O padre Gilberto Maria Defina / Foto:
Comissão de Beatificação e Canonização
REDAÇÃO CENTRAL, 23 abr. 21 / 10:00
am (ACI).- Mais um brasileiro começa o caminho
rumo aos altares, depois que, em 13 de janeiro, a Congregação para as Causas
dos Santos concedeu o Nihil Obstat para o processo de
beatificação de Padre Gilberto Maria Defina, sjs, fundador da Fraternidade
Jesus Salvador.
Em 2019, quinze anos após o
falecimento de Padre Gilberto, o bispo de Santo Amaro, Dom José Negri,
autorizou a abertura da fase preliminar do processo e, em 2020, a presidência
do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) também deu parecer positivo à abertura do processo
Agora, com o Nihil Obstat concedido
pela Santa Sé, o fundador dos Salvistas passa a ser considerado Servo de Deus e
será instaurado um tribunal diocesano que investigará a vida do
sacerdote.
A abertura deste processo responde a
um desejo que há “alguns anos a comunidade em geral tinha”. Em entrevista
à ACI Digital,
Frater Pedro Josemaria, membro da Comissão de Beatificação e Canonização de
Padre Gilberto, sublinhou que o fundador dos salvistas “já em vida gozava de
fama de santidade”.
“Era um homem profundamente
espiritual e de grandes virtudes”, declarou, ao ressaltar que quando o
sacerdote morreu, para os irmãos e irmãs da fraternidade “era certa” a
santidade dele.
Segundo Frater Pedro, “as pessoas que
conviveram mais tempo com ele o definiam com uma expressão: o padre era amor”
e, em sua vida, “buscava essa identificação profunda com Jesus”.
O membro da Comissão assinalou que
receberam “relatos de muitas curas milagrosas antes e após” a morte de Padre
Gilberto. “Estes sinais nos mostram que Deus agia nele e através dele”,
completou.
Desse modo, indicou que, para a
fraternidade, receber o Nihil Obstat “representa uma alegria
enorme”. O reconhecimento da santidade de padre Gilberto dá aos “salvistas a
segurança de um caminho certo aberto por ele até o céu”, pontuou. “Imitando a
sua fé e amor, nós, seus filhos e filhas, almejamos continuar sua obra e sermos
santos como ele”.
O próximo passo nesse processo será
no dia 22 de maio, véspera de Pentecostes, quando será celebrada Missa em ação de graças pela concessão
do Nihil Obstat, às 15h, no Santuário Mãe de Deus, em São Paulo,
presidida pelo bispo de Santo Amaro, Dom José Negri.
Já no dia 30 de outubro, o bispo de
Santo Amaro também presidirá Missa de abertura do processo de beatificação e
canonização do Servo de Deus Padre Gilberto Maria Defina, com a instalação do
Tribunal Diocesano, também no Santuário Mãe de Deus, às 15h. Neste mesmo dia,
ocorrerá o translado dos restos mortais de Padre Gilberto para a capela no
Seminário Nossa Senhora de Pentecostes.
Além disso, já está montada a
comissão histórica que está estudando e fazendo o levantamento da vida e obra
do padre Gilberto e está sendo montada a lista de testemunhas sobre as virtudes
e sinais de santidade do sacerdote. “Temos um trabalho árduo, mas gratificante,
pois sabemos que Deus derramará muitas bênçãos na vida de muitas pessoas que
têm e terão devoção pelo padre”, completou frater Pedro Josemaria.
Biografia:
Padre Gilberto Maria Defina nasceu em
2 de agosto de 1925, em Ribeirão Preto (SP), filho dos imigrantes italianos
Raffaele Defina e Maria Rosa Buonabotta. Foi criado em um lar católico e
cresceu ajudando na igreja.
Em 1938, ingressou no Seminário Menor
dos Claretianos, onde passou cinco anos de profunda formação humana e
religiosa. Nesse período, teve uma experiência mística: enquanto rezava a
oração do Ângelus na capela, Nosso Senhor lhe deu a graça de ver sua alma
manchada pelo pecado. Foi quando recordou todos os seus pecados e sentiu
profundamente um terrível sentimento da morte causada por eles. Desse dia em
diante, lutou mais intensamente contra os pecados mortais. Já na idade adulta,
fez um voto pessoal a Deus, comprometendo-se a não mais pecar mortalmente, a
evitar a todo custo os pecados veniais e foi fiel a este voto até a sua morte.
Em 1942, ingressou no Seminário
Diocesano, completou o ensino médio na cidade de Campinas e depois passou para
o Seminário Maior na cidade de São Paulo. Foi ordenado sacerdote aos 25 anos,
em 3 de dezembro de 1950, em Ribeirão Preto. Desempenhou seu ministério
presbiteral com diligência, dedicando-se especialmente ao sacramento da
confissão, bem como à direção espiritual.
Ao ser instalado o Cabido
Metropolitano de Ribeirão Preto, foi designado Cônego da Catedral. A pedido do
Arcebispo, assumiu em 1967 a tarefa de Assistente Espiritual da Comunidade de
Seminaristas da Província Eclesiástica da Arquidiocese de Ribeirão Preto,
apesar de nessa época já estar residindo na cidade de São Paulo.
Nesse mesmo período, fundou na
capital paulista, com outros colegas sacerdotes, as Faculdades Associadas
Ipiranga (FAI), onde exerceu por vários anos a função de Diretor. Em 1991 o
padre Gilberto foi recebido no clero da Arquidiocese de São Paulo.
Por volta da segunda metade da década
de 1980, através de seu amigo de infância e de seminário, Dom Davi Picão, bispo
de Santos, tomou conhecimento do Movimento da Renovação Carismática Católica.
Passou a participar de Grupo de Oração e tornou-se, como ele dizia, “um
carismático”.
Foi um conceituado e procurado
diretor espiritual que tinha a agenda lotada de atendimentos, de modo que
muitas pessoas esperavam meses para conseguir um horário com ele. Possuía o dom
da ciência, que o permitia muitas vezes enxergar a alma das pessoas com suas
necessidades, pecados e feridas. Exerceu seu pastoreio sempre com muita
misericórdia.
Vários seminaristas, que tiveram a
experiência da Renovação Carismática e estudavam na FAI, na Pontifícia
Universidade Católica (PUC) e em outras faculdades, acabaram procurando-o para
aconselhamento.
Assim, aos poucos Deus foi
confirmando no coração do sacerdote a Sua vontade de estabelecer na Igreja uma
Congregação Religiosa, especialmente voltada para os membros da Renovação
Carismática.
De 1992 a 1993, padre Gilberto, com
68 anos de idade, decidiu fundar o primeiro seminário carismático do mundo.
Reuniu um grupo de leigos para ajudá-lo e, em busca de um local para a
fundação, foi ao encontro de Dom Fernando Antônio Figueiredo, bispo de Santo
Amaro (SP), que prontamente o apoiou e lhe deu permissão para fundar a
Fraternidade Jesus Salvador, os Salvistas. Esta Fraternidade seria composta por
padres, religiosos, religiosas e leigos, provenientes da Renovação Carismática
Católica.
No dia 17 de setembro de 1994, padre
Gilberto professou os votos perpétuos e fundou o Seminário e o Convento Nossa
Senhora de Pentecostes, dos Institutos Missionários Servos e Servas de Jesus
Salvador, que hoje contam com suas Constituições aprovadas pela Santa Sé.
Durante sua vida, Padre Gilberto
enfrentou graves enfermidades e era nos momentos de sofrimento que sua fé
crescia e se fortalecia. Entre os anos 1970 e 1980, teve câncer no sistema
linfático e depois a síndrome de Guillain-Barré, uma doença que paralisa os
músculos, atacando a camada dos nervos que lhes transmitem as informações do
cérebro.
Com o diagnóstico dessa doença, foi
desenganado pelos médicos e enviado para casa. Entretanto, no dia de São João
Maria Vianney, mesmo com muito sofrimento, celebrou a Missa e foi agraciado com
uma cura milagrosa.
Em 2002, diante de suas limitações
físicas, renunciou ao cargo de superior geral de seus Institutos e convocou o
primeiro capítulo geral para eleger os novos priores gerais e para aprovar a
última constituição dirigida por ele.
Nos últimos anos de sua vida, também
enfrentou muito sofrimento, pois as suas enfermidades devastavam seu corpo.
Foram anos de dor e amor e tudo ele oferecia pelo bem de seus filhos e filhas,
nunca murmurando ou reclamando. Morreu em 5 de dezembro de 2004, em São Paulo.
Quem tiver testemunhos e relatos
sobre o padre Gilberto Maria Defina para compartilhar com a comissão do
processo de beatificação, pode enviar para o e-mail:
causapadregilberto@gmail.com.
Fonte: ACI Digital
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