“Já próximo da conclusão desta intensa peregrinação, quero dizer-vos que, se já vinha animado por estes desejos, volto para casa muito mais enriquecido, porque levo no coração o tesouro incomparável feito de pessoas e populações que me marcaram; tesouro de rostos, sorrisos e palavras que permanecem no meu íntimo; de histórias e lugares que não poderei esquecer; de sons, cores e emoções que vibram intensamente dentro de mim”: disse o Papa Francisco a uma Delegação de Indígenas presentes no Québec
Raimundo
de Lima – Vatican News
“Vim
ao Canadá como amigo para vos encontrar, para ver, ouvir, aprender e calcular
como vivem as populações indígenas deste país. Vim como irmão, para descobrir
pessoalmente os frutos bons e maus produzidos pelos membros da família católica
local, no decurso dos anos. Vim com espírito penitencial, para vos manifestar o
pesar que sinto no coração pelo mal que não poucos católicos vos causaram
apoiando políticas opressivas e injustas aplicadas a vós.”
Foi
o que disse o Papa no encontro esta sexta-feira, 29 de julho, com uma delegação
de indígenas presentes no Québec, em seu último dia desta peregrinação
penitencial no Canadá, no caminho da cura e reconciliação. De fato, o encontro,
no Arcebispado na cidade de Québec, foi ocasião para mais uma vez Francisco
ressaltar o espírito penitencial que caracteriza esta sua visita em terras
canadenses.
Semear esperanças para as futuras
gerações
“Vim
como peregrino, com as minhas limitadas possibilidades físicas, para propiciar
mais passos em frente convosco e a vosso favor: para que se prossiga na busca
da verdade, progrida na promoção de percursos de cura e reconciliação, para que
se continue para diante semeando esperança para as futuras gerações de
indígenas e não indígenas que desejam viver juntos, fraternalmente, em
harmonia”, frisou.
Já
no início de sua saudação à delegação de indígenas, o Santo Padre os havia
agradecido por terem se deslocado até ali, vindos de vários lugares do Québec e
lembrou que os momentos de sua visita são caracterizados pela frase Caminhar
Juntos.
Dias intensos convosco, sinto parte
da vossa família
“Mas,
já próximo da conclusão desta intensa peregrinação, quero dizer-vos que, se já
vinha animado por estes desejos, volto para casa muito mais enriquecido, porque
levo no coração o tesouro incomparável feito de pessoas e populações que me
marcaram; tesouro de rostos, sorrisos e palavras que permanecem no meu íntimo;
de histórias e lugares que não poderei esquecer; de sons, cores e emoções que
vibram intensamente dentro de mim. Verdadeiramente posso afirmar que, enquanto
vos visitava, as vossas realidades, as realidades indígenas desta terra,
visitaram o meu íntimo: entraram em mim e sempre me acompanharão. Ouso dizer –
se mo permitis – que de certo modo, agora, também eu me sinto parte da vossa
família e disso me sinto honrado”, disse.
Antes
de concluir, o Pontífice destacou a figura de três mulheres, reiteradas vezes
evocadas durante estes dias de sua viagem apostólica ao Canadá.
Santa Ana, a Virgem Maria e Santa
Catarina Tekakwitha
“Desejo
confiar tudo o que vivemos nestes dias e a prossecução do caminho que nos
espera à cuidadosa solicitude de quem sabe guardar o que conta na vida: penso
nas mulheres, particularmente em três delas. Primeiro, em Santa Ana, cuja
ternura e proteção pude sentir ao venerá-la juntamente com um povo de Deus que
reconhece e honra as avós. Segundo, penso na Santa Mãe de Deus: nenhuma
criatura merece mais do que Ela ser definida peregrina, porque sempre – também
hoje, mesmo agora – está a caminho: a caminho entre Céu e terra, para cuidar de
nós por conta de Deus e para nos conduzir pela mão ao seu Filho. Finalmente,
com frequência nestes dias, a minha oração e o meu pensamento detiveram-se numa
terceira mulher que nos acompanhou com a sua suave presença e cujos restos
mortais se conservam não muito longe daqui: refiro-me a Santa Catarina
Tekakwitha. Veneramo-la pela sua vida santa, mas não poderemos pensar que a sua
santidade de vida, caraterizada por uma dedicação exemplar à oração e ao
trabalho, bem como pela capacidade de suportar com paciência e mansidão tantas
provações, tenha sido possível também por certos traços nobres e virtuosos
herdados da sua comunidade e do ambiente indígena onde cresceu?”
Por fim, o Papa confiou a Elas que “abençoem o nosso caminho comum, intercedam por nós e por esta grande obra de cura e reconciliação tão agradável a Deus”. Francisco abençoou os presentes, agradecendo mais uma vez, e pediu que continuem rezando por ele.
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