"A
renovação da vossa visão só pode partir deste novo olhar com o qual contemplar
o irmão pobre e marginalizado, sinal, quase sacramento da presença de Deus.
Deste olhar renovado, desta experiência concreta de encontro com o próximo e
com as suas feridas, pode nascer uma renovada energia para olhar para o futuro
como irmãos e como menores, como vocês são, segundo o belo nome de "frades
menores", que São Francisco escolheu para si e para vocês."
Vatican News
“Vocês
têm uma herança espiritual de riqueza inestimável, enraizada na vida evangélica
e caracterizada pela oração, a fraternidade, a pobreza, a minoridade e a
itinerância. Não se esqueçam que receberam um olhar renovado, capaz de nos
abrir ao futuro de Deus, da proximidade com os pobres, as vítimas da escravidão
moderna, os refugiados e os excluídos deste mundo. Eles são seus mestres.
Abracem-os como São Francisco!”
Essa foi a exortação do Papa Francisco na mensagem
enviada aos participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores que
elegeu o novo Ministro Geral, P. Massimo Giovanni Fusarelli, que sucede ao P.
Michael A. Perry, ambos saudados pelo Santo Padre no início da mensagem.
O Papa começa recordando que esta experiência
crítica que temos vivido devido à pandemia nos estimula, por um lado, “a reconhecer
o quanto a nossa vida terrena é um caminho a percorrer como peregrinos e
forasteiros, homens e mulheres itinerantes, dispostos a livrar-se das coisas e
pretensões pessoais”. Por outro lado, “é uma ocasião propícia para intensificar
a relação com Cristo e com os irmãos: penso nas vossas comunidades – disse
Francisco - chamadas a ser humilde presença profética no meio do povo de Deus e
testemunho para todos de fraternidade e de uma vida simples e alegre.”
Celebrar o Capítulo Geral neste tempo difícil e
complexo “já é motivo de louvor e de agradecimento a Deus”, disse o Pontífice,
que se inspirando no versículo de Efésios que guia o Capítulo -
"Levanta-te ... e Cristo te iluminará" – dirige-se aos Frades Menores
dizendo ser esta “uma palavra de ressurreição, que os enraíza na dinâmica
pascal, porque não há renovação e não há futuro senão em Cristo ressuscitado”.
Neste sentido, agradecidos, os frades devem estar abertos “para acolher os
sinais da presença e ação de Deus e redescobrir o dom do seu carisma e da sua
identidade fraterna e minoritária.”
Fazendo menção ao Testamento de São Francisco, onde
conta que o princípio da própria conversão foi o encontro com os leprosos”, o
Papa disse que na raiz da espiritualidade dos franciscanos “está este encontro
com os últimos e com os sofredores, no sinal de ‘fazer misericórdia’”:
“Deus
tocou o coração de Francisco pela misericórdia oferecida ao irmão e continua a
tocar nosso coração pelo encontro com os outros, especialmente com os mais
necessitados. A renovação da vossa visão só pode partir deste novo olhar com o
qual contemplar o irmão pobre e marginalizado, sinal, quase sacramento da
presença de Deus. Deste olhar renovado, desta experiência concreta de encontro
com o próximo e com as suas feridas, pode nascer uma renovada energia para
olhar para o futuro como irmãos e como menores, como vocês são, segundo o belo
nome de "frades menores", que São Francisco escolheu para si e para
vocês.”
A força renovadora de que os Frades Menores têm
necessidade “provém do Espírito de Deus” - enfatizou o Pontífice. “Aquele
Espírito que transformou a amargura do encontro de Francisco com os leprosos em
doçura de alma e de corpo, age ainda hoje para dar novo frescor e energia a
cada um de vocês, se vocês se deixarem provocar pelos últimos de nosso tempo”.
O Papa então encorajou os Frades Menores “a ir ao
encontro dos homens e mulheres que sofrem na alma e no corpo, para oferecer a
sua presença humilde e fraterna, sem grandes discursos, mas fazendo sentir a
sua proximidade de irmãos menores”:
“[Os
encorajo a ir em direção de uma criação ferida, nossa casa comum, que sofre de
uma exploração distorcida dos bens da terra para o enriquecimento de poucos,
enquanto se criam condições de miséria para muitos. A ir como homens de
diálogo, tentando construir pontes em vez de muros, oferecendo o dom da
fraternidade e da amizade social em um mundo que luta para encontrar a rota de
um projeto comum. A ir como homens de paz e reconciliação, convidando os que
semeiam o ódio, a divisão e a violência à conversão do coração e oferecendo às
vítimas a esperança que vem da verdade, da justiça e do perdão. Destes
encontros recebereis o impulso de viver o Evangelho cada vez mais plenamente,
segundo aquela palavra que é o vosso caminho: «A vida e a regra dos Frades
Menores é esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo» (
Regra 1, 1). ]”
E
diante dos desafios da queda numérica e do envelhecimento, “não permitam que a
ansiedade e o medo os impeçam de abrir seus corações e mentes para a renovação
e revitalização que o Espírito de Deus desperta em vocês e entre vocês”, disse
o Papa, concluindo com sua Bênção Apostólica.
Fonte: Vatican News
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