A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) é contra a legalização dos jogos de azar no Brasil. Em nota
divulgada nesta terça-feira, 1º de fevereiro, a Presidência da entidade reitera
sua “inegociável posição” em desacordo com a mobilização feita nas últimas
sessões de 2021 na Câmara dos Deputados que favorece a regulamentação, logo nas
primeiras sessões deste ano 2022, da exploração de jogos de azar no país.
“Cabe-nos, por razões éticas e
evangélicas, alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos
morais, sociais e, particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é
considerado uma patologia no Código Internacional de Doenças da Organização
Mundial de Saúde. O sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face
mais perversa na pessoa que sofre dessa compulsão”, afirmam os bispos.
A Conferência também denuncia os
“falsos argumentos” em favor da aprovação do Projeto de Lei 442/91, os quais
“não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem
de dinheiro e o crime organizado”.
“A CNBB conclama o Congresso Nacional
a rejeitar este projeto e qualquer outra iniciativa que pretenda regularizar os
jogos de azar no Brasil. O voto favorável ao jogo será, na prática, um voto de
desprezo pela vida, pela família e seus valores fundamentais”, exorta a
Conferência.
No contexto do ano eleitoral, “a CNBB
assume o compromisso de acompanhar atentamente essa tramitação e divulgar
amplamente o nome dos parlamentares que escolherem deixar suas digitais nessa
delituosa afronta ao povo brasileiro”.
Confira o texto na íntegra:
Brasília-DF, 01 de fevereiro de 2022.
P – Nº. 012/22
NOTA DA CNBB CONTRA
A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL
Uma árvore má não pode dar frutos bons
(cf. Mt 7,18)
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil-CNBB, através de sua Presidência, acompanhou perplexa, no apagar das
luzes do ano de 2021, a aprovação na Câmara de Deputados do requerimento nº
5.358/16, que assinala como urgente a apreciação do Projeto de Lei 442/91. Esse
nefasto ato acelerou o caminho para regulamentar, logo nas primeiras sessões do
ano 2022, a exploração de jogos de azar no país. Nesse período os parlamentares
ainda estarão deliberando de maneira virtual, o que na prática limita o debate,
camufla as posições e facilita as artimanhas regimentais. Diante desse
lamentável fato, a CNBB reitera a sua inegociável posição contra a legalização
dos jogos de azar no Brasil.
Os argumentos de que esta liberação
aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação de postos de trabalho
e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica, seguem a repudiante
tese de que os fins justificam os meios. Esses falsos argumentos não consideram
a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o
crime organizado. Diversas instituições de Estado têm alertado que os cassinos
podem facilmente transformar-se em instrumentos para que recursos provenientes
de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas.
Cabe-nos, por razões éticas e evangélicas,
alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos morais, sociais
e, particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é considerado uma
patologia no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde. O
sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face mais perversa na
pessoa que sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, esta pessoa acaba
por desprezar a própria vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares,
destruindo assim sua família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo
como negócio prosperam e seus proprietários se tornam cada vez mais ricos. A
autorização do jogo não o tornará bom e honesto. Nosso país não precisa disso!
A CNBB conclama o Congresso Nacional
a rejeitar este projeto e qualquer outra iniciativa que pretenda regularizar os
jogos de azar no Brasil. O voto favorável ao jogo será, na prática, um voto de
desprezo pela vida, pela família e seus valores fundamentais. Particularmente
neste ano eleitoral, a CNBB assume o compromisso de acompanhar atentamente essa
tramitação e divulgar amplamente o nome dos parlamentares que escolherem deixar
suas digitais nessa delituosa afronta ao povo brasileiro.
Inspirados pela voz profética de
Maria, Mãe de Jesus, Nossa Senhora Aparecida, e sob sua proteção, se continuará
a labuta da construção do Brasil justo, honesto e honrado!
D. Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte, MG
Presidente
D. Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente
D. Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima, RR
2º Vice-Presidente
D. Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral
Baixe a nota contra a legalização dos
jogos de azar em PDF:
📄 NOTA DA CNBB CONTRA A
LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL
Fonte: CNBB
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