O
sacerdote superior provincial da Congregação dos Missionários de Montfort,
morto ontem na região da Vendée por um homem com transtornos psiquiátricos,
havia recebido seu carrasco. A dor e a consternação da Igreja Francesa
Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano
Um refugiado ruandês na França que há um ano havia
ateado fogo na Catedral de Nantes. Este homem, com transtornos psiquiátricos e
em liberdade condicional, foi acolhido pelo padre Olivier Maire, Superior
Provincial da Congregação dos Missionários Montfortinos.
O sacerdote não hesitou em dar acolhida a Emmanuel
Abayisenga, libertado sob controle judiciário no início de junho. O corpo do
clérigo foi encontrado sem vida em Saint-Laurent-sur-Sèvre, na região oeste de
Vendée. Após o assassinato, o jovem ruandês foi à gendarmaria de
Mortagne-sur-Sèvre e confessou ter matado o sacerdote.
Padre Maire - disse o presidente dos bispos
franceses, Dom De Moulins-Beaufort - “viveu até o fim o seguimento de Cristo,
no acolhimento incondicional de todos”.
Cinco anos se passaram desde o brutal assassinato
do padre Jacques Hamel, morto em Rouen, enquanto celebrava a Missa, por dois
extremistas que haviam jurado lealdade ao autoproclamado Estado Islâmico. No
caso do padre Maire, os investigadores excluíram qualquer motivação ligada ao
terrorismo.
Pesar dos bispos
e religiosos franceses por sacerdote assassinado
A Igreja francesa volta a ser abalada por mais um
episódio de violência. Proximidade e solidariedade com todos os católicos da
França também foram expressas pelo presidente, Emmanuel Macron, e pelo
primeiro-ministro, Jean Castex, profundamente consternados com o ocorrido.
A dor dos bispos franceses
Depois do assassinato do padre Olivier Maire, a
Conferência Episcopal francesa e a Conferência dos Religiosos da França
expressam sua imensa tristeza. Os prelados franceses asseguram suas orações à
família, aos missionários montfortinos. O bispo de Rouen, Dominique Lebrun,
recorda as primeiras e últimas palavras da oração que Jesus nos ensinou:
"Pai nosso" e "livrai-nos do mal".
A cada dia, frisa o prelado, o cristão recita esta
oração e depois encontra esperança na fraternidade que Deus deseja para todos
os homens. Com todos os homens de boa vontade, “ele quer lutar contra toda a
violência ao seu redor e dentro dele”. As suas armas são as da "justiça,
paz e perdão". “Domingo, 15 de agosto - acrescenta Dom Lebrun - rezaremos
intensamente à Virgem Maria pela França, com o coração na região da Vendée”.
O bispo da Diocese de Luçon, Dom François Jacolin,
recorda do padre Olivier Maire com estas palavras: “Foi um homem que dedicou a
sua vida ao serviço de Deus, ao serviço de todos. A sua morte é uma tragédia,
mas ao mesmo tempo, na fé, tem um sentido. O próprio Cristo: se a semente não
morre, permanece só, mas se morre dá muito fruto. Este é o pensamento que me
ocorre quando me lembro da vida do padre Olivier Maire, que se entregou aos
outros”.
Mártir da caridade
Conhecido por sua abertura e profunda fé – lê-se no
comunicado da Diocese de Luçon - “padre Olivier Maire morreu vítima de sua
generosidade, um mártir da caridade”. Padre Olivier Maire - recorda ainda a
Diocese de Luçon - foi um "biblista apaixonado pelos Padres da Igreja e
pela patrística grega, também era licenciado em psicologia".
“Para ele, os escritos de São Luís Maria Grignion
de Montfort, redigidos há 300 anos, conservam toda a sua atualidade para
explicar e viver a fé. Em um encontro internacional de espiritualidade
montfortina, pronunciou estas palavras: “A Sabedoria Eterna e Encarnada nos
chama ... Ela grita que não pode ser feliz sem nós, que nos precede, que nos
deseja e que não tem outra intenção senão nos fazer felizes. Não pode ser feliz
sem nós”.
Consternação entre religiosos e
religiosas da França
Nossa reação, enfatiza a irmã Véronique Margron,
presidente da Conferência dos Religiosos e Religiosas da França (CORREF), na
entrevista concedida à redação francesa do Vaticano News, é de consternação.
Consternação ao pensar, acrescenta, que "um homem de paz seja
assassinado". Os missionários montfortinos, recorda a irmã Véronique
Margron, acolheram este homem que devia ter graves problemas psiquiátricos.
Além da consternação, há também "incompreensão e sensação de
impotência".
Veremos,
acrescenta a religiosa, o que a investigação revelar e se determinará que se
tratou de um ato de loucura. Após o incêndio da Catedral de Nantes, os
especialistas que examinaram este homem não pensaram que poderia realizar ações
perigosas. Por enquanto, explica Irmã Véronique Margron, o que é necessário não
só aos religiosos e religiosas, “é antes de tudo a recordação, a manifestação
de dor e a partilha desta dor com os irmãos que viveram com padre Maire, com os
seus pais e parentes, com toda a família montfortina”. A segunda fase, afirma a
religiosa ao concluir, será aguardar o resultado da investigação para saber se
foram cometidos erros neste caso.
Fonte: Vatican News
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