Francisco
recebe parlamentares católicos de uma rede internacional e pede um compromisso,
em nível nacional e internacional, pela "justiça, fraternidade e paz"
sobretudo voltadas aos mais vulneráveis. Um empenho que, afirma o Papa,
"não é apenas a ausência de guerra", mas o resultado da cooperação,
do diálogo e de projetos políticos voltados para o futuro.
Andressa Collet - Vatican News
O
Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira (25), na Sala Clementina, no
Vaticano, um grupo de 200 pessoas da Rede Internacional de Legisladores
Católicos (ICLN -
International Catholic Legislators Network), uma associação privada apartidária
que nasceu em Trumau, na Áustria, em 2010. Eles participam de uma conferência
anual realizada em Roma, que inclui uma audiência com o Pontífice no Vaticano.
Em discurso, Francisco começou saudando as presenças
do arcebispo de Viena, o cardeal Christoph Schönborn; do Patriarca da
Igreja Sírio-ortodoxa, Ignatius Aphrem II; e do professor Alting von Geusau; e
fez justamente referência ao encontro. Neste ano, a reflexão é baseada na
promoção da justiça e da paz na atual situação geopolítica, marcada por
conflitos e divisões em diferentes partes do mundo.
Aos representantes dos legisladores cristãos em todo o
mundo, o Papa os encorajou a se tornarem, então, "fermento para a
renovação da vida civil e política, testemunhas do 'amor político' (cf.
Fratelli tutti, 180) para os mais necessitados". Assim, o Pontífice propôs
a análise de três palavras-chave, apostando no "compromisso com a justiça e
a paz,
alimentado por um espírito de solidariedade
fraterna" que irá orientá-los diariamente "no nobre trabalho
de contribuir para a vinda do Reino de Deus no mundo".
A
justiça
Sobre a
primeira palavra, justiça, definida classicamente como a vontade de dar a cada
pessoa o que é direito implica, de acordo com a tradição bíblica, ações
concretas destinadas a promover relações justas com Deus e com os outros.
Sobretudo, lembrou o Papa, quando se trata dos mais vulneráveis "que
muitas vezes não têm voz e que esperam que os líderes civis e políticos"
protejam a dignidade deles, "através de políticas e leis públicas
eficazes":
“Penso, por exemplo, nos
pobres, migrantes e refugiados, nas vítimas do tráfico de pessoas, nos doentes
e idosos, e em tantos outros indivíduos que correm o risco de serem explorados
ou descartados pela cultura de hoje do 'usa e joga fora': a cultura do 'usa e
joga fora', a cultura do descarte. O desafio de vocês é trabalhar para
salvaguardar e valorizar na esfera pública aquelas relações justas que permitam
que cada pessoa seja tratada com o respeito e o amor que lhe são devidos.”
A
fraternidade
Ao tratar
da segunda palavra, a fraternidade, ou seja, "um senso de responsabilidade
compartilhada e de preocupação pelo desenvolvimento e o bem-estar
integral" de todos, o Papa falou da sua importância para "curar o
mundo tão duramente provado por rivalidades e formas de violência que surgem do
desejo de dominar e não de servir". Aos legisladores católicos, motivou
para a necessidade de se criar líderes inspirados no amor fraterno e voltado
aos mais vulneráveis:
"Encorajo os
esforços contínuos de vocês, em nível nacional e internacional, para adotar
políticas e leis que procurem abordar, num espírito de solidariedade, as muitas
situações de desigualdade e injustiça que ameaçam o tecido social e a dignidade
inerente de todas as pessoas."
A paz
Finalmente,
o esforço para a busca constante da paz, salientou Francisco. Uma paz que
"não é simplesmente a ausência de guerra", mas a cooperação na busca
de objetivos que beneficiem a todos.
“A paz vem de um compromisso
duradouro pelo diálogo mútuo, de uma busca paciente da verdade e da vontade de
colocar o bem genuíno da comunidade acima do ganho pessoal. Nesta perspectiva,
o trabalho como legisladores e líderes políticos é mais importante do que
nunca. Pois a verdadeira paz só pode ser alcançada quando nos esforçamos,
através de processos políticos e legislativos voltados para o futuro, para
construir uma ordem social fundada na fraternidade universal e na justiça para
todos.”
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