Foi a partir do Ano da Misericórdia em 2015-2016, que o Papa Francisco propôs
para toda a Igreja dispersa pelo mundo a celebração do Dia dos Pobres no XXXIII
Domingo do Tempo Comum, o domingo anterior à Solenidade de Cristo Rei do
Universo.
Desde então, as comunidades eclesiais têm se manifestado com sensibilização e
gestos concretos de solidariedade com os mais necessitados e carentes como
expressão de humanidade e fé cristã.
Neste ano, segundo de uma pandemia que tem feito muitas vítimas fatais e tantas
outras mais pelas diversas carências na sua sobrevivência e dignidade no seio
da humanidade.
Assim o Santo Padre o Papa Francisco propôs para este ano 2021, através de
mensagem diriginda a todas as pessoas, a partir da própria Igreja Católica,
atenção às palavras de Jesus: “Pobres, sempre tereis entre
vós.” (Mc 14,7) como um chamado a abrir os olhos e
o coração para com os irmãos que são mais necessitados entre todos. E a partir
desta sensibilidade a concretizar de muitas maneiras, respondendo às mais
variadas necessidades, com gestos humanos e divinos de solidariedade. E “Não amemos só com palavras , mas com obras” (1Jo 3, 18)!
Na tradição catequética da Igreja se resumem, com abertura de compreensão, não
de modo exclusivo, as chamadas “obras de misericórdia materiais e espirituais”.
Elas levam à abertura para as necessidades do próximo, dos “pobres que sempre teremos entre nós” (cf. Mc 14m 17),
indo ao seu encontro com simpatia e fraternidade, e com o olhar mais profundo
da fé, reconhecendo neles a presença do próprio Senhor que afirmou, diante de
gestos de solidariedade ou de indiferença? “O que fizestes (ou não
fizestes) ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes (ou não
fizestes)”. (cf. Mt 25, 31-46)
O cuidado dos pobres, a solidariedade com eles, a partilha de vida entre todas
as pessoas humanas com mais igualdade, justiça e fraternidade, nunca será
apenas algo a se acrescentar à convivência humana, mas razão mesma de sua
dignidade e realização. E o cuidado a partir dos mais enfraquecidos, dos mais
necessitados, dos empobrecidos de muitos modos, o único caminho verdadeiro para
que isto aconteça.
Da mensagem do Papa Francisco para este V Dia Mundial dos Pobres, destacamos:
“8. «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7): é
um convite a não perder jamais de vista a oportunidade que se nos oferece para
fazer o bem. Como pano de fundo, pode-se vislumbrar o antigo mandamento
bíblico: «Se houver junto de ti um indigente entre os teus irmãos (…), não
endurecerás o teu coração e não fecharás a tua mão ao irmão necessitado.
Abre-lhe a tua mão, empresta-lhe sob penhor, de acordo com a sua necessidade,
aquilo que lhe faltar. (…) Deves dar-lhe, sem que o teu coração fique pesaroso;
porque, em recompensa disso, o Senhor, teu Deus, te abençoará em todas as
empresas das tuas mãos. Sem dúvida, nunca faltarão pobres na terra» (Dt 15,
7-8.10-11). E no mesmo cumprimento de onda se coloca o apóstolo
Paulo, quando exorta os cristãos das suas comunidades a socorrer os pobres da
primeira comunidade de Jerusalém e a fazê-lo «sem tristeza nem
constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7).
Não se trata de serenar a nossa consciência dando qualquer esmola, mas antes
contrastar a cultura da indiferença e da injustiça com que se olha os pobres.”
Tudo no desejo que cada vez mais nas nossas Igrejas locais se torne realidade a
busca dos pobres lá onde estão e não apenas a espera que nos venham buscar. E
possamos nós mesmos dizer realmente que nós também somos pobres e necessitados,
assim conseguiremos reconhecer que fazemos parte da mesma vida e caminho de
salvação.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo
Metropolitano de Fortaleza
Nenhum comentário:
Postar um comentário