Sacerdote [1840 – 1889]
Berço
agrícola
Josef de Veuster-Wouters nasceu no dia 3
de janeiro de 1840, numa pequena cidade da Bélgica, num lar católico de
pequenos proprietários agrícolas, foi o mais novo entre sete irmãos. Ele viu
duas irmãs e seu irmão mais velhos tornarem-se religiosos, esse último da
Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.
O chamado é
mais forte
Contrariando a expectativa do pai, que
queria que ele se tornasse seu sucessor nos negócios familiares, Josef sentiu o
chamado à vida religiosa. Sonhava ser missionário em terras longínquas, como
São Francisco Xavier, por quem nutria grande devoção. Tendo ingressado na mesma
congregação de seu irmão, recebeu o nome religioso de Damião.
Ide
Com 21 anos, Damião estava em Paris,
terminando seus estudos teológicos, quando ouviu a palestra de um bispo do
Havaí, em que ele falava dos problemas da região e tentava conseguir
missionários para ir até o local. Uma epidemia de febre tifoide atingiu o
colégio. E seu irmão, que se candidatara para ir em missão, adoeceu e não pôde
ir. Damião, que ainda nem havia sido ordenado sacerdote, pediu insistentemente
que fosse enviado para o Havaí, chegando ao ponto de escrever uma carta ao
superior da Ordem do Sagrado Coração, que permitiu sua partida.
Ordenação
e missão
Foi ordenado sacerdote e partiu numa
viagem complicada, que durou quase cinco meses, um prenúncio do calvário que
seria a sua vida a partir de então. Após oito anos de uma experiência
desafiadora, mas fecunda entre os nativos do Havaí, algo de novo mudaria sua
vida completamente.
Por amor às
almas, enfrentou a lepra
Naquela época, havia uma grande
disseminação de lepra no arquipélago do Havaí, possivelmente oriundo dos
imigrantes chineses que chegavam à região. Os nativos polinésios não tinham
nenhuma resistência à bactéria que causa a lepra, doença considerada incurável
na época e normalmente associada – de maneira completamente equivocada – à
pobreza e aos hábitos morais reprováveis. Temendo uma proliferação em todo o
território, o governo local tomou uma decisão duríssima: os leprosos do Havaí
seriam todos confinados à força numa ilha à qual somente seria possível chegar
ou sair de navio. Preocupado com as almas daqueles doentes, o bispo local
sondou os sacerdotes para saber se alguém se voluntariava para ir à ilha
Molokai, sabendo que quem se dispusesse estava assinando uma sentença de morte,
já que o contágio era inevitável.
Cenário
infernal
Quatro sacerdotes se apresentaram,
dentre eles, Damião, que foi escolhido para ir primeiro. Uma vez lá, ele se
deparou com um cenário verdadeiramente infernal. Abandonados à própria sorte,
quase mil leprosos – esse número variou muito ao longo dos anos – viviam na
completa pobreza material e moral, entregues à devassidão, às drogas e ao
crime. O primeiro ato do padre Damião foi celebrar uma Missa, numa capela ainda
inacabada, com a participação de apenas dois leprosos. À medida que o tempo foi
passando, o padre Damião foi tomando consciência do imenso desafio que tinha
pela frente. Movido pelo amor a Deus e pelo desejo de salvação das almas, ele
foi, para aqueles leprosos, médico, carpinteiro, pedreiro, cozinheiro,
professor e, principalmente, sacerdote, pai, pastor de almas.
Sepultou
milhares
Quando chegou à Molokai, a situação era
tão calamitosa que os mortos sequer eram enterrados. O padre Damião cavou e
sepultou mais de dois mil leprosos ao longo dos quinze anos que permaneceu na
ilha. Construiu trezentas cabanas, fez cerca de dois mil caixões, organizou o
cemitério, construiu uma igrejinha de alvenaria, um pequeno hospital, um
pequeno canal para fazer chegar água potável para o povoado. Mais do que as
obras, ele devolveu àquele povo o sentido de viver, tratando os leprosos sempre
com amor e carinho.
Frase do
santo
“O corpo corrompe-se rapidamente. Só a alma é
importante.”
Vítima da
lepraSÃO D
Após dez anos de apostolado em Molokai,
certa vez, ele derramou água quente no pé e não sentiu nada: era a comprovação
de que havia contraído a lepra. Na homilia do domingo seguinte, deu a notícia
aos seus fiéis leprosos da seguinte forma:
“Nossa verdadeira pátria é o Céu, para onde nós,
os leprosos, estamos certos de ir muito em breve […]. Lá não haverá mais nem
lepra nem feiura, e seremos transfigurados.”
Clareira no
coração da história
São Damião de Veuster ou São Damião de
Molokai é “uma clareira no coração da história”, e nos ensina que “nenhum sacrifício é grande demais, se feito por amor a
Jesus Cristo”. Seu exemplo comoveu o mundo,
a ponto de membros das mais diversas denominações religiosas admirarem sua
determinação e seu amor pelos leprosos. A respeito dele, Mahatma Ghandi disse: “É preciso
saber de onde tirou este homem a força para tal heroísmo”. Nós sabemos de onde ele tirou esta força: da Eucaristia,
centro da sua vida, alimento diário, pão dos fortes e sustento dos fracos.
Canonização
Na homilia de sua canonização, ocorrida
no dia 11 de outubro de 2009, o Papa Bento XVI diz que São Damião de Veuster, “o servidor
da Palavra que se tornou assim um servo sofredor, leproso com os leprosos”,
“convida-nos a abrir os olhos sobre as lepras que desfiguram a humanidade dos
nossos irmãos e interpelam ainda hoje, mais do que a nossa generosidade, a
caridade da nossa presença servidora”.
A minha oração
“São Damião
de Veuster, seu exemplo me ensina que é possível sair de mim mesmo e ir ao
encontro dos leprosos de nosso tempo, dos marginalizados, daqueles com quem
ninguém se importa. Inspirai-me a doar a minha vida, a ser tudo para todos por
amor a Jesus Cristo.
Ajudai-me a perseverar no serviço e na
oração, rogai por mim, para que eu tenha tal amor a Cristo que me desapegue
inclusive da minha própria vida.
Ajudai-me a perceber que não há
sacrifício grande demais se eu o fizer por amor a Nosso Senhor.
Ajudai-me a nunca parar nas aparências,
nunca nutrir preconceitos com quem quer que seja, mas ser sempre o rosto e as
mãos amorosas de Cristo para todos aqueles que precisam ser amados e cuidados
neste mundo.”
São Damião de Veuster, patrono
espiritual dos leprosos e marginalizados, rogai por nós!
Outros
santos e beatos que a Igreja faz memória em 15 de abril:
- Santos Teodoro e Pausilipo, mártires, que, segundo a
tradição, sofreram a morte no tempo do imperador Adriano. († 117/137)
- São Crescente, que sofreu o martírio na
fogueira, na atual Turquia. († data inc.)
- São Marão, mártir, na Itália († data inc.)
- Santo Abúndio, que, segundo o
testemunho do papa São Gregório, foi humilde e fiel mansionário desta
igreja, em Roma († c. 564)
- São Paterno, bispo de Avranches, que
fundou muitos mosteiros e, na atual França († c. 565)
- Santo Ortário, abade, dedicado a uma
vida de austeridade e de oração e assíduo na assistência aos enfermos e
aos pobres, na França († s. XI)
- São César de Bus, presbítero, que,
convertendo-se da vida mundana, se dedicou à pregação e à catequese e
fundou a Congregação dos Padres da Doutrina Cristã, na França († 1607)
Fontes
- vatican.va
- Martirológio Romano
- Arautos do Evangelho – arautos.org
- franciscanos.org.br
- agencia.ecclesia.pt
– Pesquisa: José Leonardo – Comunidade Canção
Nova – Aracaju (SE)
– Produção e edição: Fernando Fantini –
Comunidade Canção Nova
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