No dia 30
de junho de 1980, o Papa chegou ao Brasil e, durante 12 dias, percorreu
aproximadamente 14 mil quilômetros, visitando Brasília, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Vitória, Aparecida do Norte, Porto Alegre, Curitiba, Manaus,
Recife, Salvador, Belém, Teresina e Fortaleza.
Na Cidade
do Sol, Moysés Azevedo teve
a oportunidade de se encontrar com o Papa João Paulo II no dia 9 de julho, ao
acolher um convite do Dom Aloísio Lorsheider, para que desse um presente ao
Santo Padre em nome de toda juventude fortalezense. Mas o que poderia um jovem
de 20 anos dar de presente a um Papa? Em oração, Moysés notou claramente o que
seria: ofertaria a própria vida. Deste modo, o jovem escreveu uma carta em que
declarava a oferta pela juventude, dando de graça o que de graça ele sempre
recebia, que era a felicidade que é o próprio Cristo.
Ainda não
percebia, mas era ali que começava os traços do Carisma Shalom, nascida naquela
oferta de vida, pela Igreja, pelos jovens e por toda a humanidade, aos pés de
de Pedro. E que a cada dia se sustenta pela decisão de milhares de outras vidas
ofertadas nos projetos e obras de evangelização.
Comshalom: Há 41 anos, o Papa João Paulo II
esteve em Fortaleza. Quais as recordações que você tem dos dias que antecederam
essa visita, o clima na cidade, como estavam as ruas por onde ele passou?
Moysés
Azevedo: Todos
estávamos em uma grande expectativa! Era a primeira vez que um Papa visitava o
Brasil. Ainda mais: o objetivo da visita no Brasil era exatamente Fortaleza,
onde abriria o X Congresso Eucarístico Nacional. Todos estávamos em grande
expectativa, tanto do ponto de vista da cidade se preparando para receber o
Papa, do povo que, pela primeira vez, veria um Papa pessoalmente, pois naquele
período os papas anteriores pouco saíram da Europa, e da Igreja que com alegria
esperava a visita do seu Pastor, o Vigário de Cristo sobre a terra. O povo se
aglutinava nas ruas. Todos estavam profundamente entusiasmados para ver e ouvir
o Papa. Enfim, em uma palavra: alegria!
Comshalom: Qual era o sentimento que
você tinha no anseio dessa visita?
Eu, como
maior parte das pessoas da cidade, nunca tinha visto o Papa de perto. Ainda
mais aquele Papa! Um Papa polonês, que tinha vindo do leste europeu que naquele
tempo ainda estava sob a cortina de ferro do comunismo. Um homem que tinha
experimentado as consequências dolorosas das ideologias do nazismo e do
comunismo na sua própria pele. Alguém de imensa profundidade humana,
intelectual e espiritual. Um homem que por onde passava deixava uma experiência
tão impactante de Misericórdia e Paz. Que anunciava a Jesus Cristo e a sua
Misericórdia. Cristo sempre foi o centro da sua pregação. Não foi por acaso que
ele iniciou seu pontificado dizendo: “Não tenhais medo! Antes, procurai abrir,
melhor, escancarar as portas a Cristo!”
Comshalom: Quais as lembranças que o
senhor guarda do dia em que encontrou o papa? Você tinha que idade, como foi
que lhe escolheram para entregar a carta? O que tinha escrito nela? O que o
Papa lhe disse?
Eu tinha
20 anos. Fazia parte do movimento de jovens da Arquidiocese de Fortaleza. Dom
Aloísio Lorsheider então nos pediu para dar um presente ao Papa em nome de
todos os jovens da cidade. Eu fiquei feliz! Perguntei o que seria o presente. A
resposta de Dom Aloísio foi: você é que deve escolher o presente! De feliz
fiquei perplexo… O que um jovem de 20 anos pode dar de presente a um Papa?
Pus-me em oração e logo veio-me a inspiração. Estava claro! Nada mais e nada
menos do que própria vida! Assim escrevi uma carta onde ofertava minha vida e
minha juventude para dar de graça o que de graça eu recebi: a felicidade que é
Jesus Cristo! Evangelizar os jovens, especialmente os mais distantes de Cristo
e da Igreja.
O momento
foi simples e forte! Eu me ajoelhei diante do Papa e entreguei minha carta.
Tinha preparado umas palavras para dizer. Não consegui dizer nada! Lembro-me
dos olhos do Papa olhando para mim, traspassando o meu coração. Era como se ele
me dissesse: não se preocupe, não precisa dizer nada. Em nome de Cristo, acolho
a tua oferta! Ele me abraçou, tocou minha face e me abençoou! Posso dizer com convicção:
esse encontro mudou minha vida.
Comshalom: O que você acredita que
surgiu a partir desse encontro? Quais os desdobramentos daquele dia na sua
vida?
Sai dali
convicto que tinha recebido uma graça muito maior do que eu podia imaginar. Uma
graça que me transcendia completamente. O meu coração foi sendo invadido por
essa inquietação: como ir ao encontro dos jovens da minha idade, mais distantes
da Igreja, para comunicar Cristo que é a alegria e a felicidade da minha
juventude? Como fazer isso como o Papa propunha, com novos meios, novos
métodos, e novas formas de evangelizar?
Pouco a
pouco a oração foi desenhando no meu coração a forma de concretizar a oferta
que tinha feito diante de São João Paulo II. Uma ideia que parecia, ao primeiro
olhar, meio louca: uma lanchonete para evangelizar! Uma lanchonete igual a
qualquer outra que nos anos 80 os jovens tanto frequentavam, mas ao mesmo tempo
bem diferente. Os sanduíches e as pizzas com nomes bíblicos, um Evangelho em
cada mesa e nós mesmos éramos os garçons que acolhíamos os jovens e assim
terminávamos sempre os escutando em suas dores e alegrias.
Em meio
ao diálogo, tínhamos a oportunidade de dar o nosso testemunho de uma juventude
transformada por Cristo. Estas conversas, respeitando a liberdade de cada um,
muitas vezes terminavam na capela atrás da lanchonete, com o Santíssimo
Sacramento exposto, para um momento de oração e adoração. A partir desta
experiência com Deus, a vida de muitos jovens foi sendo transformada. Eles
chegavam para mim e diziam: eu também quero ofertar minha vida e minha
juventude como você fez diante do Papa! Assim, sem nenhum planejamento humano,
mas como um dom do Espírito Santo e sob a benção de São João Paulo II, nasceu
aquilo que hoje nós conhecemos como Comunidade Católica Shalom!
Fruto do encontro com São João Paulo II
Hoje, a
Comunidade Católica Shalom, uma Associação Internacional de Fiéis de Direito
Pontifício, é composta por milhares de jovens, famílias, sacerdotes,
celibatários, todos missionários espalhados em mais de 30 países do mundo
evangelizando os Jovens, os Pobres, as Famílias, enfim o homem e a mulher do
nosso tempo que mais do que nunca tem fome e sede da felicidade que para nós é
uma pessoa: Jesus Cristo! Com São Joao Paulo II dizemos: “Abri, escancarai as
portas a Cristo!”.
Hoje nos
preparamos para celebrar os 39 anos da Comunidade Católica Shalom ,
e você pode nos ajudar sendo um Benfeitor da Paz.
Seja um Benfeitor
Site: comshalom.org/shalom39anos
Chave
PIX: doe@comshalom.org
Contato: 0800 602 2829
Fonte:
Site da Comunidade Shalom
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