"Nas nossas comunidades
arde o fogo do Espírito, a paixão pela oração e pela caridade, a alegria da fé,
ou arrastamo-nos no cansaço e no hábito?", questionou o Papa, recordando
que a fé não é uma "canção de ninar" que nos embala para nos fazer
adormecer. Antes pelo contrário, devemos ser inflamados pelo fogo do amor de
Deus com o desejo de lançá-lo no mundo, para que cada um possa descobrir a
ternura do Pai e experimentar a alegria de Jesus, que dilata o coração e torna
a vida mais bela!
Jackson Erpen - Cidade do
Vaticano
"O Evangelho não deixa as coisas como estão; quando passa e
é ouvido e recebido, as coisas não permanecem como estão. O Evangelho provoca a
mudança e convida à conversão."
A passagem
de Lucas do Evangelho deste XX Domingo do Tempo Comum: "Eu vim para lançar
fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!", inspirou a
reflexão do Papa no Angelus dominical. E logo no
início de sua locução, dirigindo-se aos peregrinos reunidos na Praça São Pedro,
perguntou "de que fogo" Jesus está falando e qual o significado
dessas palavras para nós hoje.
Jesus -
explicou Francisco - veio trazer o Evangelho ao mundo, a boa nova do amor de
Deus. Neste sentido, o Evangelho "é como um fogo, porque se trata de uma
mensagem que, quando irrompe na história, queima os velhos equilíbrios de
viver, desafia a sair do individualismo, a vencer o egoísmo, a passar da
escravidão do pecado e da morte para a nova vida do Ressuscitado."
Evangelho
provoca a mudança e convida à conversão
Ou seja, o
Evangelho não deixa as coisas como estão, "quando passa, é ouvido e
recebido, as coisas não permanecem como estão. O Evangelho provoca a mudança e
convida à conversão:
Não oferece uma falsa
paz intimista, mas acende uma inquietude que nos coloca em caminho, nos impele
a abrir-nos a Deus e aos irmãos. É precisamente como o fogo: enquanto nos
aquece com o amor de Deus, quer queimar os nossos egoísmos, iluminar os lados obscuros
da vida - todos os temos - , consumir os falsos ídolos que nos escravizam.
Fogo do
Espírito Santo transforma e purifica
E como
Jesus é inflamado por esse fogo do amor de Deus, se entrega em primeira pessoa,
até a morte de cruz, para fazê-lo arder no mundo:
“Ele está cheio do Espírito
Santo, que é comparado ao fogo, e com a sua luz e a sua força revela o rosto
misericordioso de Deus e dá plenitude aos que são considerados perdidos,
derruba as barreiras das marginalizações, cura as feridas do corpo e da alma,
renova uma religiosidade reduzida a práticas externas. Por isso é fogo:
transforma, purifica”
Mas,
"o que significa para nós então essa palavra de Jesus, do fogo?",
perguntou o Santo Padre:
Ela nos convida a
reacender a chama da fé, para que ela não se torne uma realidade secundária, ou
um meio de bem-estar individual, que nos faz fugir dos desafios da vida e do
compromisso na Igreja e na sociedade.
Fé não
é uma "canção de ninar", é fogo
Francisco
então cita um teólogo, que dizia que "a fé em Deus não nos conforta
como gostaríamos", ou seja, dando-nos uma "ilusão paralisante ou uma
satisfação serena, mas nos permitir agir":
“A fé, em suma, não é uma
"canção de ninar" que nos embala para nos fazer adormecer. A fé
verdadeira é um fogo, um fogo aceso para nos manter despertos e laboriosos
mesmo durante a noite!”
Baseado
nisso, o Papa propõe alguns questionamentos:
Sou apaixonado pelo Evangelho?
Leio o Evangelho com frequência? Levo-o comigo? A fé que professo e celebro me
coloca em uma tranquilidade bem-aventurada ou acende em mim o fogo do
testemunho? Podemos perguntar-nos isto também como Igreja: nas nossas
comunidades arde o fogo do Espírito, a paixão pela oração e pela caridade, a
alegria da fé, ou arrastamo-nos no cansaço e no hábito, com o rosto embotado e
a lamentação nos lábios e as fofocas a cada dia?
Deixar-se
inflamar pelo fogo do amor de Deus
E então, o
convite para examinarmos em nossa vida, se "somos inflamados pelo fogo do
amor de Deus e queremos "lançá-lo" no mundo, levá-lo a todos, para
que cada um possa descobrir a ternura do Pai e experimentar a alegria de Jesus,
que dilata o coração e torna a vida bela.
Ao
concluir, o pedido a rezar à Virgem Santa nesta intenção: "Que ela,
que acolheu o fogo do Espírito Santo, interceda por nós."
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-08/papa-francisco-angelus-14-agosto-2022.html
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