“Produzimos
comida suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada
dia. Isso ‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos
humanos básicos”, denuncia o Papa Francisco junto à Pré-Cúpula sobre os
sistemas alimentares da ONU na tarde desta segunda-feira (26). O Pontífice
recorda que é “dever de todos extirpar esta injustiça através de ações
concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais
ousadas”.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa
Francisco, através de uma mensagem, também participa da Pré-Cúpula sobre
sistemas alimentares da ONU que começou nesta segunda-feira
(26), em Roma, junto com representantes de mais de 110 governos do mundo, entre
eles, o Brasil. Até quarta-feira (28), as sessões – em
formato híbrido, presencial e virtual – preparam o maior evento global sobre o
tema agendado para setembro, na
De
segunda a quarta-feira, de 26 a 28 de julho, mais de 110 governos debatem a
transformação dos sistemas alimentares naquela que é intitulada a Pré-Cúpula da
ONU, em preparação ao maior evento global sobre o tema com ...
O
texto em espanhol do Pontífice foi lido pelo secretário para as Relações com os
Estados do Vaticano, dom Paul Richard Gallagher, e dirigido ao secretário geral
das Nações Unidas, António Guterres. Na mensagem, Francisco começa destacando
“como um dos nossos maiores desafios hoje é vencer a fome, a insegurança
alimentar e a desnutrição na era da Covid-19”, uma pandemia que projetou ainda
mais as injustiças, “minando a nossa unidade como família humana”, sobretudo os
pobres e a casa comum.
O
escândalo das vítimas da fome
É
necessária “uma mudança radical”, alerta o Pontífice, diante da exploração da
natureza com o uso irresponsável e o abuso dos bens:
“Produzimos comida
suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada dia. Isso
‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos humanos
básicos. Portanto, é um dever de todos extirpar esta injustiça através de ações
concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais
ousadas.”
Nessa
perspectiva, continua o Papa na mensagem, a “correta transformação dos sistemas
alimentares desempenha um papel importante” para fortalecer economias locais e
reduzir o desperdício alimentar, por exemplo. Para garantir “o direito
fundamental a um padrão de vida adequado” para alcançar a Fome Zero até 2030,
“não basta produzir alimentos”, comenta Francisco, mas é preciso “uma nova
mentalidade e uma nova abordagem integral e projetar sistemas alimentares que
protejam a Terra e mantenham a dignidade da pessoa humana no centro; que
garantam alimentos suficientes globalmente e promovam o trabalho digno em nível
local; e que alimentem o mundo de hoje, sem comprometer o futuro”.
O setor
rural deve ser valorizado
O Papa,
então, orienta para a recuperação do setor rural como ação fundamental na
pós-pandemia e para corrigir “as raízes do nosso sistema alimentar injusto”. O
Pontífice comenta sobre a importância dos “conhecimentos tradicionais” dos
agricultores que não devem ser negligenciados ou ignorados. Um reconhecimento
que “deve ser acompanhado de políticas e iniciativas que atendam plenamente às
necessidades das mulheres rurais, promovam o emprego de jovens e melhorem o
trabalho dos agricultores nas áreas mais pobres e mais remotas”. E o Papa
finaliza a mensagem:
“Ao longo deste encontro,
temos a responsabilidade de realizar o sonho de um mundo onde o pão, a água, os
remédios e o trabalho fluam em abundância e cheguem primeiro aos mais
necessitados. A Santa Sé e a Igreja Católica estarão a serviço desse nobre
objetivo, oferecendo a sua contribuição, unindo forças e vontades, ações e
sábias decisões.”
E um vídeo
especial intitulado “Comida para todos: um apelo moral”, com uma prévia lançada
nesta segunda-feira (26), mas que será exibido na sessão da Pré-Cúpula que o
Vaticano vai sediar nesta terça-feira (27), o Papa Francisco reforça a
preocupação com as vítimas da fome e da desnutrição no mundo. O Pontífice chama
a todos, novamente, para “mudar os estilos de vida, o uso dos recursos, os critérios
de produção até o consumo” para garantir sistemas alimentares sustentáveis.
“Quantas mães e quantos
pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte pão
suficiente para os próprios filhos!”
Fonte: Vatican News
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