São
Carlos de Foucauld ponderou: Meu apostolado deve ser o apostolado da bondade;
ao me verem, as pessoas devem dizer: “Sendo esse homem tão bom, sua religião
deve ser boa”. A realidade misteriosa de Deus entrou na vida do Padre de
Foucauld, só que de uma maneira determinante, numa metáfora, ou alegoria,
aquela do vinho da alegre e disposição interior, da força que anima e move
montanha, também do vinho como sendo o absoluto do próprio Deus. Tudo isso a
partir da sua conversão, no seu encontro com o Pe. Huvelin, pelo final de
outubro de 1886, na Igreja de Santo Agostinho, em Paris. Como foi decisivo e
irrefutável o colóquio ou confronto com Deus! O Santo do Evangelho da Cruz e da
busca do último lugar, a partir daquela circunstância sagrada, tomou a firme
decisão de viver só para Deus.
Na
compreensão das dores da humanidade, a partir da nossa civilização cristã,
Jesus de Nazaré confidenciou a São Bernardo de Claraval sua maior dor,
desconhecida em grande parte pela criatura humana: suas chagas, decorrentes do
peso de sua cruz salvadora. A partir de Dom Helder, que se compreenda,
igualmente, o apostolado oculto de São Foucauld, exercido pelo Mestre, antes
dos três anos de vida pública. É evidente que ele não começou a salvar o mundo
aos trinta anos e nem levou a vida oculta, preparando-se; em Nazaré, já viveu o
apostolado em plenitude e já estava remindo a humanidade.
Ainda
na assertiva de Dom Helder, o Irmão de Foucauld se escondeu no deserto e na
própria Nazaré. Aos poucos, aprofundou sua compreensão do apostolado oculto: um
com Jesus Cristo, desde o batismo, onde quer que ele simplesmente estivesse ou
morasse, Cristo ali estaria e moraria, agindo ocultamente e santificando o
ambiente.
São
Bernardo, o apóstolo de culto à Virgem Maria, assim se manifestou: “Eu tinha
uma chaga profundíssima no ombro, sobre o qual carreguei minha pesada cruz. Era
ela a chaga mais dolorosa de todas, a qual as pessoas ainda hoje não a
conhecem”. Eis o convite, com o Irmão de Foucauld, canonizado recentemente
(15/5/2022), para que, pela vida oculta de Jesus e pela chaga de seu ombro, que
seja Deus honrado, louvado e glorificado. Assim seja!
*Padre
Geovane Saraiva – Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor,
poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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