Francisco
no Angelus deste domingo na Praça São Pedro: as contradições, situações que
revelam nossa fragilidade são ocasiões privilegiadas para experimentar o amor
de Deus. Quem reza com perseverança sabe bem: em momentos de escuridão ou
solidão, a ternura de Deus é ainda mais presente.
Silvonei José – Vatican News
"Jesus, fazendo o gesto de abraçar uma
criança, identificou-se com os pequenos: foi o que disse o Papa Francisco na
sua alocução que precedeu a oração mariana do Angelus na Praça São Pedro ao meio-dia
deste domingo (03/10).
Destacando
o Evangelho de hoje o Papa disse que vemos uma reação bastante incomum de
Jesus: ele está indignado. E o que é mais surpreendente é que sua indignação
não é causada pelos fariseus que o testam com perguntas sobre a legalidade do
divórcio, mas por seus discípulos que, para protegê-lo da multidão, repreendem
algumas crianças que são levadas a Ele. Em outras palavras, o Senhor não está
zangado com aqueles que discutem com Ele, mas com aqueles que, a fim de
aliviá-lo da fadiga, distanciam d’Ele as crianças. Por quê?, pergunta o Papa.
"Recordamos - era o
Evangelho de dois domingos atrás - que Jesus, ao fazer o gesto de abraçar uma
criança, identificou-se com os pequenos: ele ensinou que são precisamente os
pequenos, ou seja, aqueles que dependem dos outros, que estão necessitados e
não podem retribuir, que devem ser servidos por primeiro. Aqueles que buscam a
Deus o encontram ali, nos pequenos, nos necessitados: não só de bens, mas de
cuidados e conforto, como os doentes, os humilhados, os prisioneiros, os
imigrantes e os encarcerados. Ele está ali. É por isso que Jesus está
indignado: todo insulto feito a um pequeno, a uma pessoa pobre, a uma pessoa
indefesa, é feito a Ele".
A Novidade
O Papa Francisco destacou em seguida que hoje o Senhor retoma
este ensinamento e o completa. De fato, ele acrescenta: "Quem não acolher
o Reino de Deus como o acolhe uma criança, não entrará nele".
“Eis
a novidade: o discípulo não deve servir apenas aos pequenos, mas reconhecer-se,
ele mesmo, pequeno. Saber-se pequeno, saber-se necessitado de salvação, é
indispensável para acolher o Senhor. É o primeiro passo para nos abrirmos a
Ele. Mas muitas vezes esquecemos disso”.
Reconhecer-se
pequeno
Na prosperidade, - disse Francisco - no bem-estar, temos a
ilusão de sermos autossuficientes, de sermos suficientes a nós mesmos, de não
precisarmos de Deus. Isto é um engano, porque cada um de nós é um ser
necessitado, um ser pequeno.
“Na
vida, reconhecer-se pequeno é o ponto de partida para se tornar grande. Se
pensarmos nisso, crescemos não tanto com base nos sucessos e nas coisas que
temos, mas sobretudo nos momentos de luta e fragilidade. Ali, na necessidade,
amadurecemos; ali abrimos nosso coração a Deus, aos outros, ao sentido da
vida”.
O Santo Padre sublinhou que “quando nos sentimos pequenos diante
de um problema, de uma cruz, de uma doença, quando sentimos cansaço e solidão,
não devemos desanimar. “A máscara da superficialidade está caindo e nossa
radical fragilidade está reemergindo: é a nossa base comum, nosso tesouro,
porque com Deus as fragilidades não são um obstáculo, mas uma oportunidade”.
“Uma bonita oração seria esta disse o Papa: "Senhor, olha para minhas
fraquezas..." e enumrá-las diante d’Ele. Esta é uma boa atitude diante de
Deus”.
Na verdade, - prosseguiu o Santo Padre - é precisamente na
fragilidade que descobrimos o quanto Deus cuida de nós. O Evangelho deste
domingo diz que Jesus é mais terno com os pequenos: "tomando-os em seus
braços, abençoou-os, impondo-lhes suas mãos". Francisco disse em seguida
que contradições, situações que revelam nossa fragilidade são ocasiões privilegiadas
para experimentar seu amor. Quem reza com perseverança sabe bem: em momentos de
escuridão ou solidão, a ternura de Deus para conosco torna-se - por assim dizer
- ainda mais presente. Isso nos dá paz, nos faz crescer. Em oração, - sublinhou
Francisco - o Senhor nos mantém próximos de Si, como um pai com seu filho. É
assim que nos tornamos grandes: não na ilusória pretensão de nossa
autossuficiência, mas na força de colocar toda a esperança no Pai. Assim como
fazem os pequenos.
O Papa concluiu dizendo: “peçamos à Virgem Maria uma grande
graça, a da pequenez: ser crianças que confiam no Pai, certos de que Ele não
deixa de cuidar de nós.
Fonte:
Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário