“E COLOCAVAM AOS PÉS DOS APÓSTOLOS” – ÓBOLO DE SÃO PEDRO
Dom
José Antonio Aparecido Toisi Marques, Arcebispo de Fortaleza
Há
na Igreja Católica uma tradição que remonta aos inícios das comunidades
cristãs: a comunhão dos bens.
Vamos
ao livro dos Atos dos Apóstolos e, logo após o dom do Espírito Santo em
Pentecostes, quando se dá um perfil da comunidade que dele nasceu, a Igreja de
Cristo, encontramos a afirmação: “41 Naquele
dia, foram acrescentadas mais ou menos três mil pessoas. 42 Eles
eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna,
na fração do pão e nas orações. 43 Apossava-se de todos o
temor, e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais. 44 Todos
os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum; 45 vendiam
suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a
necessidade de cada um. 46 Perseverantes e bem unidos,
frequentavam diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a
refeição com alegria e simplicidade de coração. 47 Louvavam
a Deus e eram estimados por todo o povo. E, cada dia, o Senhor acrescentava a
seu número mais pessoas que eram salvas. “ (At 2).
A
esta passagem acrescenta-se outra: “32 A multidão
dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas
que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. 33 Com
grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e
sobre todos eles multiplicava-se a graça de Deus. 34 Entre
eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as
vendiam, traziam o dinheiro 35 e o depositavam aos pés dos
apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um. 36 Assim
fez José, que os apóstolos chamavam de Barnabé (que significa “filho da
consolação”). Era levita, natural de Chipre. 37 Ele
possuía um campo, vendeu-o e depositou o dinheiro aos pés dos apóstolos.” (At
4).
Assim
a comunidade dos discípulos de Jesus compreendeu o que significava aquele que o
Senhor tinha dado como SEU e NOVO MANDAMENTO: amarem-se uns aos outros como
Ele os tinha amado!
Em
situações de necessidade dos irmãos, os discípulos de Jesus, espontaneamente e
não coagidos, partilharam até de sua própria pobreza para socorrer os mais
necessitados e a isto se empenharam os apóstolos no recolher e distribuir o que
era com generosidade e alegria doado. Assim encontramos, por ocasião de uma
coleta para os irmãos perseguidos e carentes em Jerusalém, esta afirmação do
apóstolo São Paulo, que estimula comunidades a participarem:“ 8 Não é uma ordem que estou dando, mas, à
vista da solicitude extraordinária de outros, dou-vos ocasião de provardes a
sinceridade do vosso amor. 9 Certamente conheceis a
generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era, tornou-se pobre por
causa de vós, para que vos torneis ricos, por sua pobreza. 10 Eis
a minha opinião: convém participardes nesta obra, porquanto, desde o ano
passado, não somente tivestes a iniciativa de empreendê-la, mas também fostes
os primeiros a desejá-la. 11 Agora, pois, acabai de
realizá-la. Assim, aos vossos propósitos corresponderá a completa realização,
de acordo com os vossos recursos. 12 De fato, quando
existe a boa vontade, ela é bem aceita com aquilo que se tem; não se exige o
que não se tem. 13 Não se trata de vos pôr em aperto para
aliviar os outros. O que se deseja é que haja igualdade: 14 que,
nas atuais circunstâncias, a vossa fartura supra a penúria deles e, por outro
lado, o que eles têm em abundância complete o que acaso vos falte. Assim,
haverá igualdade, 15 como está escrito: “Quem recolheu
muito não teve de sobra, e quem recolheu pouco não teve falta”. (2Cor 8).
Assim
surgiu o chamado óbolo de São Pedro, que, por ocasião da celebração da
Solenidade do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo, as comunidades de toda a
Igreja enviam sua participação em uma COLETA DO ÓBOLO DE SÃO PEDRO, que é
entregue ao Santo Padre o Papa para socorrer os que mais são necessitados
quando se apresenta uma situação de extrema carência e necessidade em qualquer
parte do mundo.
Somos
todos convidados a participar desta coleta que expressa de modo extraordinário
o testemunho da comunhão de todos no Amor de Cristo.
Neste
ano, no Sábado e Domingo dias 3 e 4 de julho, Solenidade dos Apóstolos Pedro e
Paulo, as coletas de todas as comunidades serão destinadas ao Óbolo de São
Pedro. É chamado óbolo em referência ao fato narrado nos Evangelhos sobre o
“óbolo da viúva” (Lc 21, 1-4). O importante é participar de coração aberto às
necessidades da humanidade.
+ José Antonio
Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano
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