A
II edição do Encontro dos Bispos do Mediterrâneo se realizou em meio à eclosão
de um novo conflito na Europa, que se soma aos inúmeros focos presentes no
Oriente Médio e no norte da África. Na ocasião, o Papa denunciou a
irracionalidade da guerra, quando o paraíso terrestre se transforma "num
inferno".
Bianca Fraccalvieri - Florença
O encontro que se encerrou hoje em Florença foi a
segunda edição do evento que se realizou na cidade italiana de Bari em
fevereiro de 2020.
Naquela ocasião, o Papa Francisco fez um forte
discurso para denunciar os muitos focos de instabilidade e guerra, quer no
Oriente Médio, quer em vários Estados do norte da África.
Dois anos se passaram e à insensatez daqueles
conflitos se acrescentou outro: não precisamente no Mediterrâneo, mas ao seu
lado, desta vez no coração da Europa.
A guerra, disse então o Pontífice, “vai contra a
razão”. E a sua declaração poderia ter sido pronunciada hoje, com a mesma
intensidade e valor:
“Por outras palavras, a guerra é uma loucura, pois
é louco destruir casas, pontes, fábricas, hospitais, matar pessoas e destruir
recursos, em vez de construir relações humanas e econômicas. É uma loucura a
que não podemos resignar-nos: a guerra nunca poderá passar por normalidade, nem
ser aceita como via inevitável para regular divergências e interesses
contrapostos. Nunca…”
“O
objetivo último de toda a sociedade humana continua a ser a paz, pelo que
reafirmo que «não há alternativa possível à paz» para ninguém. Não há qualquer
alternativa sensata à paz, porque todo o projeto de exploração e supremacia
brutaliza seja quem fere seja a quem é ferido, e revela uma concepção míope da
realidade, uma vez que priva do futuro não apenas o outro mas também o próprio.
Assim, a guerra aparece como o falimento de todo o projeto humano e divino:
basta visitar uma paisagem ou uma cidade, palcos dum conflito, para se dar
conta de como, por causa do ódio, o jardim se transforma numa terra desolada e
inóspita, e o paraíso terrestre num inferno. E, a isto, gostaria de acrescentar
o grave pecado da hipocrisia que se verifica quando, nas conferências
internacionais, nas reuniões, tantos países falam de paz e, depois, vendem as
armas aos países que estão em guerra. Isto chama-se a grande hipocrisia.”
Fonte:
Vatican News
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