"É
justo apresentar ao coração de Deus as nossas necessidades, mas o Senhor, que
age bem além das nossas expectativas, deseja viver conosco sobretudo uma
relação de amor. E o amor verdadeiro é desinteressado, é gratuito: não se ama
para receber um favor em troca!"
Jackson
Erpen – Cidade do Vaticano
No centro de uma fé imatura não existe Deus, mas as nossas
necessidades. Assim, para viver uma relação de amor verdadeiro com o Senhor,
devemos interrogar-nos sobre os motivos pelo qual O buscamos, fugindo assim da
tentação idolátrica que leva a buscá-Lo apenas para o “próprio uso e consumo”,
e depois de satisfeitos, “nos esquecemos dele”.
Jesus o
Pão da vida: a narrativa do Evangelho de João da liturgia deste XVIII Domingo
do Tempo Comum, ofereceu ao Santo Padre a ocasião para exortar-nos a buscar uma
relação com Deus que “vá além das lógicas do interesse e do cálculo”, ou seja,
a ter com Ele uma relação de amor.
Dirigindo-se
aos fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro a uma temperatura de 34ºC,
Francisco comenta que as pessoas que haviam testemunhado a multiplicação dos
pães não haviam compreendido o significado do gesto, “se restringiram ao
milagre externo e ao pão material.”
Neste
sentido, o Papa propõe a primeira pergunta que poderíamos fazer a nós mesmos:
“Por que buscamos o Senhor? Por que eu busco o Senhor? Quais são as motivações
da minha fé, da nossa fé?”:
“Temos necessidade de
discernir isso, porque entre as tantas tentações que temos na vida, entre as
tantas tentações há uma que poderíamos chamar de tentação idolátrica. É aquela
que nos leva a buscar a Deus para nosso próprio uso e consumo, para resolver os
problemas, para obter, graças a Ele, o que não conseguimos obter sozinhos, por
interesse.”
Amor
verdadeiro é desinteressado e gratuito
Mas assim
– observou o Papa - a fé permanece superficial e miraculosa: “buscamos a Deus
para matar nossa fome e depois quando estamos satisfeitos nos esquecemos dele”:
“No centro desta fé imatura
não existe Deus, estão as nossas necessidades. Penso nos nossos
interesses, tantas coisas...É justo apresentar ao coração de Deus as nossas
necessidades, mas o Senhor, que age bem além das nossas expectativas, deseja
viver conosco sobretudo uma relação de amor. E o amor verdadeiro é
desinteressado, é gratuito: não se ama para receber um favor em troca. Isso é
interesse, e tantas vezes na vida nós somos interesseiros!”
Passar
de uma fé mágica para uma fé que agrada a Deus
Vem então
um segundo questionamento: "Mas, como fazer para purificar a nossa busca
por Deus? Como passar de uma fé mágica, que só pensa nas próprias necessidades,
para uma fé que agrada a Deus?”. E é o próprio Jesus que responde, afirmando
que “a obra de Deus é acolher Aquele que o Pai enviou, ou seja, Ele mesmo,
Jesus”:
“Não é acrescentar práticas
religiosas ou observar especiais preceitos; é acolher Jesus, é acolhê-Lo na
vida, é viver uma história de amor com Ele. Será Ele quem purificará a nossa
fé. Sozinhos, não somos capazes. Mas o Senhor deseja uma relação de amor
conosco: antes das coisas que recebemos e fazemos, existe Ele a ser amado.
Existe uma relação com Ele que vai além das lógicas do interesse e do cálculo.”
A
partir da amizade com Jesus, aprender a amar-nos uns aos outros
E isso –
disse Francisco - vale não só em relação a Deus, mas também nas nossas relações
humanas e sociais:
“[ Quando buscamos sobretudo
a satisfação das nossas necessidades, corremos o risco de usar as pessoas e de
instrumentalizar as situações para os nossos objetivos. Quantas vezes
ouvimos sobre uma pessoa: 'Mas ele usa as pessoas e depois se esquece'. Usar as
pessoas em proveito próprio, é feio isso! E uma sociedade que coloca no centro
os interesses em vez das pessoas, é uma sociedade que não gera vida. O convite
do Evangelho é este: em vez de nos preocuparmos apenas com o pão material que
nos alimenta, acolhamos Jesus como o pão da vida e, a partir da amizade com
Ele, aprendamos a amar-nos uns aos outros. Com gratuidade e sem cálculos.
Amor gratuito e sem cálculos, sem usar as pessoas, com gratuidade, com
generosidade, com magnanimidade.]”
Rezemos
agora à Virgem Santa - disse o Santo Padre ao concluir - Aquela que viveu a
mais bela história de amor com Deus, para que nos conceda a graça de nos
abrirmos ao encontro com o seu Filho.
Fonte: Vatican News
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