“O
que nasce da oração e não da presunção do nosso ego, o que é purificado pela
humildade, mesmo que seja um ato de amor isolado e silencioso, é o maior
milagre que um cristão pode realizar", disse o Papa Francisco ao falar da
"oração de contemplação", tema de sua catequese.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Contemplar e rezar: este foi o tema da catequese do
Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada ainda sem a
presença de fiéis, portanto na Biblioteca do Palácio Apostólico.
Se
na semana passada o Pontífice falou sobre a meditação, prosseguindo seu ciclo
sobre a oração, hoje falou sobre a contemplação.
A dimensão contemplativa do ser humano, afirmou, é um pouco como
o “sal” da vida: dá sabor, dá gosto aos nossos dias. Podemos contemplar o
nascer do sol, a primavera que desabrocha ou uma obra de arte. Antes de mais,
contemplar não é um modo de fazer, mas um modo de ser.
Ser
contemplativo, prosseguiu o Papa, não depende dos olhos, mas do coração. “E
nisto entra em jogo a oração, como um ato de fé e amor, como 'respiro' da nossa
relação com Deus.”
“Eu
olho para Ele e Ele olha para mim”
Francisco
citou o Santo Cura d'Ars, que afirmava que a contemplação é
o olhar da fé, fixado em Jesus. “Eu olho para Ele e Ele olha para
mim” – dizia. “Tudo nasce disto: de um coração que se sente visto com amor.
Então a realidade é contemplada com olhos diferentes.”
Jesus
era um mestre deste olhar e o seu segredo era a relação com o Pai. Como
exemplo, o Santo Padre propôs o evento da Transfiguração. “Precisamente no
momento em que Jesus é mal compreendido, então resplandece uma luz divina. É a
luz do amor do Pai, que enche o coração do Filho e transfigura toda a sua
Pessoa.”
Contemplação,
explica ainda o Papa, não é o oposto da ação e não é correto fazer esta
contraposição. “Este é certamente um dualismo que não pertence à mensagem
cristã. No Evangelho, há apenas uma grande chamada, que é seguir Jesus no
caminho do amor.
“Este é o
ápice e o centro de tudo. Neste sentido, caridade e contemplação são sinônimos,
dizem a mesma coisa.”
A última
menção do Papa foi a São João da Cruz, que afirmava que um pequeno ato de amor
puro é mais útil para a Igreja do que todas as outras obras juntas.
“O que nasce da oração e não
da presunção do nosso ego, o que é purificado pela humildade, mesmo que seja um
ato de amor isolado e silencioso, é o maior milagre que um cristão pode
realizar. Este é o caminho da oração de contemplação: eu olho para Ele e Ele
olha para mim. E ali está o ato de amor no diálogo silencioso com Jesus que faz
tanto bem à Igreja.”
Fonte: Vatican News
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