No Domingo da Palavra de Deus, Francisco da importância do "hoje" de Deus e se dirigiu de modo especial aos pregadores, que devem apresentar o Evangelho sem moralismos e conceitos abstratos.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O Angelus deste domingo ensolarado e frio em Roma
foi marcado por uma proposta do Papa Francisco: ler todos os dias um pequeno
trecho do Evangelho de Lucas.
Aos
milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice comentou o Evangelho
da Liturgia de hoje, quando Jesus inaugura a sua pregação.
O
"hoje" de Deus
Ele vai até Nazaré, onde cresceu, e participa da oração na
sinagoga, lendo um trecho do livro do profeta Isaías. E Jesus assim começa:
“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura”.
O Papa concentrou sua reflexão sobre a palavra hoje,
que indica todas as épocas e permanece sempre válido. A profecia de
Isaías remontava a séculos antes, mas Jesus "com a potência do
Espírito" a torna atual e, sobretudo, a leva a termo.
Os conterrâneos de Jesus ficaram impressionados com a sua palavra,
intuem que Nele há “algo a mais”, que é a unção do Espírito Santo.
“Às vezes, acontece que as nossas pregações e os nossos
ensinamentos permaneçam genéricos, abstratos, não tocam a alma e a vida das
pessoas. Por quê? Porque não tem a força deste hoje, aquele que Jesus
'preenche de sentido' com a potência do Espírito.”
As homilias: momentos para despertar, não adormecer
A pregação corre este risco: “Também muitas homilias - o digo
com respeito, mas com dor - são abstratas e ao invés de despertarem a alma, a
adormecem”, constatou o Papa, com os fiéis que começam a olhar o relógio se
perguntando: "Quando isso vai terminar?". Sem a unção do Espírito,
acrescentou Francisco, se escorrega no moralismo e em conceitos abstratos; se
apresenta o Evangelho como distante, como se estivesse fora do tempo, longe da
realidade.
“Mas uma palavra em que não pulsa a força do hoje não é
digna de Jesus e não ajuda a vida das pessoas. Por isso, quem prega é o
primeiro que deve experimentar o hoje de Jesus, de modo que possa comunicá-lo
no hoje dos outros.”
Uma proposta: a leitura diária do Evangelho de Lucas
Neste Domingo da Palavra de Deus, o Papa fez um agradecimento a
todos os pregadores e os anunciadores do Evangelho, fazendo os votos de que
vivam o hoje de
Jesus.
“Lembremo-nos: a Palavra transforma um dia qualquer no hoje
em que Deus nos fala”, disse ainda Francisco, convidando a ler
diariamente o Evangelho, pois assim descobrimos que as palavras ali contidas
foram feitas propositadamente para nós. E o Papa fez então uma proposta:
“Nos domingos deste ano
litúrgico é proclamado o Evangelho de Lucas, o Evangelho da misericórdia. Por
que não lê-lo, mesmo individualmente, um pequeno trecho todos os dias? Vamos
nos familiarizar com o Evangelho, nos trará a novidade e a alegria de Deus!”
É a Palavra também que guiará o percurso sinodal que a Igreja há
pouco empreendeu, disse Francisco, dando ressalto à palavra
"discernimento". Que Nossa Senhora, concluiu, nos obtenha a
constância para nos nutrir todos os dias do Evangelho.
A unidade por intercessão de Irineu
Depois do Angelus, o Papa citou a proclamação esta semana de
Santo Irineu de Lyon como Doutor da Igreja, no contexto da Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos.
"A doutrina deste Santo pastor e mestre é como uma ponte
entre Oriente e Ocidente: por isso, o indicamos como Doutor da Unidade, Doctor
Unitatis. Que o Senhor nos conceda, por sua intercessão, trabalhar todos
juntos pela plena unidade dos cristãos."
Fonte:
Vatican News
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