O
Papa Francisco, no primeiro dia de sua viagem a Malta (36ª), de 1º a 3 de abril
de 2022, no coração do Mediterrâneo, destacou a importância das portas abertas
para a paz, para acolher quem foge da guerra e da miséria. Francisco, com suas
alocuções para todas as pessoas de boa vontade, perante uma sociedade que
parece contrariar o projeto de Deus, proclamado há dois mil anos por Jesus de
Nazaré, rezou para que todos tenham “a graça de um bom coração, que palpite de
amor pelos irmãos”.
Como
se dar conta da esperança com olhos ao inesperado? A guerra que parecia ser
distante da humanidade, tida como “guerra fria”, atingiu em cheio, e
diretamente, o mundo. A oração proclamada por Francisco, naquele local do
Mediterrâneo, recorda o naufrágio sofrido pelo Apóstolo dos Gentios na Ilha de
Malta, no esforço de perceber sinais de um mundo reconciliado: “Ajudai-nos a
reconhecer de longe as necessidades daqueles que lutam por entre as ondas do
mar, atirados contra as rochas duma costa desconhecida”. Jesus, filho de Maria
de Nazaré e do carpinteiro José, quer, neste final de quaresma, na inspiração
do Papa, desmanchar a montanha da falta de esperança no mundo.
As
ondas do valente mar, na vida das pessoas, mesmo com o seu mais digno argumento
da sonhada esperança, por vezes esvaziada, quando, no mundo, na sociedade e na
própria Igreja, se percebe esvaziar ou aproximar o distanciamento da vida com a
esperança, como dom e graça, no abalo de sua deletéria degradação, quando se
transparecem longínquos e remotos o referencial e a meta do monte sagrado, a
glória futura. Eis o apelo de Deus para todos: de escutar, na convocação do
Papa Francisco, seu clamor solidário, como na assertiva de Dom Helder: “No amor
para dar, difundir e semear”.
No
mundo, com o estigma da insensatez e da ausência de corações generosos e
solidários, mas amparado pelo manto da justiça e da paz, que sejamos
impulsionados, à luz da concretude do Evangelho, a mudar nosso estilo de vida.
São as guerras nossas de cada dia: no abismo enorme, pelo número incontável de
irmãos empobrecidos, na diversidade do mundo, na exclusão social, na
dependência química, na autossuficiência e na carência de toda natureza.
*Pároco
de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da
academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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