Durante o encontro com os participantes da 94ª Assembleia Plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco), Francisco sublinhou que não obstante a pandemia, o fato de se reunir em presença dá confiança e ajuda no trabalho do organismo.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O
Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (24/06), no Vaticano,
os participantes da 94ª Assembleia Plenária da Reunião das Obras de
Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco), na conclusão dos trabalhos
do organismo realizados presencialmente na Casa Bonus Pastor, em Roma.
"O fato de se reunir em
presença dá confiança e ajuda no seu trabalho", disse o Papa, recordando
que "no ano passado só foi possível se conectar à distância para refletir
juntos, mas sabemos que não é a mesma coisa", disse ele, ressaltando que
"precisamos nos encontrar, fazer dialogar melhor as palavras e os
pensamentos, para acolher as perguntas e o grito que vêm de tantas partes do
mundo, especialmente das Igrejas e dos países para os quais vocês realizam seu
trabalho".
Compromisso com o Líbano
"Eu mesmo sou testemunha disso, pois foi nesse mesmo
contexto, em 2019, que anunciei minha intenção de ir ao Iraque,
e graças a Deus, alguns meses atrás, pude realizar esse desejo. Fiquei feliz de
inserir, entre as pessoas da comitiva, um representante da Roaco,
como sinal de gratidão pelo que vocês fizeram e farão", sublinhou. A
seguir, acrescentou:
Apesar
da pandemia, vocês tiveram reuniões extraordinárias durante este ano, tanto
para abordar a situação na Eritréia quanto para acompanhar a situação no
Líbano, depois da terrível explosão no porto de Beirute em 4 de agosto passado.
A este propósito, agradeço-lhes pelo compromisso de apoiar o Líbano nesta grave
crise; e peço-lhes para rezar e convidar a fazê-lo para o encontro que teremos
em 1° de julho, junto com os Chefes das Igrejas Cristãs do país, para que o
Espírito Santo nos guie e nos ilumine.
A seguir, o Papa agradeceu a todas as pessoas
que sustentam os projetos da Roaco e
que os tornam possíveis. "Muitas vezes são simples fiéis, famílias,
paróquias e voluntários que sabem que são "todos irmãos" e dedicam um
pouco de seu tempo e de seus recursos àquelas realidades que vocês
cuidam", acrescentou.
O grito que vem da Síria
Falando sobre a Coleta em prol da Terra Santa, o Papa sublinhou
que, em 2020, foi arrecadado a metade dos recursos em relação aos anos
passados.
"Certamente os longos meses em que as pessoas não puderam
se reunir nas igrejas para as celebrações, mas também a crise econômica gerada
pela pandemia, pesaram muito. Se por um lado isso nos faz bem, porque nos
impele a uma essencialidade maior, todavia não pode nos deixar indiferentes, pensando
também nas ruas desertas de Jerusalém, sem peregrinos que vão ali para se
regenerarem na fé, mas também para expressar solidariedade concreta com as
Igrejas e as populações locais. Renovo o meu apelo a todos para que redescubram
a importância desta caridade."
O Papa recordou que o encontro da Roaco também se deteve
em diferentes contextos geográficos e eclesiais. "Primeiramente, a própria Terra
Santa, com Israel e Palestina, povos para os quais sonhamos que no céu
se estenda o arco da paz, dado por Deus a Noé como sinal da aliança entre o céu
e a terra e da paz entre os homens. Muitas vezes, porém, mesmo recentemente,
esses céus são sulcados por bombas que causam destruição, morte e medo! "
A seguir, disse:
O
grito que vem da Síria está sempre presente no coração de Deus, mas parece
incapaz de tocar o dos homens que têm nas mãos o destino dos povos. Resta o
escândalo de dez anos de conflito, milhões de deslocados internos e externos,
as vítimas, a necessidade de uma reconstrução que ainda permanece refém da
lógica partidária e da falta de decisões corajosas para o bem daquela nação
martirizada.
A seguir, o Papa falou sobre a situação eclesial no Líbano,
Iraque, Etiópia, Armênia e Geórgia. O estilo da Roaco "é
precioso, porque ajuda os Pastores e os fiéis a se concentrarem no essencial,
ou seja, no que é necessário para o anúncio do Evangelho, mostrando juntos o
rosto da Igreja, que é Mãe, com particular atenção aos pequenos e aos pobres. Às
vezes é necessário reconstruir edifícios e catedrais, inclusive
aqueles destruídos pela guerra, mas antes de tudo é preciso ter
no coração as pedras vivas que estão feridas e dispersas", sublinhou.
Acompanho
com apreensão a situação que se criou com o conflito na região de Tigray, na
Etiópia, sabendo que o seu âmbito também abrange a vizinha Eritréia. Além das
diferenças religiosas e confessionais, percebemos o quão essencial é a mensagem
da Fratelli tutti, quando as diferenças entre etnias e as consequentes lutas
pelo poder são erguidas num sistema.
Por fim, o Papa recordou que no final de sua Viagem
Apostólica à Armênia, em 2016, ele e o Catholicos Karekin II soltaram
"pombas no céu, como sinal e desejo de paz em toda a região do Cáucaso.
Infelizmente, ela foi ferida mais uma vez nos últimos meses", disse o
Papa, agradecendo à Roaco por
"sua atenção à realidade da Geórgia e da Armênia, para que a comunidade
católica continue sendo sinal e fermento de vida evangélica".
Fonte:
Vatican News
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