“Não se pode desejar ser rico? É claro que se pode, de fato, é justo desejá-lo, é bom se tornar rico, mas rico segundo Deus! Deus é o mais rico de todos: é rico em compaixão, em misericórdia. Sua riqueza não empobrece ninguém, não cria brigas e divisões. É uma riqueza que ama dar, distribuir, compartilhar”: disse o Papa no Angelus deste domingo, 31 de julho
Raimundo
de Lima – Vatican News
“Que Nossa Senhora nos ajude a compreender quais são os
verdadeiros bens da vida, aqueles que permanecem para sempre”: foi o pedido do
Papa à Virgem Maria no Angelus ao meio-dia deste XVIII Domingo do Tempo Comum.
Refletindo
sobre a página do Evangelho do dia, Francisco destacou a passagem em Lc 12,13
em que um homem dirige um pedido a Jesus: "Mestre, dize a meu irmão que reparta
comigo a herança". É uma situação muito comum, problemas semelhantes ainda
são atuais: quantos
irmãos e irmãs, quantos membros da mesma família infelizmente brigam, e talvez
não falem mais um com o outro, por causa da herança! - frisou o Papa.
A ganância,
uma doença que destrói as pessoas
O
Pontífice observou que Jesus, respondendo a este homem, não entra em detalhes,
mas vai à raiz das divisões causadas pela posse das coisas, e diz:
"Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez".
O que é a cobiça? É a
ganância desenfreada pelos bens, o querer sempre enriquecer-se. É uma doença
que destrói as pessoas, porque a fome de posses gera dependência. Sobretudo
aquele que tem tanto nunca se dá por satisfeito: sempre quer mais, e somente
para si mesmo. Mas desta forma não é mais livre: é apegado, escravo daquilo que
paradoxalmente deveria servir-lhe para viver livre e sereno. Em vez de
servir-se do dinheiro, se torna servo do dinheiro. Mas a ganância é uma doença
perigosa também para a sociedade: por causa dela chegamos hoje a outros
paradoxos, a uma injustiça como nunca antes na história, onde poucos têm muito
e muitos têm pouco ou nada. Pensemos também nas guerras e conflitos: o anseio
por recursos e riqueza está quase sempre envolvido. Quantos interesses estão
por trás de uma guerra! Certamente, um deles é o comércio de armas. Este
comércio é um escândalo ao qual não devemos e não podemos nos resignar.
Servir
a riqueza é idolatria, é ofender a Deus
Francisco
acrescentou que Jesus nos ensina hoje que, no cerne de tudo isso, não há apenas
alguns poderosos ou certos sistemas econômicos: há a ganância que está no
coração de cada um.Dito isso,
o Santo Padre convidou-nos a refletir sobre algumas perguntas:
Como está meu
desapego dos bens, das riquezas? Eu me queixo do que me falta ou sei dar-me por
satisfeito com o que tenho? Sou tentado, em nome do dinheiro e das
oportunidades, a sacrificar as relações e o tempo para os outros? E mais ainda,
me ocorre sacrificar a legalidade e a honestidade no altar da ganância? Eu digo
"altar" porque bens materiais, dinheiro, riquezas podem se tornar um
culto, uma verdadeira idolatria. Portanto, Jesus nos adverte com palavras
fortes. Ele diz que não se pode servir a dois senhores, e - tenhamos cuidado -
não diz Deus e o diabo, ou o bem e o mal, mas Deus e as riquezas. Servir-se da
riqueza sim; servir a riqueza não: é idolatria, é ofender a Deus.
A vida
não depende do que se possui
Então –
podemos pensar - não se pode desejar ser rico? O Pontífice respondeu: é
claro que se pode, de fato, é justo desejá-lo, é bom se tornar rico, mas rico
segundo Deus! Deus é o mais rico de todos: é rico em compaixão, em
misericórdia. Sua riqueza não empobrece ninguém, não cria brigas e divisões. É
uma riqueza que ama dar, distribuir, compartilhar.
Antes de
concluir, o Papa lembrou, por fim, o que realmente conta na vida:
Irmãos, irmãs,
acumular bens materiais não é suficiente para viver bem, porque - diz Jesus
novamente - a vida não depende do que se possui (cf. Lc 12,15). Em vez disso,
depende de bons relacionamentos: com Deus, com os outros, e também com aqueles
que têm menos. Então, nós nos perguntemos: como eu quero me enriquecer? De
acordo com Deus ou de acordo com a minha ganância? E voltando ao tema da
herança, que herança eu quero deixar? Dinheiro no banco, coisas materiais, ou
pessoas contentes ao meu redor, boas obras que não são esquecidas, pessoas que
eu ajudei a crescer e amadurecer?
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