabalhou na reforma do clero, promoveu retiros
eclesiásticos, fundação dos seminários, missões aos camponeses, cuidou dos
leprosos, dos loucos, dos refugiados de guerra, dos mendigos, dos condenados
etc.
Ele dizia que “quanto
mais humilde for alguém tanto mais caridoso será para com o próximo”. “Se nos
livrarmos do amor próprio um quarto de hora antes de morrer, podemos dar graças
a Deus”. “O demônio não sabe se defender diante da humildade, porque ele é
soberbo”.
São Vicente sofreu de
muitas enfermidades, mas nunca reclamava. Na segunda-feira, 27 de setembro de
1660, às 4h30 da manhã, Deus o chamou a si no momento em que seus filhos
espirituais, reunidos na igreja, começavam a oração. Morreu aos 84 anos de
idade e 60 de sacerdócio. Sua canonização aconteceu em 16 de junho de
1737, pelo papa Clemente XII, e, em 12 de maio de 1885, foi declarado Patrono
de todas as obras de caridade da Igreja Católica, por Leão XIII.
São Vicente de Paulo, rogai por nós!
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