Há quase 10
anos fui chamado para trabalhar num seminário, que se realizou no Sitio Santo
Inácio, no Eusébio, na equipe de cozinha. Participei de algumas reuniões
preparatórias, coordenadas pelo Chico Rocha,
a primeira pessoa que conheci na Face de Cristo. Foi, inclusive,
atendendo a um convite dele, que fiz o primeiro seminário na comunidade. Terminado
o louvor, o Chico Rocha transmitiu para os membros da equipe o que iríamos
fazer.
Com a minha
curiosidade de jornalista, simplesmente indaguei ” Vamos ter que executar isso
que você está mandando, sem contestação?. Temos que ser obedientes?. Não
podemos reclamar? Temos que baixar a cabeça? “E nunca mais me esqueci da
resposta do Chico Rocha. “E, sim. Temos que obedecer”. Fiquei calado e o Chico
naquele momento, cheio do Espírito Santo, continuou: “Jesus Cristo foi obediente.
Ele foi tão obediente, que teve uma morte de cruz. Não fez nenhuma indagação ao
Pai. Foi obediente para nos salvar”. Continuou, porque sentiu que eu não tinha
aceitado a sua resposta.
Pegou a sua
Bíblia e pediu para que todos abrissem as suas nesse texto: “Sendo Jesus de
condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se
a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E
sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se
obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou soberanamente
e lhe outorgou o nome que está acima de
todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra
e nos infernos. E toa língua confesse, para a glória de Deus Pai que Jesus Cristo
é o Senhor” (Filipensesn2, 6-11).
Calei-me e passei a ter comportamento diferente com relação à obediência.
Há anos
venho sendo convidado pela Comunidade para participar de um encontro em que faríamos,
eu, minha mulher e outros, parte de um grupo de postulantes, com duração de
dois anos, e logo em seguida o “Noviciado’, de mais dois anos, no qual
completaremos em outubro deste ano.. Ao completarmos essa etapa , depois de um discernimento
da Comunidade, poderemos ser consagrados ou não. E logo quando iniciamos essa
caminhada, para chegarmos à consagração, se for da vontade de Deus, as pregações foram e continuam
sendo em cima das colunas de sustentação Amor, Perdão, Humildade e Obediência,
especialmente, Obediência, como ouvi na primeira pregação “Vocês nunca tomaram conhecimento
de um desobediente no céu!”. O pregador era o coordenador geral, Aluízio Nóbrega,
que inclusive leu para todos numa das regras o texto de João 8, 29b, quando Jesus
em resposta aos escribas e fariseus disse: “Ele não me deixou sozinho, porque
faço sempre o que é do seu agrado”.
No último
Natal, lendo Mateus deparei-me com um texto sobre o nascimento de Jesus, ainda
no primeiro capítulo, que diz: “Antes de coabitarem, aconteceu que Maria concebeu
por virtude do Espírito Santo José, seu esposo, que era homem de bem, não
querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente.” Enquanto assim pensava,
eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em SONHO e lhe disse: “José, filho de
Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do
Espírito. Ela dará à luz um filho a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará
o seu povo de seus pecados.” Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o
Senhor falou pelo profeta. “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz a um filho que se chamará Emanuel “ (Is
7, 14) que significa “Deus Conosco”. Despertando, José fez como o anjo do Senhor
lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse
conhecido, ela deu á luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus.
E Jesus
nasceu em Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes. E conta Mateus, no segundo
capitulo, que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém perguntando “Onde
está o rei dos judeus, que acaba de nascer”? Nós vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorá-lo”.
Ao tomar
conhecimento, Herodes ficou perturbado e perguntou aos sumos sacerdotes, bem
como aos mestres da lei, onde o Messias deveria nascer e eles responderam que
em Belém, na Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta. Herodes chamou em
segredo os magos a quem pediu que procurassem informações exatas sobre o menino
e quando colhessem tudo, “me avisem para que eu também vá adorá-lo”. O rei Herodes
apresenta-se como o símbolo do pecado. E os reis magos viram o menino com Maria,
sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram os seus cofres
e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. E avisados em SONHO para não
voltarem a Herodes (o pecado) , retornaram para a sua terra, seguindo outro
caminho. E que façamos isso, quando sairmos do pecado, não voltemos mais para
ele. Façamos como os magos, sigamos em frente e não voltemos mais pelo que passamos
que foi o do pecado.
Mas, depois
da partida dos magos, um anjo do Senhor apareceu em SONHO a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito e fica lá até
que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José
levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito e
ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor
disse pelo profeta: “Eu chamei do Egito meu filho (Oséias 11,1).
E depois da
morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em SONHO a José, no Egito, disse: “Levanta-te,
toma o menino ´Tua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que
atentavam conta a vida do menino.” José levantou-se, tomou a criança e sua mãe
e foi para a terra de Israel. Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judeia
em lugar de seu pai, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em SONHO,
retirou-se para a província da Galileia e foi habitar na cidade Nazaré para que
se cumprisse o que foi dito pelos profetas “será chamado Nazareno” Segundo a Bíblia
da Ave Maria, no seu comentário e pagina 1.286, esta frase se encontra no
Antigo Testamento. Mas Nazareno parece ser um qualificativo que significa desdém.
Os profetas sobretudo Isaias anunciavam um Servo de Deus humilde e desprezado.
O adjetivo provém, sem dúvida, do nome de Nazaré Serviu para designar os
cristãos (Atos 24,5)
José Maria
Melo
Jornalista e
membro da Comunidade Face de Cristo, de 1995 a 2012.
Publicado no número 14, da revista Face de
Cristo, de
Janeiro e fevereiro de 2003
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