“Neste labirinto de boas intenções é necessário desenvencilhar-se para compreender a verdade suprema na pregação de Jesus e sua revelação do amor do Pai”. Na primeira audiência depois da pausa de verão, o Papa continuou suas catequeses sobre a Carta aos Gálatas com o tema “O Evangelho é um só”
Jane Nogara – Vatican News
“O Evangelho é um só” foi o tema da terceira
catequese do Papa dedicada à Carta aos Gálatas. Nas duas catequeses anteriores,
o Papa inaugurou o novo ciclo comentando as dificuldades enfrentadas pelo
discípulo na obra de evangelização na Galácia.
Paulo
apresenta-se simplesmente como servo de Jesus Cristo, escolhido para ser
apóstolo, reservado para anunciar o Evangelho de Deus e não pode fazer outra
coisa senão dedicar-se com todas as suas forças a esta missão.
Jovem comunidade deixava-se enganar
“Portanto
– comenta Francisco - compreende-se a tristeza, a desilusão e até a amarga
ironia do Apóstolo em relação aos Gálatas, que aos seus olhos tomam um caminho
errado, que os levará a um ponto de não retorno”. “O eixo em torno do qual tudo
gira é o
Evangelho”. Para Paulo, o Evangelho é o que ele prega, o querigma,
o anúncio da morte e ressurreição de Jesus como fonte de salvação. Um Evangelho
que se exprime com quatro verbos: ‘Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu no
terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas’.
Assim,
diante de um dom tão grande que foi dado aos Gálatas, o Apóstolo não consegue
explicar porque eles pensam em aceitar outro “evangelho”. “Contudo - continua
Francisco - devemos notar que estes cristãos ainda não abandonaram o Evangelho
anunciado por Paulo. O Apóstolo sabe que eles ainda estão a tempo de não dar um
passo falso, mas admoesta-os com vigor”.
“O Apóstolo não pode arriscar
que se criem compromissos num terreno tão decisivo. O Evangelho é um só e é
aquele que ele anunciou; não pode haver outro”
O
Evangelho é o de Jesus Cristo
“Atenção!
- esclarece o Pontífice - Paulo não diz que o verdadeiro Evangelho é o seu,
porque foi ele que o anunciou, não! Isto seria presunçoso, seria vanglória.
Aliás, afirma que o 'seu' Evangelho, o mesmo que os outros Apóstolos anunciavam
noutros lugares, é o único autêntico, porque é o de Jesus Cristo". Assim
escreve:
“Asseguro-vos, irmãos, que o
Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não o recebi nem o aprendi de
homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo (Gl 1, 11)”
Paulo usa
termos duros, usa duas vezes a expressão “anátema” que indica a exigência de
manter afastado da comunidade aquilo que ameaça os seus fundamentos. E conclui:
“quando se fala do Evangelho e da sua possível deturpação, não se transige: a
fé em Jesus não é uma mercadoria a negociar”.
Fiéis
movidos por bons sentimentos
Francisco
explica que “esta situação descrita no início da Carta parece paradoxal, pois
todos os sujeitos em questão parecem ser animados por bons sentimentos”. Os
Gálatas que ouvem os novos missionários (...) pensam que assim serão ainda mais
agradáveis a Paulo. Os inimigos de Paulo parecem ser animados pela fidelidade à
tradição, (...) e justificam até as insinuações e suspeitas a respeito de
Paulo, considerado pouco ortodoxo no que se refere à tradição. Porém:
“O próprio Apóstolo está bem
consciente de que a sua missão é de natureza divina e, por isso, é movido por
um entusiasmo total pela novidade do Evangelho. A sua ansiedade pastoral leva-o
a ser severo, porque vê o grande risco que os jovens cristãos enfrentam”
Por fim
Francisco recorda a todos a importância de saber discernir:
"Muitas
vezes vimos na história, e também o vemos hoje, alguns movimentos que pregam o
Evangelho à sua maneira, às vezes com seus verdadeiros carismas; mas depois
exageram e reduzem todo o Evangelho ao 'movimento'. E este não é o Evangelho de
Cristo: este é o Evangelho do fundador, da fundadora, e isto, sim, pode ajudar
no início, mas no final não dá frutos com raízes profundas", adverte o
Papa, e conclui:
“Em
síntese, neste labirinto de boas intenções é necessário desenvencilhar-se para
compreender a verdade suprema que se apresenta como a mais coerente com a
Pessoa e a pregação de Jesus e com a sua revelação do amor do Pai. Por isso, a
palavra clara e decisiva de Paulo foi saudável para os Gálatas e é salutar
também para nós”.
Fonte: Vatican News
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