Em seu discurso, Francisco enfatizou que essa instituição "ganhou o respeito da sociedade espanhola, pois a Caridade e o Amor, com letras maiúsculas, são os traços essenciais do ser humano, criado à imagem de Deus, portanto, a linguagem que mais nos une".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O
Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (05/09), na Sala do
Consistório, no Vaticano, uma delegação da Caritas da Espanha por ocasião de
seus 75 anos de fundação.
Em seu discurso, Francisco enfatizou que essa instituição
"ganhou o respeito da sociedade espanhola, pois a Caridade e o Amor, com
letras maiúsculas, são os traços essenciais do ser humano, criado à imagem de
Deus, portanto, a linguagem que mais nos une".
"Acho
isso algo muito importante, pois nos ajuda a ver como o modo divino de amar
possa ser a diretriz do trabalho da Caritas", frisou o Papa, incentivando
o organismo ao "esforço de reconquistar essa unidade que às vezes se perde
nas pessoas e comunidades". A seguir, o Papa destacou alguns desafios para
a Caritas Espanhola.
Realizar
açõs significativas
O primeiro, é a
necessidade de "trabalhar a partir das capacidades e potencialidades,
acompanhando os processos". Na verdade, não são os resultados que nos
movem, cumprir objetivos programados, mas nos colocarmos diante daquela pessoa
que está destruída, que não encontra seu lugar, e acolhê-la, abrir caminhos de
restauração para ela, para que possa encontrar-se, ser capaz, apesar de suas
limitações e nossas, de buscar seu lugar e se abrir para os outros e para Deus.
O segundo
desafio é "realizar ações significativas". "Não são suficientes
gestos que buscam "sair do caminho", mas não promovem uma mudança
verdadeira nas pessoas", disse ainda Francisco, ressaltando que numa
paróquia na Espanha, as pessoas perguntaram ao pároco se ele dava uma ajuda, ou
seja, "se podiam aproveitar daquela conjuntura
"assistencialista" que na realidade os mantém acorrentados ao
subsídio, impedindo seu desenvolvimento".
Ser
fermento de um reino de justiça, amor e paz
Porém,
Jesus nos diz claramente, com sua vida e com seu trabalho, que não basta
"dar", é preciso "doar-se".
A caridade sempre
supõe uma doação oblativa da própria vida. Isso será significativo, além de uma
ação concreta, quando oferecer à pessoa uma porta aberta para uma vida nova.
Parafraseando o Evangelho de João, se formos procurados e elogiados só porque
as pessoas comem pão, e nos sentimos como reis por essa razão, estaremos
traindo a mensagem de Jesus. O Senhor nos propõe ser fermento de um reino de justiça,
amor e paz. Ele nos pede para sermos aqueles que dão de comer ao seu povo
aquele pão partido que é Ele mesmo, ensinando-nos que aquele que quer ser
realmente grande deve ser o servo de todos.
O último
desafio, que se une ao anterior, é o de "ser um canal de ação da
comunidade eclesial". "A Igreja, como corpo místico de Cristo,
prolonga sua ação na história. Por isso, a Caritas se propõe a nós como aquela
mão estendida que é de Cristo, quando a oferecemos a quem precisa de nós. Ao
mesmo tempo, nos permite apegar-nos a Cristo quando Ele nos interpela no
sofrimento de nosso irmão". "Ser um canal não é simplesmente uma
gestão mais ordenada de recursos, ou um espaço para descarregar a
responsabilidade dessa delicada missão eclesial. Ser um canal deve ser entendido
como a oportunidade de tornar essa experiência única e necessária para a qual o
Senhor nos convida", concluiu o Papa.
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