Na
quarta reflexão da Quaresma, Pe. Rafhael Silva Maciel afirma: "A chamada
do Papa Francisco para que nos unamos a ele no Ato da Consagração da Rússia e
da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria acontecerá dentro de uma Celebração
Penitencial, com confissões individuais. Esse dado deveria nos chamar a
atenção: a verdadeira devoção à Nossa Senhora leva os fiéis ao Sacramento da
Reconciliação"
Vatican News
No Evangelho do 3º Domingo da Quaresma (Lc 13,1-9),
por duas vezes lemos a mesma advertência da parte de Jesus: “Mas se vós
não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13,3.5).
Sem muito esforço, lembramos que essa mesma mensagem nos foi transmitida bem no
início da Quaresma, na Quarta de Cinzas: “Convertei-vos e crede no
Evangelho” (Mc 1,15). Sabemos que a Quaresma é esse tempo especial que
a graça de Deus nos concede todos os anos, através da Igreja, para que possamos
dar passos ainda mais firmes em nosso caminho de conversão. Mas, não é só
preciso saber, devemos tomar uma decisão!
A oração inicial da Missa do 3º Domingo da
Quaresma, nos recordava os remédios eficazes para que possamos fazer nosso
itinerário de conversão: “Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda
bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio
contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que,
humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa
misericórdia.” (MR, III Dom. Quaresma).
Eis a sabedoria pedagógica da Igreja, que está
sempre a nos recordar os meios eficazes para nossa conversão, para nossa
“mudança de mentalidade”. Somos chamados pelo próprio Senhor a mudar nossa
mentalidade mesquinha e egoísta, utilizando-nos do jejum para quebrar nosso
orgulho e nossa luxúria; a esmola para quebrar nosso egoísmo e avareza; a
oração para quebrar nossa prepotência e sede de poder.
Exatamente na estrada de “uma Quaresma pela Paz”,
com grande alegria e esperança recebemos o convite do Santo Padre Francisco,
para nos unirmos a ele no Ato de Consagração da Rússia e da Ucrânia
ao Imaculado Coração de Maria, no próximo dia 25 de março. Assim, se
faz mais uma vez eco ao apelo da sempre Virgem Maria, em suas aparições na Cova
da Iria, em Fátima, Portugal. As aparições de Fátima, sem dúvida, estão muito
conectadas com o mistério da Revelação Divina, em Nosso Senhor Jesus Cristo. Se
a Igreja nos apresenta na sua liturgia quaresmal um apelo constante à
conversão, os pedidos de Nossa Senhora em Fátima não fazem outra coisa a não
ser corroborar o chamado à mudança de mentalidade que Jesus Cristo veio nos
fazer.
Rezem o terço, façam penitência! Era isso que Nossa Senhora pedia aos
pastorzinhos, no dia 13 de julho de 1917: “continuem a rezar o terço
todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo
e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”. Primeiro pilar
da conversão: a Oração. Mais especificamente, a sempre Virgem Maria pede a
oração pelo fim da guerra. Ousaria dizer, que a guerra, para além daquela
promovida pela violência das armas, como estamos assistindo, também pode se
esconder nas guerras “fratricidas” entre aqueles que promovem a discórdia com
fofocas, com falsas notícias, com ideologias horrendas que atingem os
fundamentos da família e da religião, que promovem o aborto, a eutanásia,
enfim.
Naquela mesma visão que os pequenos pastores
tiveram em 13 de julho de 1917, a Venerável serva de Deus, Ir. Lúcia, narra que
viram “o Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte
disse: Penitência, Penitência, Penitência”. Eis os
dois outros pilares da conversão: a esmola e o jejum. Em uma sociedade em
que o prazer a todo custo, o poder e o dinheiro parecem falar mais alto, a
mensagem evangélica das aparições de Fátima chama os fiéis à mortificação e ao
sacrifício; em meio às ideologias político-econômicas do consumismo, às
ideologias de gênero e do relativismo permissivo, a Mensagem de Fátima é tão
atual quanto foi em 1917.
A chamada do Papa Francisco para que nos unamos a
ele no Ato da Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria
acontecerá dentro de uma Celebração Penitencial, com
confissões individuais. Esse dado deveria nos chamar a atenção: a
verdadeira devoção à Nossa Senhora leva os fiéis ao Sacramento da Reconciliação,
nos leva diante do tribunal da misericórdia e nos interpela a mudarmos nossa
mentalidade, tantas vezes afetada pelas insídias de Satanás. Ao nos
aproximarmos do confessionário pedimos o perdão a Jesus, que “não
é fruto dos nossos esforços, mas uma dádiva, um dom do Espírito Santo, que nos
enche da água da misericórdia e de graça que brota incessantemente do Coração
aberto de Cristo Crucificado e Ressuscitado” (Francisco, Audiência
19.02.2014). Aproveitemos, então, esses dias para fazermos uma boa
confissão e, mais uma vez, oferecer nossas penitências pelo fim da guerra, por
intercessão do Imaculado Coração de Maria.
Pe. Rafhael Silva Maciel
Missionário
da Misericórdia
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-03/ma-quaresma-pela-paz-padre-raphael-maciel-4.html
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