sábado, 6 de novembro de 2021

ARCEBISPO REFLETE NO EDITORIAL DE NOVEMBRO SOBRE O "DIA MUNDIAL DOS POBRES"



            Foi a partir do Ano da Misericórdia em 2015-2016, que o Papa Francisco propôs para toda a Igreja dispersa pelo mundo a celebração do Dia dos Pobres no XXXIII Domingo do Tempo Comum, o domingo anterior à Solenidade de Cristo Rei do Universo.

            Desde então, as comunidades eclesiais têm se manifestado com sensibilização e gestos concretos de solidariedade com os mais necessitados e carentes como expressão de humanidade e fé cristã.

            Neste ano, segundo de uma pandemia que tem feito muitas vítimas fatais e tantas outras mais pelas diversas carências na sua sobrevivência e dignidade no seio da humanidade.

            Assim o Santo Padre o Papa Francisco propôs para este ano 2021, através de mensagem diriginda a todas as pessoas, a partir da própria Igreja Católica, atenção às palavras de Jesus: “Pobres, sempre tereis entre vós.”  (Mc 14,7)  como um chamado a abrir os olhos e o coração para com os irmãos que são mais necessitados entre todos. E a partir desta sensibilidade a concretizar de muitas maneiras, respondendo às mais variadas necessidades, com gestos humanos e divinos de solidariedade. E “Não amemos só com palavras , mas com obras” (1Jo 3, 18)!

            Na tradição catequética da Igreja se resumem, com abertura de compreensão, não de modo exclusivo, as chamadas “obras de misericórdia materiais e espirituais”. Elas levam à abertura para as necessidades do próximo, dos “pobres que sempre teremos entre nós” (cf. Mc 14m 17), indo ao seu encontro com simpatia e fraternidade, e com o olhar mais profundo da fé, reconhecendo neles a presença do próprio Senhor que afirmou, diante de gestos de solidariedade ou de indiferença? “O que fizestes (ou não fizestes) ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes (ou não fizestes)”. (cf. Mt 25, 31-46)

            O cuidado dos pobres, a solidariedade com eles, a partilha de vida entre todas as pessoas humanas com mais igualdade, justiça e fraternidade, nunca será apenas algo a se acrescentar à convivência humana, mas razão mesma de sua dignidade e realização. E o cuidado a partir dos mais enfraquecidos, dos mais necessitados, dos empobrecidos de muitos modos, o único caminho verdadeiro para que isto aconteça.

            Da mensagem do Papa Francisco para este V Dia Mundial dos Pobres, destacamos: “8. «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7): é um convite a não perder jamais de vista a oportunidade que se nos oferece para fazer o bem. Como pano de fundo, pode-se vislumbrar o  antigo mandamento bíblico: «Se houver junto de ti um indigente entre os teus irmãos (…), não endurecerás o teu coração e não fecharás a tua mão ao irmão necessitado. Abre-lhe a tua mão, empresta-lhe sob penhor, de acordo com a sua necessidade, aquilo que lhe faltar. (…) Deves dar-lhe, sem que o teu coração fique pesaroso; porque, em recompensa disso, o Senhor, teu Deus, te abençoará em todas as empresas das tuas mãos. Sem dúvida, nunca faltarão pobres na terra» (Dt 15, 7-8.10-11). E no mesmo cumprimento de onda se coloca o apóstolo Paulo, quando exorta os cristãos das suas comunidades a socorrer os pobres da primeira comunidade de Jerusalém e a fazê-lo «sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7). Não se trata de serenar a nossa consciência dando qualquer esmola, mas antes contrastar a cultura da indiferença e da injustiça com que se olha os pobres.”

            Tudo no desejo que cada vez mais nas nossas Igrejas locais se torne realidade a busca dos pobres lá onde estão e não apenas a espera que nos venham buscar. E possamos nós mesmos dizer realmente que nós também somos pobres e necessitados, assim conseguiremos reconhecer que fazemos parte da mesma vida e caminho de salvação.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques

Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

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