Francisco envia uma videomensagem para o "Vax Live - The Concert To Reunite the World", evento em Los Angeles que viu o mundo do espetáculo e das instituições apoiar a distribuição justa das vacinas contra a Covid: inclusão a fim de vencer "a variante da indiferença".
Alessandro De Carolis/Mariangela Jaguraba - Vatican
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É
o tema do momento para a política que deve se confrontar com a economia e os
interesses. É o tema de sempre de Francisco que olha constantemente para os
seres humanos, especialmente se interessam a poucos. Los Angeles se ilumina
para um show no YouTube que quer ter a força de um movimento de opinião capaz
de mudar o equilíbrio na gestão da campanha global contra a Covid nos países
pobres. O Papa se une às vozes das estrelas da música e do cinema e outros
apoiadores de primeiro nível, desde o presidente dos EUA, Biden, à presidente
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao primeiro-ministro italiano,
Mario Draghi, no papel de presidente do G20.
Curar na raiz
O início
da videomensagem de Francisco tem um toque de humor pessoal: "Recebam uma
saudação cordial deste idoso, que não dança nem canta como vocês", e
continua com a eficácia de um magistério que, como sempre, abraça o planeta até
seus recantos abandonados: "A injustiça e o mal não são invencíveis (...).
Peço-lhes que não se esqueçam dos mais vulneráveis".
Diante de tanta
escuridão e incerteza, precisamos de luz e esperança. Precisamos de caminhos de
cura e salvação. Refiro-me a uma cura na raiz, que cura a causa do mal e não se
limita apenas aos sintomas. Nessas raízes doentes encontramos o vírus do
individualismo, que não nos torna mais livres ou mais iguais, nem mais irmãos,
mas nos transforma em pessoas que são indiferentes ao sofrimento dos outros.
O
mercado que esmaga a saúde
Numa
contingência pandêmica na qual as "variantes" são temidas, o Papa
identifica outro tipo. Uma "variante deste vírus", diz ele, "é o
nacionalismo fechado, que impede, por exemplo, um internacionalismo das
vacinas". Mas não é a única.
Outra variante é
quando colocamos as leis do mercado ou da propriedade intelectual acima das
leis do amor e da saúde da humanidade. Outra variante é quando acreditamos e
fomentamos uma economia doente que permite que algumas pessoas muito ricas
possuam mais do que todo o resto da humanidade, e que modelos de produção e
consumo destruam o planeta, nossa "casa comum".
A
justiça também é uma vacina para os pobres
"Estas
coisas", prossegue Francisco, "estão interligadas. Toda injustiça
social, toda marginalização de alguém na pobreza ou na miséria também afeta o
meio ambiente". As Encíclicas Laudato si' e Fratelli
tutti fazem igualmente referência a diversas considerações, que desta
vez apontam diretamente ao pedido em torno do qual gira o evento californiano.
Natureza e pessoa
estão unidas. Deus Criador infunde em nossos corações um espírito novo e
generoso para abandonar os nossos individualismos e promover o bem comum: um
espírito de justiça que nos mobiliza a garantir o acesso universal às vacinas e
a suspensão temporária dos direitos de propriedade intelectual; um espírito de
comunhão que nos permite gerar um modelo econômico diferente, mais inclusivo,
justo e sustentável.
A oração
final do Papa é a Deus "para que nos conceda o dom de uma nova
fraternidade, de uma solidariedade universal e para que possamos reconhecer o
bem e a beleza que Ele semeou em cada um de nós, para fortalecer laços de
unidade, de projetos comuns e de esperanças compartilhadas".
Fonte: Vatican News
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